27 novembro, 2012

Não Faças aos Outros....

NÃO FAÇAS AOS OUTROS
O QUE NÃO QUERES QUE FAÇAM A TI

 

 A zona de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão (separados pela linha preta).
Os lugares referenciados neste post: Fazlullah deverá estar nas províncias orientais de Nuristan e Kunar (a bege). O Vale de Swat está assinalado a laranja e o Waziristão do Norte a azul mais claro.

 
O QUE UNS FAZEM

Os Estados Unidos acusam com frequência o Paquistão de proteger terroristas islâmicos, sejam eles Paquistaneses, Afegãos, ou outros, no seu território. Tanto assim é, que os principais dirigentes da Al Qaeda liquidados nos últimos anos, maxime Bin Laden, foram-no em território paquistanês.


Outro exemplo desta atitude, é a relativa impunidade de que gozam grupos mortíferos como o Lashkar-e-Taiba, responsável pelo mega-atentado em Bombaim, e a Rede Haqqani, baseada no Waziristão do Norte, zona tribal do Paquistão, e que é dos mais sanguinários grupos conectados com os Taliban.


Esta atitude da parte de Islamabad tem a ver com a necessidade de manter frágeis e periclitantes equilíbrios internos, algumas limitações logísticas e militares e pela ânsia de usar certos grupos terroristas como ferramentas de pressão sobre os vizinhos Índia e Afeganistão. Como é óbvio, esta política dúbia tem custos elevados no sucesso da luta contra o terror, prejudicando a estabilização do Afeganistão e prolongando a instabilidade do próprio Paquistão.

  

O QUE OS OUTROS FAZEM


Malala Yousafzai é uma rapariga paquistanesa de 15 anos que foi alvo de uma tentativa de assassinato pelos Taliban do Paquistão. Foi baleada duas vezes num autocarro escolar e está a receber tratamento médico no Reino Unido. Móbil do crime: Malala há 4 anos que defende publicamente o direito das raparigas frequentarem a escola.


O mandante do atentado foi o Mullah Fazlullah, líder Taliban, radical, perigoso e carniceiro. Ganhou os galões em 2009, durante o período em que os Taliban ocuparam o Vale do Swat no Noroeste do Paquistão, onde impôs uma aplicação estrita da Sharia, colocando bombas em escolas femininas e matando centenas de pessoas, muitasas delas decapitadas.


Pois, após a libertação do Vale de Swat pelo exército paquistanês, Fazllulah refugiou-se no Leste do Afeganistão, nas províncias de Kunar e Nuristan. Onde reside até hoje. O Paquistão pediu aos EUA e à NATO (ISAF) para activamente procurarem e capturarem Fazlullah. Porém, tal não acontece. A atitude tem sido se o encontrarmos, apanhamo-lo. Como Fazlullah não deve passear e ir às compras como qualquer cidadão, é pouco provável que as forças da ISAF tropecem nele.


É, obviamente, um erro crasso. Fazlullah é um perigoso  e sanguinário radical. Com a vontade e os meios para desestabilizar o Paquistão. A estabilidade do Paquistão e a eliminação de terroristas islamistas são do interesse do Ocidente. Não colaborar empenhadamente com o Paquistão na captura de Fazlullah, fará Islamabad convencer-se ainda mais que não é do seu interesse ajudar a NATO  eos EUA  a capturar ou eliminar membros da Al Qaeda ou dos Taliban que se refugiam no Paquistão.
 
Ou seja, ambos fazem ao outro aquilo que se queixam que lhes é feito por ele! It is a loose-loose situation!


E enquanto culpas são lançadas de um e do outro lado, o Mullah Fazlullah pode continuar a semear o terror e a dormir tranquilo.

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