ÍNDIA: CHINA NA MIRA
Lançamento
do Agni V.
in “The Wall Street Journal”
Em Janeiro a Índia
tornou-se o 6º país no mundo a operar um submarino de propulsão nuclear: o INS
Chakra da classe Akula II adquirido à Rússia (onde era o K-152 Nerpa).
Em 2013, a Índia
lançará ao mar o INS Arihant, de concepção e construção indiana, e que
transportará mísseis balísticos com capacidade nuclear.
Ontem a Índia testou
o míssil Agni V. Disparado da Baía de Bengala, o Agni V cumpriu todos os
parâmetros previstos e atingiu o seu alvo no Oceano Índico a 5000km de
distância.
Estes
desenvolvimentos mostram-nos que a Índia está a atingir aquilo que podíamos
qualificar como a idade adulta da sua capacidade nuclear:
·
A que a Índia está na fase
final de desenvolvimento de um ICBM (Inter-Continental Ballistic Missile), o
que representa a capacidade de atingir alvos com ogivas nucleares, a longa
distância e com precisão.
·
A Índia está em vias de
alcançar a tríade nuclear: capacidade nuclear terrestre, naval e aérea.
O que é que isto significa em termos geopolíticos?
Normalmente, quando se soma “Índia” e “capacidades militares”, o
resultado é “Paquistão”! Desta vez, o cálculo tem de ser outro. O arsenal nuclear indiano, incluindo os seus vectores, foi pensado
tendo o Paquistão como alvo provável. Hoje, New Delhi tem mísseis de curto e
médio alcance e meios aéreos que lhe permitem atingir qualquer alvo no
Paquistão. Aliás, a prioridade indiana em qualquer conflito com o Paquistão
passa por o resolver sem recurso a WMD (Weapons of Mass Destruction), dada a
sua superioridade em armamento convencional.
Então temos de mudar a equação: “Índia + capacidade nuclear de
longo alcance = “China”!!!
A Índia e a China
sustentam uma rivalidade que tem décadas: combateram uma guerra fronteiriça em
1962; têm uma fronteira comum de 4000km sobre a qual têm múltiplas pretensões
conflituantes; e são hoje as principais potências ditas emergentes, com aspirações
a tornarem-se grandes potências (a bem dizer, a China já o é). A China tem
estendido a sua presença e influência no Índico (Paquistão, Birmânia) com o
intuito principal de proteger as linhas marítimas de abastecimento da sua economia,
enquanto que a Índia tem dado os primeiros passos para marcar presença no Mar
do Sul da China (Vietname) que a China encara como sendo seu.
O Agni V faz com que
a Índia adquira a capacidade de atingir praticamente a totalidade do território
chinês, incluindo Pequim e Xangai. Embora tal não signifique ainda a obtenção
de paridade estratégica com a China, representa indubitavelmente um incremento
substancial da capacidade dissuasora indiana. Podemos dizer que o Agni V,
quando estiver totalmente operacional, será uma seta potencialmente apontada ao
coração da China.
A evolução da
correlação de forças entre os principais players asiáticos (China, Japão e
Índia) e os Estados Unidos, será das questões geopolíticas mais palpitantes dos
próximos anos (ou décadas).
1 comentário:
Sometimes when I read about the state of our world and all the dishonesty in order to gain power I want to find my own little island and hide away! Does that make me a moral coward or a defeatist or am I just battle weary? Was the world ever any different? I suspect not. Sigh!
Elaine
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