BLOQUEIO
Há dias (semanas)
assim. Pego na pena (lápis, caneta, teclado), encosto-a ao papel e…nada. Nem
frases, nem palavras, nem ideias. Niente. É
o terrível Bloqueio.
Depois de 2 anos de
escrita prolífica (perto de 200 posts), eis que nos últimos 2 meses se instalou
a míngua. Ironicamente, nestes meses Tempos Interessantes tem tido uma
procura explosiva, de tal forma que o 1º terço de 2015 já vale mais do que qualquer dos anos anteriores.
Um mapa com o Bloqueio naval imposto pelos EUA a Cuba em 1962. Também
se trata de um Bloqueio, tem a ver com RI e acrescenta (mais) um toque surreal
a este post.
Mas então não se
passa nada de interessante? Síria? Iraque? Ucrânia? Iémen? Líbia? Grécia? Reino
Unido? Irão? De facto passam-se coisas interessantes, mas com um toque de déjà
vu.
Na Síria, as
múltiplas partes na refrega continuam a matar-se ao ritmo de umas dezenas de
milhar/ano desde 2011.
No Iraque, o Estado
Islâmico continua a matar em compita com as milícias xiitas que também
continuam a matar. Confesso que me causa repulsa e perplexidade ver os
Americanos num exercício de estultícia a ajudar o Irão e as milícias que
controla no Iraque.
Na Ucrânia o
cessar-fogo vai aguentando com uma fuzilaria de vez em quando, mas predomina
uma certa modorra fatalista.
No Iémen, de quem
muitos nem teriam ouvido falar antes de 2011/12, temos uma espécie de
mini-Síria com um governo acossado, rebeldes xiitas dominando metade do país, a
Arábia Saudita a bombardear e o Irão a apoiar os seus peões. E ainda uma franchise
da Al-Qaeda em renovada ascensão. Muito déjà vu. Tempos Interessantes até
já dedicou 2 posts a este país desgraçado.
Na Líbia quase
poderia fazer um copy-paste do Iémen, até na existência de dois governos, com a
diferença de já lhe ter dedicado 5 posts.
Na Grécia, enfim,
continuo à espera, confortavelmente sentado para não me cansar muito, que o Sr.
Tsipras mande a Troika e a Alemanha às ortigas. E sim, a Grécia também já foi contemplada
com 4 posts.
No Reino Unido,
sobre o qual já terei publicado pelo menos 10 posts, resta-me aguardar e fazer
figas para que os Conservadores ganhem novamente. Até lá não digo nada.
No Irão também não
há muito a dizer. O acordo entre o Irão e o P5+1 é uma fatalidade inevitável.
Aliás, fontes bem colocadas confidenciaram-me que só falta mais uma concessão dos
Estados Unidos para selar definitivamente o acordo: que Obama entregue as
chaves da Casa Branca ao Ayatollah Ali Khamenei.
Independentemente
das dificuldades de contexto, a responsabilidade do Bloqueio reside, em última
instância, no escriba. Assim sendo, encontrei uma forma de combater o Bloqueio:
escrever sobre. O meu lápis atacou com sucesso duas páginas em branco,
preenchendo-as com um texto. Quebrou-se o feitiço bloqueador, o blog respira
melhor, o lápis exulta e eu sinto um indisfarçável alívio: já consigo escrever
outra vez.
Até amanhã!
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