19 abril, 2012

Índia: China na Mira

ÍNDIA: CHINA NA MIRA

  
Lançamento do Agni V.
in “The Wall Street Journal”

Em Janeiro a Índia tornou-se o 6º país no mundo a operar um submarino de propulsão nuclear: o INS Chakra da classe Akula II adquirido à Rússia (onde era o K-152 Nerpa).
Em 2013, a Índia lançará ao mar o INS Arihant, de concepção e construção indiana, e que transportará mísseis balísticos com capacidade nuclear.
Ontem a Índia testou o míssil Agni V. Disparado da Baía de Bengala, o Agni V cumpriu todos os parâmetros previstos e atingiu o seu alvo no Oceano Índico a 5000km de distância.
Estes desenvolvimentos mostram-nos que a Índia está a atingir aquilo que podíamos qualificar como a idade adulta da sua capacidade nuclear:
·        A que a Índia está na fase final de desenvolvimento de um ICBM (Inter-Continental Ballistic Missile), o que representa a capacidade de atingir alvos com ogivas nucleares, a longa distância e com precisão.
·        A Índia está em vias de alcançar a tríade nuclear: capacidade nuclear terrestre, naval e aérea.
O que é que isto significa em termos geopolíticos?
Normalmente, quando se soma “Índia” e “capacidades militares”, o resultado é “Paquistão”! Desta vez, o cálculo tem de ser outro. O arsenal nuclear indiano, incluindo os seus vectores, foi pensado tendo o Paquistão como alvo provável. Hoje, New Delhi tem mísseis de curto e médio alcance e meios aéreos que lhe permitem atingir qualquer alvo no Paquistão. Aliás, a prioridade indiana em qualquer conflito com o Paquistão passa por o resolver sem recurso a WMD (Weapons of Mass Destruction), dada a sua superioridade em armamento convencional.
Então temos de mudar a equação: “Índia + capacidade nuclear de longo alcance = “China”!!!
A Índia e a China sustentam uma rivalidade que tem décadas: combateram uma guerra fronteiriça em 1962; têm uma fronteira comum de 4000km sobre a qual têm múltiplas pretensões conflituantes; e são hoje as principais potências ditas emergentes, com aspirações a tornarem-se grandes potências (a bem dizer, a China já o é). A China tem estendido a sua presença e influência no Índico (Paquistão, Birmânia) com o intuito principal de proteger as linhas marítimas de abastecimento da sua economia, enquanto que a Índia tem dado os primeiros passos para marcar presença no Mar do Sul da China (Vietname) que a China encara como sendo seu.
O Agni V faz com que a Índia adquira a capacidade de atingir praticamente a totalidade do território chinês, incluindo Pequim e Xangai. Embora tal não signifique ainda a obtenção de paridade estratégica com a China, representa indubitavelmente um incremento substancial da capacidade dissuasora indiana. Podemos dizer que o Agni V, quando estiver totalmente operacional, será uma seta potencialmente apontada ao coração da China.
A evolução da correlação de forças entre os principais players asiáticos (China, Japão e Índia) e os Estados Unidos, será das questões geopolíticas mais palpitantes dos próximos anos (ou décadas).

1 comentário:

Anónimo disse...

Sometimes when I read about the state of our world and all the dishonesty in order to gain power I want to find my own little island and hide away! Does that make me a moral coward or a defeatist or am I just battle weary? Was the world ever any different? I suspect not. Sigh!

Elaine