ALEGRIA E DOR
Um golo em nome do pai.
No Domingo, no Estádio da Luz, ao minuto 89, Nuno Gomes marcou um golo e fechou o score do jogo em que o Benfica venceu a Naval por 4-0. Poucas vezes tanto se comentou, escreveu e ilustrou um golo que se limitou a fechar uma goleada num simples jogo de Campeonato.
O mais marcante do golo (para além do mérito de Nuno Gomes ter acreditado, pressionado o guarda-redes e rematado para golo de ângulo difícil), foi a comemoração. À alegria natural de quem marca o golo, somou-se a dor de quem perdeu um Pai, a dedicatória apontada para o céu. A tudo isso, juntou-se a solidária e efusiva celebração dos colegas e a explosão de alegria de 30.000 espectadores (e ainda muitos telespectadores, como eu e o meu filho).
Foi um momento bonito e emocionante, em que o golo, por uma vez, foi menos o fim e mais o meio para conectar um filho com o pai, uma equipa com o seu Capitão e uma massa adepta com um dos seus ídolos.
Todos por um.
Post Scriptum: Jorge Jesus já fez muitas coisas boas no Benfica. Também fez algumas (poucas) más. Talvez a pior seja a marginalização a que tem votado o Capitão do Benfica. Nuno Gomes é o melhor artilheiro do Benfica em actividade (9º melhor de sempre), sente o Benfica como poucos, é uma referência do plantel, ídolo dos adeptos, com um comportamento pessoal e social irrepreensível e tem correspondido quando joga. Por tudo isto é incompreensível, até inaceitável, que seja remetido a 5ª ou 6ª escolha, que seja colocado a jogar 5 minutos (mesmo assim marca) e que nem em jogos resolvidos tenha oportunidade de jogar 20 ou 30 minutos. Nem se trata de caridade, mas sim de justiça. Basta ver o rendimento e a qualidade apresentada por outros suplentes como Weldon, Jara ou Meneses.
A este propósito, parece-me oportuno citar um texto de Alexandre Pais, Director do “Record” no seu blog no jornal online:
Nada do que se passou no domingo, com o último golo do Benfica, me pareceu fugir à normalidade. Desde logo, o lance e a sua difícil concretização, próprios de um goleador que sabe do seu ofício.
Depois, a recordação do pai de Nuno Gomes, desaparecido em Agosto, mas presente no coração dos que o amaram, como é o caso dos filhos.
A seguir ainda, a emoção do capitão encarnado, num pequeno momento de descontrolo resultante não só da dedicatória ao progenitor, como da própria obtenção do golo, apenas 3 minutos após ter entrado em campo para jogar meia dúzia e não mais.
Mas particularmente significativa para mim foi a reacção dos companheiros de equipa, que imediatamente correram para Nuno Gomes, o rodearam e abraçaram, no mais genuíno e afectuoso dos festejos dos golos do clube da Luz – dentro e fora de campo.
Se parasse para pensar, Jesus veria neste sinal o gelo que o espera se não puder evitar que a casa venha abaixo. A “morte” de um símbolo, sem motivos entendíveis, é um “crime” que os adeptos o farão expiar.
Um golo em nome do Pai.
1 comentário:
Caro professor,
Revejo-me, inteiramente, no seu post. Acrescentaria que, numa época menos boa, como está a ser a actual, Nuno Gomes poderia ser uma peça ainda mais importante dentro do relvado, já que poderia trazer maior tranquilidade e experiência à equipa. Com isto, não digo que ele tenha de ser titular, mas que poderia jogar mais, podia.
As comparações valem o que valem, mas vejamos a gestão de balneário de Villas Boas. Todos os jogadores do FCP têm jogado, existindo uma gestão do esforço e emocional do plantel, levando a que, quando necessário, qualquer jogador entre na equipa e a mesma não perca qualidade/rentabilidade.
Enquanto Jesus (e não estou a sacrificá-lo) prefere ter uma equipa-tipo, onde jogam sempre os mesmos, não havendo grande rotação. Isso, está a acontecer nesta época, mas aconteceu durante toda a época anterior.
Um grande abraço,
João
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