CRATO E A GREVE,
GASPAR E A
OPOSIÇÃO
Nuno Crato projectava uma imagem de clarividência,
ponderação e bom senso. Não sei se era verdadeira ou fingida. Sei que essa
imagem se vai borratando e diluindo.
Crato ficou abespinhado com a greve
dos professores. Tal como a maioria dos seus colegas no governo, pelos vistos
detesta ser contrariado. E a greve é contra si e é uma contrariedade.
Vai daí, critica: a greve vai
prejudicar seriamente os alunos por causa dos exames. Houve um sindicalista que
lhe deu a resposta perfeita: Mas ele queria que fizéssemos a greve em Agosto ou
no dia de Natal? É evidente que uma greve tem de provocar dano e prejuízo,
senão é um exercício vazio de sentido e de efeito.
Não contente, partiu para a
ignorância (neste caso, a dele) e ameaçou com uma requisição civil, que parece
não ser aplicável neste caso. Mais fogo fátuo. Seria mais útil se se concentrasse
em reajustar o calendário de exames.
Talvez se Nuno Crato passasse a ter
mais respeito pelas pessoas, pelos direitos e pelas leis e não fosse para o diálogo
com posições fechadas, pudesse ter mais sucesso.
Vítor Gaspar é sobejamente
conhecido. É convencido, incompetente, arrogante e associal. Cada vez que
resolve falar de política sai asneira. Esta semana, foi ao Parlamento verberar
a oposição por fazer… oposição. Sim, eles são uns malandros porque dizem mal do
governo, criam instabilidade e até querem o poder.
Sim, eu imagino que Gaspar se
sentisse melhor se fosse governante num estado totalitário onde ninguém teria a
veleidade de contrariar Sua Insolência e as suas experiências económicas e sociais.
Mas não tem essa sorte. Aqui, em “Tempos Interessantes”, enquanto ele continuar
a fazer judiarias e malfeitorias, continuaremos a dizer dele o que Maomé não
disse do toucinho.
Já sem espaço nem tempo para entrar
no título, mas just in time para a
crónica, uma referência ao inefável Passos Coelho, que na linha de Crato,
resolveu lançar uma ameaça velada aos professores e foi ao ponto de sugerir uma
data para a sua greve. Que dislate! Quanta petulância!
E assim vamos, com governantes abespinhados por as
pessoas se zangarem e revoltarem por serem por eles maltratadas. Miseráveis.
4 comentários:
Ce n'est jamais le temps qui manque aux scélérats pour nuire , et machiner de nouveaux attentats.
SÉNÈQUE
Tempos que anunciam algo de feio... vejo uma vaga de totalitarismo a varrer o País (e não só). Tem vindo a a ser preparado há muitos meses (anos?). O primeiro argumento foi o da "emergência nacional"; esgotado esse, arquitectam-se outros e, na falta de argumentos sensatos, recorre-se ao abuso de poder, à intimidação, ao medo. Medo de ser despedido, medo de ser multado, medo de ver aberto um processo contra si - num valor potencial que ultrapassa em tudo o magro salário. Tenho vindo a dizer e cada vez me parece que (tristemente) tenho mais razão: vivemos tempos de anúncio de ditadura, de tendências totalitárias, de pendentes autocráticas. Temos no Poder ditadorzecos de pacotilha que só não são brutais - ou mais óbvios - porque (ainda) não podem. Mas fazem por isso. Agem como se tivessem recebido o poder de Deus, e não o Povo, como se fossem ungidos da Razão, e não representantes do Povo. "Não fui eleito coisíssima nenhuma" é muito mais revelador do que a chocarrice que dessa frase se fez aponta. A pesporrência, a petulância, a arrogância, a sem-vegonha democrática varrem o País, do topo da hierarquia do Estado ao mais reles "boy" (que, bay the way, lá recebeu o seu subsídio de férias, pois então...). Nehuma humildade assiste a estes magistrados e governantes, que olham a plebe sem respeito e sem pudor. Tempos muito feios se avizinham quando governantes eleitos se permitem dizer que "acabou a paciência" - meus caros, tenho uma novidade para vos dar, e dela não gostareis: a paciência acaba mas é do lado dos eleitores, dos cidadãos, estais vendo as coisas ao contrário...
Mr. De Freitas,
C'est bein vrais, malheureusement.
Sérgio,
Tens TODA a razão. Eles jogam com o medo e por isso intimidam, ameaçam e agridem. Eu há um ano franzia o sobrolho quando escrevias que esta corja só pararia se fosse atirada para o esgoto numa enxurrada de violência (my words). À medida que o tempo avança, mais me convenço da tua razão. :-(
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