31 maio, 2015

Palmira e Ramadi


PALMIRA E RAMADI

 

Palmira: há 2000 anos no Império Romano; até há poucos dias na Síria; hoje no Estado Islâmico…

 
Nas últimas semanas, o Estado Islâmico registou mais duas vitórias retumbantes: conquistou a histórica cidade de Palmira, na Síria e a capital da província de Anbar, Ramadi, no Iraque.

 
Estes êxitos não significam que o Estado Islâmico esteja na crista da onda e em vias de triunfar nas duas frentes da sua guerra. Significam, porém, que as notícias sobre a sua morte a curto prazo eram manifestamente prematuras.

 
Nos últimos meses fomos lendo a habitual sucessão de relatos animadores: os ataque aéreos destruiram poços de petróleo, tanques, infra-estruturas, e mataram n militantes do Estado Islâmico. Frequentemente os relatos são de uma precisão curiosa: destruição de 2 pickups, um depósito de armas, três unidades logísticas, um tanque e 17 militantes mortos. Por sua vez, as notícias sobre as ofensivas do Exército Iraquiano relatavam a morte de x guerreiros do Estado Islâmico em Anbar, mais y em Ninive e ainda z em Sulahidin. Desconfio sempre de relatos de guerra quando registam sucessivas perdas e baixas apenas de uma das partes e não se percebe no terreno uma correspondência desses desequilíbrios.

 
O que se percebe é que o Exército e as forças de segurança do Iraque voltaram a falhar miseravelmente, sendo que Ramadi, além das tropas regulares, também estava defendida pela unidade de elite (?) Golden Division.

 
Também se percebe que os EUA, ou não sabem o que se passa no terreno, o que não é impossível dado que em 75% das saídas da aviação americana os aviões regressam às bases sem disparar um míssil e sem largar uma bomba por falta de alvos, ou têm andado a pintar uma imagem da guerra que é uma miragem.

 
Finalmente percebe-se, de facto já há um ano, que o Governo do Iraque é pouco mais do que um boneco. Lançou uma ofensiva sobre Tikrit que se baseou no poder das milícias xiitas. Mesmo assim, precisou do apoio aéreo dos EUA para desbloquear o impasse no cerco à cidade. O Primeiro-Ministro Haider Al Abadi ainda participou numa parada vitoriosa em Tikrit, mas agora já teve de chamar as famigeradas milícias xiitas para tentar recuperar Ramadi.

 
Abadi precisa das milícias xiitas, precisa do Irão (de quem a maioria das milícias depende) e precisa do apoio aéreo, do treino e do armamento dos EUA. Só não parece precisar do Exército Iraquiano. Porém, em Tikrit as milícias não foram suficientes e em Ramadi a USAF não conseguiu impedir o êxito do Estado Islâmico. É cada vez mais questionável a viabilidade do Iraque nos moldes actuais.

 
O Estado Islâmico, que tem estado indubitavelmente sob pressão chega a meados de 2015 numa posição favorável:

 
* Na Síria, a conquista de uma cidade de média dimensão como Palmira, dá-lhe prestígio e o controlo do deserto central sírio e das respectivas vias de comunicação.

 
* No Iraque, a conquista de Ramadi mudou a narrativa de declínio irreversível e desferiu um duro golpe na moral dos adversários, ao jeito de Mosul, Parte II.

 
* Entre o Iraque e a Síria, a conquista de Al-Tanf, o último posto fronteiriço que não estava na sua posse, conferiu ao Estado Islâmico o completo controlo da fronteira sírio-iraquiana, a zona de costura entre as duas partes do Califado.

 
É hoje quase certo que em 2016 ainda haverá Estado Islâmico, o Califado do século XXI.

 

 


 

27 maio, 2015

Bicampeões

BICAMPEÕES!!!



Benfica Bicampeão Nacional! Está conquistado o 34º título de Campeão, mais um numa longa senda iniciada em 1935/36!

 A coreografia no Estádio da Luz: a Taça de Campeão e o 34 desenhado na bancada.


Só cá em casa foram 4 os Campeões:


Um Pai, 3 Filhos, 4 Sócios do SLB.


Estive presente nas duas últimas etapas da longa caminhada de 34 jornadas:


Na 33ª jornada em Guimarães, no Estádio D. Afonso Henriques, onde o Benfica selou o título.





Na 34ª jornada em Lisboa, no Estádio da Luz, onde o Benfica festejou o título.




Depois da vitória sobre o Marítimo (4-1), a festa do 34º e a entrega da Taça de Campeão Nacional.

BENFICA!!! BENFICA!!! BENFICA!!!




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23 maio, 2015

Erros da Grécia


ERROS DA GRÉCIA

 
Squeeze, squeeze till the end…..

in “The Washington Post” at www.washingtonpost.com/

 
Desde o início da crise que a Grécia cometeu vários erros graves na sua estratégia (?) negocial com a troika, erros esses, diga-se, comuns a outros países como Portugal.

 
O mais grave foi conformar-se com a ideia que o devedor falido está desprovido de armas e argumentos para almejar mais do que aceitar humildemente as condições impostas pelos credores. Tal não é verdade e entre 2010 e 2012 os trunfos da Grécia até eram bastante fortes e passavam, em última instância, pela ameaça credível de um default.

 
Nessa altura, a exposição da banca estrangeira, nomeadamente a alemã e a francesa, à dívida grega era substancial. Simultaneamente, a pressão dos mercados sobre os juros das dívidas da Europa Meridional e até da França e da Bélgica, era fortíssima. Uma simples ameaça pública de um default iminente por parte do Governo da Grécia teria lançado o caos na zona euro, fazendo disparar as taxas de juro e ameaçando muitos bancos, o que poderia até provocar um efeito dominó.

 
A ameaça de premir o botão nuclear da dívida faria recuar até o Sr. Schauble e a Grécia (e os outros) podiam ter obtido condições muito mais favoráveis para superar os seus problemas. Infelizmente, optaram pela solução servil, cobarde e atentatória dos interesses dos seus países e dos seus cidadãos.

 
Esse foi o pecado original dos países do resgate: caminharam para o cadafalso de mão estendida e de corda ao pescoço.

 
O erro mais recente já é do Syriza. Os trunfos da Grécia são muito mais reduzidos hoje, com os mercados mais estáveis e a exposição à dívida grega substancialmente deflectida. Aliás, a Alemanha tem-se empenhado em mostrar uma relativa indiferença perante uma eventual saída da Grécia do euro.

 
A Alemanha e a Troika estão habituados a usar o bullying para coagir a outra parte a aceitar as condições impostas e partem do pressuposto que os países do Sul, mesmo quando protestam e reivindicam, acabam por ceder com pequenas concessões para “salvar” a face. E a realidade tem-lhes dado razão. Por isso, a única forma de mudar o jogo é jogar forte, sem hesitações e receios.

 
Um exemplo: após a eleição, Alexis Tsipras jogou a “cartada russa”. O primeiro dignitário estrangeiro que recebeu foi o embaixador da Rússia em Atenas e pouco tempo depois fez uma visita oficial a Moscovo. Os gestos ficaram, os media especularam por uns dias, mas as palavras foram no sentido de retirar importância às iniciativas e o follow-up foi zero.

 
Caminho alternativo: anunciar, em termos definitivos que a Grécia vetará, no seio da EU, a renovação das sanções à Rússia e a imposição de novas sanções; requerer publicamente aos EUA a renegociação dos termos de utilização da base naval que operam em Creta; acordar com Putin uma visita a curto prazo de vasos de guerra russos ao Pireu; acordar com a Rússia um financiamento, por limitado que fosse; negociar com Moscovo a extensão do futuro gasoduto Turkish Stream até à Grécia.

 
O que têm a Rússia e tudo isto a ver com a dívida? Nada. Contudo mexe com factores que importam e muito à Alemanha e aos Estados Unidos. Provoca danos. Gera incerteza. Acima de tudo, mostra determinação, transmite à outra parte que estão dispostos a ir muito longe para obter um resultado aceitável nas negociações. Demonstra que não é bluff, não é só conversa. Se os acharem um pouco loucos, melhor ainda. As pessoas receiam os loucos, verdadeiros ou fingidos, porque acreditam que eles farão o impensável. A Coreia do Norte e o Irão são exemplos de que a aparente insanidade pode compensar nas Relações Internacionais.

 
Porém, agora é tarde. A sinalética que o Syriza tem transmitido não é a de determinação, mas sim de vacilar entre uns discursos inflamados e uma postura mansa à mesa das negociações. Rapam o tacho à procura de uns últimos trocos para pagar mais uma tranche ao FMI ou ao BCE e procuram desesperadamente um acordo, em vez de falhar um pagamento para mudar as regras do jogo.

 
No final, poderão ter oposto mais resistência, mas irão ceder. Lá onde estiver, Bismarck deve sorrir…. O IV Reich solidifica-se. Sem disparar um tiro.

 
 

 
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15 maio, 2015

Estrangulando a Grécia



ESTRANGULANDO A GRÉCIA

 
O naufrágio da Grécia…..

A “novela” grega arrasta-se sofridamente. De um lado está a Grécia, um país falido, mesmo após uma recessão prolongada e brutal causada pela soma da gestão irresponsável dos governos do PASOK e da Nova Democracia e da imposição de uma austeridade demencial por parte da Troika e dos seus mentores.

Actualmente temos o novo governo grego, liderado pelo Syriza, a tentar fazer valer pelo menos algumas partes relevantes do programa eleitoral sufragado pelos Gregos e pressionado pela ausência de liquidez e pelo avolumar dos compromissos.

Do outro lado, temos a Alemanha e a Troika, determinados em manter e concluir as políticas que puderam a Grécia de gatas. Para tal, vão apertando o garrote.

Para se ter uma ideia da situação insustentável da Grécia, basta ver que Atenas se bate pela entrega dos 7.2 biliões de euros que faltam para completar o pacote do 2º resgate. No entanto, em Julho tem de pagar 3.5 biliões de euros ao BCE. Ou seja, praticamente metade do que falta receber é devolvido à procedência um mês depois.

Só entre Março e Dezembro de 2015, o montante que a Grécia deverá entregar ao FMI ascende a 8 biliões de euros. A isto acresce 6.7 biliões ao BCE no próximo Verão. A este bolo ainda podemos somar mais de 10 biliões em liquidação de obrigações de curto prazo. 25 biliões de euros em 10 meses só em serviço da dívida! Fora as despesas correntes.

O que era óbvio em 2010 continua a ser óbvio em 2015: a Grécia está insolvente. Não tem qualquer hipótese realista de satisfazer estes compromissos, mesmo que mergulhe os Gregos numa austeridade e miséria permanentes. Tal, apenas satisfará o fanatismo fiscal de Berlim, Frankfurt e Bruxelas.

A solução troikiana e os resgates arrastaram o problema até 2015. A Grécia é um doente terminal a quem foram aplicadas sucessivas e infrutíferas doses do mesmo remédio. É…doentio. A solução para a Grécia em 2015, tal como em 2010, só passará por uma grande reestruturação (haircut) da dívida, ou pelo incumprimento (default).











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08 maio, 2015

VE DAY - 70 years



VE DAY – 70 YEARS



VE Day celebrations in Piccadilly Circus, London, in 1945.
in Wikipedia at www.en.wikipedia.org

It is 70 years today that the II World War in the European theatre was terminated with the unconditional surrender of the beastly Nazi Germany. It is VE Day (Victory in Europe Day).

Millions died directly or indirectly from the War, including the millions massacred in the concentration camps.

It is a day to remember, honour and pray.

To remember so that we never do it again.

To honour those who valiantly risked and/or gave their lives to save us from hell on earth.

To pray for those who perished and for the Lord to protect from any other such apocalyptic event.


US paratroopers capture a Nazi flag shortly after D Day.

It is also a day to fathom the fact that for every beast felled, another one tends to rise. And today’s demons tend to be less openly lethal and brutal, but their covert mischief pushes millions to a life of misery.

God bless the brave Allied soldiers, sailors and airmen that fought for all of us in the Second World War.


The British flag stifling the III Reich one.