AS QUATRO POTÊNCIAS
DO MÉDIO ORIENTE
A ARÁBIA
SAUDITA
ARÁBIA SAUDITA
A Arábia Saudita coincide e grande medida com a imagem geográfica que muitos têm do Médio Oriente, dado que ocupa a
maior parte da Península Arábica. Como é óbvio a Arábia Saudita vale muito mais do que o nosso
imaginário. Basta deixar dois apontamentos:
·
É o maior produtor. É o maior exportador mundial de
petróleo. Possui as maiores resrevas conhecidas de petróleo.
·
É a guardiã dos dois lugares mais sagrados do Islamismo
(Meca e Medina) onde o Profeta Maomé nasceu e viveu e recebeu de Alá os dogmas
da fé.
O poder e a influência da Arábia Saudita assenta,
portanto, em dois pilares: o económico e o religioso. Por um lado, estamos
perante um país que gera receitas fabulosas oriundas do petróleo e que se
senta, literalmente sobre um autêntico tesouro das Arábias (cerca de 262
biliões de barris!!!). Por outro lado, tem um papel liderante e influente sobre
uma religião com mais de 1 bilião de devotos, em média mais pios e empenhados
que os Cristãos do século XXI.
A isto podíamos acrescer a sua posição dominante na
Península Arábica, ocupando um vasto território do Mar Vermelho ao Golfo
Pérsico e exercendo um certo poder tutelar (mas não uniforme) sobre os seus
parceiros no Conselho de Cooperação do Golfo (EAU, Oman, Kuwait, Qatar e
Bahrain) e ainda sobre o Iémen.
1-
A população saudita (27 milhões) é significativamente menor do que as dos
rivais que rondam todas os 80 milhões. Em
termos de massa crítica, quer no potencial económico quer no militar, é um
factor limitativo.
2-
Apesar das centenas de biliões de Dólares investidos em hardware militar,
especialmente dos EUA, a capacidade militar saudita ainda se encontra uns
patamares aquém da concorrência.
Aqui o factor demográfico desempenha um papel, assim como o presumido fighting
spirit (ou falta dele) das tropas e da população.
3-
A significativa minoria xiita, concentrada na Província Oriental (ver mapa infra) é uma vulnerabilidade
e existem indícios que o Irão tenta fomentar a revolta dos xiitas, do mesmo
modo que o faz no Bahrain. Acresce que esta província é muito rica em
hidrocarbonetos.
4-
A política externa e de segurança saudita é tradicionalmente muito
prudente e frequentemente reactiva. Num
ambiente bastante agressivo e competitivo, onde potências rivais como o Irão
não hesitam em recorrer à pressão, ao bluff, ao bullying, à ameaça, à desestabilização
e à subversão, esta postura pode ser uma desvantagem, colocando Riyadh à mercê
das movimentações dos rivais.
5-
Na linha do ponto anterior, a Arábia Saudita está habituada a pagar para
resolver os problemas. Na década de 1980,
financiou o Iraque para travar o avanço da Revolução Islâmica iraniana; em 1991
financiou o esforço de guerra aliado para expulsar os Iraquianos do Kuwait; na
década passada financiava os insurgentes sunitas que, no Iraque, lutavam contra
o emergente poder xiita; em 2011 gastaram dezenas de biliões de Dólares em
apoios sociais para travar qualquer surto de “Primavera Árabe” no Reino; em
2012, financiam jihadistas para combater o regime alawita na Síria. Se, por um lado, é óptimo ter recursos
financeiros to pay your way out of troubles, por outro lado, tal torna-se em
algo muito mau quando a fonte do problema ou a solução para o mesmo, não são
susceptíveis de serem influenciadas por pagamentos.
É, pois, nossa convicção que a Arábia Saudita será destas 4 potências a
que menos probabilidades terá de se alcandorar a uma posição de domínio ou
hegemonia no Médio Oriente. O motivo principal para tal será mesmo a falta de
perfil do regime saudita para assumir tal papel. Se quisessemos definir o papel
de excelência dos sauditas, esse seria o de éminence
grise. Um país capaz e hábil a actuar nos bastidores, a aplicar o poder do
seu dinheiro onde e quando necessário e possível e cortejando e coagindo a
potência dominante (os Estados Unidos) a garantir a sua segurança. A isto
acresce a manutenção do statu quo nos seus aliados mais próximos do GCC e a
presença à mesa das negociações onde sejam discutidas e decididas as grandes
questões regionais.
Em 5 palavras: importante e influente sim, dominante não.
A
Província Oriental da Arábia Saudita: rica em petróleo e .... em Xiitas.
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