JERUSALÉM,
CAPITAL DE ISRAEL
Jerusalém, vista através da estrela de David.
in “The Economist” em
www.economist.com
Vinte e dois anos
após a aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos do Jerusalem Embassy Act, que reconhecia Jerusalém como capital de
Israel, os EUA oficializaram, finalmente, o seu reconhecimento, tendo o
Presidente Donald Trump anunciado a mudança da embaixada de Telavive para
Jerusalém.
Estou ciente que
o meu regozijo me deixa numa minoria. Não é a primeira vez e não será a última.
Previsivelmente e como milhentas outras coisas que sucedem nas Relações
Internacionais e até na vida interna de muitos países, esta notícia que nem
sequer é inesperada, gerou uma nova vaga de angústia e histeria injustificadas.
A situação:
1- Até ver, cada país
escolhe a sua capital e Israel escolheu a sua há muito tempo, em 1949 e
Jerusalém tem sido não apenas a capital designada, mas também a capital de
facto onde estão sedeados o Knesset, o Governo e o Supremo Tribunal.
2- Não obstante, no caso de
Jerusalém existe um contencioso quanto à posse da parte oriental da cidade que
torna o assunto particularmente sensível.
3- O ponto anterior é
agravado pela envolvente geopolítica, religiosa e emocional do conflito
Israelo-Palestiniano em geral e por Jerusalém em particular.
4- Porém, não é provável
que as consequências sejam graves e muito menos catastróficas.
A perspectiva:
5- A causa palestiniana há muito que caiu nas prioridades da generalidade
do mundo árabe. O Irão, o Xiismo, as guerras na Síria, Iraque, Iémen e Líbia,
as revoluções no Egipto, os diversos terrorismos, a queda do preço do petróleo,
a reconversão económica, a evolução da política e da estratégia americana no
Médio Oriente, constituem um rol de prioridades que ultrapassaram a Palestina.
Consequentemente, o mais provável é que países como a Arábia Saudita, o Iraque
e os Emiratos Árabes Unidos vocalizem o seu protesto, horror e repúdio, mas com
poucas consequências práticas.
6- As reacções dos
não-Árabes (Irão e Turquia) serão porventura mais veementes e consequentes, mas
nenhum tem a vontade e/ou a capacidade e/ou a margem de manobra para castigar esta decisão de forma
relevante.
7- No plano das
consequências, a Jordânia é, efectivamente, o elo mais fraco devido à sua
história (potência administrante de Jerusalém Oriental até 1967), à sua
geografia (longa fronteira com Israel e com os Territórios Palestinianos) e
demografia (perto de metade da população é palestiniana) e poderá conhecer
alguma instabilidade.
8- A ameaça ao processo de paz é um argumento risível dado que o processo
de paz não existe. Está morto, só falta enterrá-lo. Curiosamente, Trump
prometeu ressuscitá-lo. Ah, foram os Palestinianos que o abandonaram há 3 anos.
E não consta que Trump estivesse envolvido.
9- Terrorismo. Já existia, existe e existirá. Pode haver algum incremento
de ataques terroristas? Pode. Aliás, essa é a tendência prevalecente desde o
início do século XXI. Também é quase certo que vários ataques que já estejam a
ser planeados sejam apresentados oportunisticamente como retaliação a esta
medida. De qualquer forma, o Estado Islâmico, a Al Qaeda, o Hamas, o
Hezbollah, etc, não precisam de um pretexto novo ou específico para atacar.
They just do it.
O que se pode esperar
então?
Manifestações,
muitas das quais violentas, uns quantos profetas da violência como modo de vida
e meio de promoção pessoal, como é o caso de Ismail Haniyeh, líder do Hamas; os
media, primeiro a induzir a violência e depois a fazer uma cobertura ad nauseam
do que efectivamente ocorra, pequeno, ou grande. E, é claro, haverá o habitual
fogo de artifício vindo da Faixa de Gaza, seguido das respectivas retaliações.
A partir daí, não há certezas, mas creio que não haverá uma grande
conflagração, nem uma crise grave.
Três Presidentes
dos EUA eximiram-se a dar seguimento a um acto legislativo do Congresso. Donald
Trump, durante a campanha eleitoral, comprometeu-se a fazê-lo e, honra lhe seja
feita, fê-lo. Jerusalém é a capital de
Israel.
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