ASSIM
SE VÊ A FORÇA DO PC
Assim se vê a força do
PC era um slogan
gritado nas manifestações e comícios do PCP no tempo em que o Partido tinha um
poder brutal na rua e nas empresas, tinha votações acima dos 15% e detinha mais
de 50 câmaras municipais. Esses tempos não voltaram, mas lembrei-me deste
slogan quando seguindo a noite eleitoral de Domingo ia ouvindo: PCP reconquista Alcácer do Sal, retoma Évora,
volta a ganhar Beja e Vila Viçosa e Grândola e Loures. Veio-me à memória a ameaça/promessa
de Odete Santos: “O Alentejo ainda será
nosso outra vez!” Tinha razão. Já é.
A icónica bandeira vermelha com a foice e o martelo flutua em 34 câmaras municipais de
Portugal.
O PCP é o grande vencedor das Autárquicas de 2013.
Passou de 28 para 34 câmaras, incluindo concelhos importantes, como alguns do
que referi. Além disso, foi o único partido que aumentou o nº de votos numa
conjuntura de aumento da abstenção e do voto de protesto (brancos e nulos).
Quando conto a amigos estrangeiros a força eleitoral dos
Comunistas em Portugal, somada à natureza ortodoxa do Partido, eles ficam,
invariavelmente perplexos. Incrédulos mesmo. Mesmo naqueles países onde os
respectivos PC’s tiveram peso e influência, como Itália, França, Espanha,
Finlândia, após a Queda do Murro de Berlim e o colapso da União Soviética,
estes partidos reformaram-se, mudaram (até de nome), esvaziaram-se e
praticamente desapareceram.
Precisamente em 1992, na sequência da desintegração da
URSS, um jornal de Guimarães, “O Povo de Guimarães”, com uma matriz
acentuadamente de esquerda, fez um inquérito sobre o assunto, incluindo
questões sobre o PCP, nomeadamente o que pensava sobre a opção de Álvaro
Cunhal, contra a corrente da época, de manter inalterado o nome, programa, identidade
e política do PCP. Sendo eu conotado com a “Direita”, ficaram surpreendidos por
ter respondido que admirava a coerência e coragem dessa opção e que essa honestidade
intelectual talvez desse frutos.
Et voilá. Volvidos
22 anos, o PCP é o único Partido Comunista com relevo na Europa Ocidental. As
eleições de Domingo demonstraram a resiliência do PCP que, cada vez que parece
estar em declínio irreversível, recupera, ganha votos e aumenta mandatos.
Continuo a estar a milhas do ideário do PC, mas
reconheço aos seus militantes e apoiantes a capacidade de trabalho, de luta, de
disciplina e de trabalho que permite que 11% dos votantes nele se revejam e votem.
Para muitos, o PCP é a voz da resistência à opressão, da luta contra as
injustiças, do apoio aos trabalhadores, da preocupação com os desfavorecidos.
Tem implantação nacional, tem tradição autárquica onde exerce o poder, tem
enorme influência no movimento sindical e capacidade de mobilização na rua.
Por tudo isso mais a crise dolorosa e a governação
incompetente, o PCP ganhou, sem fantasmas
internos, sem dissidentes, sem bicefalias acéfalas, sem tricas com os parceiros
de coligação. Simplesmente ganhou mais 6 câmaras, mais 13.000 votos. 92 anos
após a fundação, assim se vê a força do PC!