6.000 BOOTS ON THE GROUND
Um óbvio problema de
comunicação.
in “The Denver Post” em http://blogs.denverpost.com/opinion-cartoons/2014/09/19/cartoons-day-boots-ground-iraq-syria/43804/
Em 2011,
Barack Obama decidiu terminar a presença militar dos Estados Unidos no Iraque.
Fê-lo contra as recomendações das chefias militares, fê-lo proclamando o fim da
Guerra do Iraque e fê-lo ridiculamente porque a Guerra acabara há muito.
O que
realmente importava para Obama era terminar as guerras (mesmo as que já tinham
terminado) e retirar todas as tropas colocadas no Médio Oriente e na Ásia
Central e do Sul. Não por considerações de ordem geopolítica, mas apenas por se
considerar um profeta iluminado que traria a paz à Terra.
As
consequências foram arrasadoras: o Iraque tornou-se cada vez mais dependente do
Irão que se tornou no Estado tutelar do Iraque; o Primeiro-Ministro Maliki
acentuou o carácter autoritário e sectário da sua governação, alienando e
perseguindo a comunidade sunita, o que facilitou o ressuscitar da Al Qaeda do
Iraque, depois transformada em Estado Islâmico do Iraque e Síria (ISIS) e,
finalmente, no Estado Islâmico (IS).
Outro problema de
comunicação.
in “Indy Star” em http://www.indystar.com/story/opinion/cartoons/2014/08/15/cartoonist-gary-varvel-boots-ground-iraq/14099069/
Ironia do
destino, a expansão imparável do IS no Iraque e na Síria levou Obama a encetar
uma campanha aérea no Iraque, pouco depois alargada à Síria e que teve efeitos relativamente
limitados. Obama tentou sempre defender o seu legado de retirada das tropas norte-americanas do Iraque,
agarrando-se ao lema “no boots on the
ground” (não haverá soldados no terreno).
No entanto, “no
boots on the ground” é um enorme logro. Nos últimos dias, o Pentágono requereu
autorização para enviar mais 500 soldados para o Iraque. Caso o pedido seja
deferido, o número de militares norte-americanos no Iraque ultrapassará os
6.000. A estes, somam-se pelo menos 300 na Síria.
Problema solucionado.
Resumindo, a Guerra
acabara e uma nova começou; as tropas americanas retiraram e vão voltando em
números crescentes; a saída militar dos EUA do Médio Oriente durou apenas 3
anos; o Médio Oriente está em muito pior estado; e o salvífico Obama lá está
atolado no Médio Oriente, fruto da arrogância e da ignorância, mistura
explosiva, como se sabe. 6.000 boots on the ground! And counting.
P.S. É claro que Obama mantém
uma cortina de fumo sobre o assunto e todas as tropas estão em missão de treino
e de aconselhamento. O ex-Secretário de Estado da Defesa, Robert Gates, que não
tem nada a disfarçar, declarou que “[US
troops] are in combat and these semantic backflips to avoid using the term
‘combat’ is a disservice to those who are out there putting their lives on the
line.” Nem mais.
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