TRÊS TROCA-TINTAS
O troca-tintismo é comum na vida
política, Contudo, tal não deveria fazer-nos encarar a atitude como aceitável,
normal, ou até benigna. Há evidentemente diferenças entre os troca-tintas
ocasionais e os contumazes, os light e os sérios, mas não nos enganemos: uma
coisa é mudar de opinião fruto do tempo, dos factos e da reflexão; outra, bem
diferente, é dizer uma coisa e o seu contrário num curto espaço de tempo, num
exercício de oportunismo e de falta de seriedade. Mário Soares, é um bom/mau
exemplo de um troca-tintas português.
Esta semana assistimos a um soberbo número colectivo de troca-tintas. Não
é o Trio Odemira, mas podemos chamar-lhes os Três Troca-Tintas, TTT para os
amigos (que não devem ser muitos).
O Trio é composto por dois Portugueses (germanizados): Passos Coelho e
Vítor Gaspar; e um Luxemburguês que gosta muito de Portugal e da Irlanda: Jean-Claude
Juncker.
Pois estes Troca-Tintas entenderam unanimemente, após a reunião onde foi
acertada mais uma renegociação da dívida grega, que Portugal e a Irlanda teriam
direito a beneficiar das condições impostas à Grécia. Podem ver as declarações
do guarda-livros da república em http://vmais.rr.sapo.pt/default.aspx?fil=422985
Dois dias depois, os três deram o dito por não dito, viraram a casaca,
trocaram as tintas e disseram exactamente o contrário do que haviam dito antes.
Saliente-se a fantástica sintonia do Trio, dado que Coelho estava em Cabo Verde
(de onde infelizmente já saiu), Juncker encontrava-se na Bélgica e Gaspar em
Portugal.
As justificações para a pirueta é que divergiram e constituíram, digamos,
os momentos em que os virtuosos fizeram os seus solos.
Gaspar, ao seu estilo, enredou-se nas palavras e nos conceitos, dizendo
que “sobre esta questão tem havido considerável confusão no debate público em
Portugal”. Presumivelmente gerada pleo próprio.
Juncker foi o mais criativo e nebuloso, dizendo que os jornalistas lhe
colocaram questões num sítio escuro, onde não se ouvia (??) bem e que por isso
não teria respondido bem. Enfim, uma declaração pueril, bizarra e até
hilariante, se imaginarmos Juncker encurralado num canto escuro por ávidos
jornalistas. Registe-se que vi o Senhor Juncker proferir as primeiras
declarações, o local não parecia nada escuro, o senhor falava bem à vontade e
com vontade.
Coelho, desta vez, foi mais honesto, até certo ponto. Basicamente, disse
que o Senhor Wolfgang Schauble (Ministro das Finanças da Alemanha) disse que
Portugal e a Irlanda não deviam solicitar algumas condições idênticas às da
Grécia e como tal eu agradeço e obedeço. Ponto. Ah, e acrescentou rindo de
forma apatetada, que tal tinha constituído um grande elogio porque separava as
águas entre os Portugueses e os Irlandeses e a maralha grega.
Ver as declarações de Gaspar 2.0, de Schauble e de Coelho 2.0 em http://www.tvi24.iol.pt/151/economia/vitor-gaspar-resgate-grecia-eurogrupo-condicoes-portugal/1398540-1730.html
CONCLUSÕES
1-
Juncker,
Gaspar e Coelho disseram o que pensavam e queriam após a reunião do euro grupo.
2-
Schauble disse
o que queria e pensava após as declarações daqueles.
3-
E aqueles afinaram
o discurso pelo de Schauble após ouvirem a voz do meister.
4-
Juncker,
Gaspar e Coelho são Três Troca-Tintas despudorados.
5-
Juncker,
Gaspar e Coelho, especialmente os dois últimos, são também três servis sabujos
a amando de Merkel e de Schauble.
6-
Pierre
Moscovici, Ministro das Finanças da França, que fez eco do que disse Schauble,
mostrou mais uma vez o que vale actualmente a França nos equilíbrios de poder
na Europa.
Os Três Troca-Tintas:
em 3 países diferentes, mas bem afinados na técnica de dizer uma coisa e o seu
contrário com a mesma cara de pau!
2 comentários:
Pois é Rui, um trio de vira-latas (perdão, de vira-casacas) sem vergonha nenhuma. E o estúpido do Gaspar ainda teve a distinta lata de nos chamar a todos de estúpidos (que não precebemos a alta ciência em causa e que simplificamos coisas muito complexas e acima do entendimento comum - só pra tipos ilustrados e com vários doutoramentos em BCE, ou lá o que é...). O Burro do esquentador refugiu-se no canto escuro (mas o homem é maluco???) e o alarve do coelho riu-se com aquele riso alvar de anormal... LINDO!
Sérgio,
Debaixo da postura e aspecto de rato (ratazana), o Gaspar é incrivelmente arrogante, ao ponto de ser malcriado. A Merkel subiu-lhe à cabeça!
O "Esquentador" portou-se como um boneco. O Coelho é um pateta alegre com laivos de pretensiosismo bacoco. São uns tristes.
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