AL-QAEDA RENASCE NO IRAQUE
A área de intervenção privilegiada da Al Qaeda.
in “THE ECONOMIST”
em www.economist.com
Desde 2011 que o Iraque vem
gradualmente percorrendo um tortuoso caminho que o poderá levar ao estado de
guerra civil. Os sinais mais claros são três:
* O
aumento dos atritos com o Governo Regional do Kurdistão, especialmente
relacionados com a exportação ilícita de petróleo para a Turquia.
* Uma interminável e imparável vaga de
atentados um pouco por todo o Iraque, mas com especial ênfase na região de
Bagdad.
* O ressurgimento da Al-Qaeda atarvés do
franchise local, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Islamic State of
Iraq and the Levant – ISIL).
Neste post, focaremos os dois últimos pontos.
O ISIL já tem poder e capacidade suficientes para ocupar
grande parte das duas principais cidades da província de Anbar, Fallujah e
Ramadi, o que revela capacidade para desenvolver acções que se aproximam de
operações militares convencionais.
A isto soma-se outros territórios por si controlados em
Anbar, a sua capacidade de desencadear atentados por todo o Iraque e a sua
expansão para a Síria. Para se ter uma noção do aumento exponencial de
atentados no Iraque, mesmo que ainda muito longe dos anos mais negros,
atente-se no número de mortes violentas de civis nos últimos 3 anos, dados da Iraq Body Count:
2011 - 4147
2012 - 4574
2013 – 9475*
* Números provisórios
O facto de o ISIL estar sob forte pressão militar por
parte do exército no Iraque e de milícias rebeldes na Síria, levará
necessariamente a um recuo, mas o factor mais saliente é uma organização que estava
quase dizimada em 2008/09 que ressurge em 2012/14 com um alcance geográfico sem
precedentes.
O principal factor que causou este fenómeno no Iraque (a expensão para a Síria deve-se à Guerra Civil que começou em
2011), foi Nouri Al-Maliki, o
Primeiro-Ministro Xiita, sectário e autoritário que tem reprimido e perseguido
os Sunitas. Os ganhos conseguidos pelos Estados Unidos com o surge militar em 2007 e com a decisão de
cooptar tribos sunitas plasmadas no movimento Awakening para combater a
Al-Qaeda no Iraque foram degradados a partir de 2011.
A incapacidade (e falta de empenho) dos EUA em concluírem um acordo
de segurança que permitisse a manutenção de um footprint militar no Iraque e um grau de influência no país, deixou
rédea livre aos instintos sectários e autoritários de Maliki e à influência e
manipulação do Irão.
A realidade é que a
influência que o Irão exerce no Iraque está indirectamente na génese do estado
de insurreição que se vive em Anbar: o vencedor das últimas eleições, em
Março de 2010, foi Ayad Allawi, que chegou a ser Primeiro-Ministro na fase da
ocupação e que liderava uma lista que integrava uma quota significativa de
Sunitas, oferecendo a esperança de um governo inclusivo e integrador e não
submetido a Teerão. Porém, Allawi não detinha a maioria absoluta e o Irão
manobrou nos complexos bastidores da política iraquiana para pressionar outros
partidos xiitas a apoiarem Maliki. Após meses de impasse, esta foi a solução
que prevaleceu, ao arrepio da vontade dos eleitores e com a bênção do
inenarrável e inepto Joe Biden, Vice-Presidente dos Estados Unidos.
Um ano volvido, sem acordo de segurança entre os EUA e o
Iraque, Maliki tem as mãos livres para prosseguir a sua política de
concentração de poder (chegou a acumular as pastas da Defesa e do Interior com
a da chefia do Governo), a perseguir adversários políticos e a fazer
marcha-atrás nos esforços de inclusão dos Sunitas.
Rasgando acordos, quebrando promessas, perseguindo pessoas e
grupos, era óbvio que os elementos mais radicais ressurgiriam e seriam
fortalecidos por moderados desiludidos e revoltados. E assim, ressurgiu a
Al-Qaeda em terras da Mesopotâmia.
P.S. Enquanto escrevia este post recebi 2 news alerts que reproduzo:
Iraq: 52 Killed In Baghdad And Baquba
Wednesday, January 15, 2014 -
04:43
A series of explosions on Jan. 15 killed 52 people in the Iraqi capital,
Baghdad, and the northern town of Baquba, AFP reported. In Baghdad the
neighborhood of Shula, the commercial area of central Karrada, and a market in
the eastern Maamil area were attacked.
Iraq: Attacks At Markets, Funeral Leave 41 Dead
Wednesday, January 15, 2014 -
06:57
A series of bombings at markets and a funeral in Iraq left at least 41
people dead Jan. 15, authorities said, AP reported. The target of the deadliest
attack was a funeral for an anti-al Qaeda Sunni militiaman in Buhriz -- 60
kilometers (35 miles) north of Baghdad -- where 16 people were killed and 26
were injured in a bombing. Twenty-five more people died in multiple bombings in
Baghdad.
in STRATFOR at www.stratfor.com
And so the story goes…..
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