FALIDOS
Aconteceu o que tinha que acontecer: após anos de incompetência e irresponsabilidade política do Governo do PS, José Sócrates reconheceu o que já se sabia: ESTAMOS FALIDOS! Incapazes de assumir os nossos compromissos, leia-se, incapazes de pagar os desmandos governativos.
E agora José? Claro que José Sócrates dispara em todas as direcções menos na sua. Afinal, ele SÓ é Primeiro-Ministro há 6 anos, 4 dos quais com maioria absoluta. Afinal, ele LIMITOU-SE a desbaratar em 2 anos (2008 e 2009) o esforço feito pelos Portugueses em 5 anos (2002 a 2007) para reduzir o deficit, tudo supostamente em nome da crise internacional e tudo realmente em nome da vitória eleitoral em 2009.
Agora acenam-nos com a austeridade final. De Berlim a Washington, de Bruxelas a Frankfurt, de Helsínquia ao Luxemburgo, todos fazem o favor de nos ajudar…. espremendo-nos até ao tutano.
Como se esmagando os Portugueses e as empresas com impostos e mergulhando o país numa recessão profunda fosse resolver os nossos problemas!
Não sou economista, mas tenho opinião. Do meu ponto de vista, a solução para Portugal se libertar do garrote financeiro passa por diminuir drasticamente as despesas públicas e por renegociar a dívida.
A primeira, levaria à redução do deficit e à diminuição do peso do Estado na economia, cortando despesas supérfluas e outras que o Estado simplesmente não pode suportar. A segunda, permitiria uma redução da dívida para níveis sustentáveis para Portugal pagar, sem entrar numa espiral recessiva interminável.
A revista “Economist”, por exemplo, recomenda esta mesma receita a Portugal, Irlanda e Grécia, criticando fortemente a EU, o BCE e a Alemanha por se fixarem autisticamente no deficit:
"Portugal’s [...] credit rating was slashed to near-junk status on March 29th, while ten-year bond yields have risen above 8% as investors fear Portugal will have to turn to the European Union and the IMF for loans. The economies of both Greece and Ireland, Europe’s two “rescued” countries, are shrinking faster than expected, and bond yields, at almost 13% for Greece and over 10% for Ireland, remain stubbornly high. Investors plainly don’t believe the rescues will work.
They are right. These economies are on an unsustainable course, but not for lack of effort by their governments. Greece and Ireland have made heroic budget cuts. Greece is trying hard to free up its rigid economy. Portugal has lagged in scrapping stifling rules, but its fiscal tightening is bold. In all three places the outlook is darkening in large part because of mistakes made in Brussels, Frankfurt and Berlin.
At the EU’s insistence, the peripherals’ priority is to slash their budget deficits regardless of the consequences on growth. But as austerity drags down output, their enormous debts—expected to peak at 160% of GDP for Greece, 125% for Ireland and 100% for Portugal—look ever more unpayable, so bond yields stay high. The result is a downward spiral.
As if that were not enough, the European Central Bank in Frankfurt seems set on raising interest rates on April 7th, which will strengthen the euro and further undermine the peripherals’ efforts to become more competitive. Some politicians are still pushing daft demands, such as forcing Ireland to raise its corporate tax rate, which would block its best route to growth."
Esta deveria ser a postura do Governo e dos partidos portugueses quando negociarem com o FMI e a EU: recusar as taxas draconianas que afundam as economias da Irlanda e da Grécia; fazer questão de, cumprindo os objectivos, reter capacidade de escolha da metodologia, evitando a aplicação mecânica das receitas habituais destas instituições; finalmente, apesar de estarmos falidos, não devem entrar nas negociações humildemente, com a corda ao pescoço, o chapéu na mão e a lágrima no olho, pois não é assim que conseguirão as melhores condições para o país.
Nesta altura estarão a pensar que sou um lírico. Talvez, mas penso que o devedor também em alguns trunfos que deve utilizar. Para a Alemanha, França, Espanha, Áustria e outros, não é indiferente Portugal pagar ou não pagar, aceitar um pacote de ajuda ou rejeitá-lo, não só porque têm cá dinheiro, mas porque temem que se cause danos ao euro.
Depois de tanta incompetência e gestão danosa, o mínimo que podemos exigir é que agora, finalmente, os nossos representantes tenham espinha e defendam o interesse nacional sem tibiezas.