04 junho, 2009

Tiananmen

TIANANMEN - 20 ANOS

A extraordinária coragem do estudante chinês a enfrentar uma coluna de carros de combate do Exército Chinês.
in “Frankfurter Allgemeine Zeitung” -
http://www.faz.net/

Há 20 anos, a 4 de Junho de 1989, na Praça de Tiananmen, em Pequim, o Exército Popular de Libertação carregou sobre milhares de manifestantes pró-democracia, na sua maioria estudantes universitários. Largas centenas, provavelmente milhares, de pessoas foram mortas. Milhares desapareceram, foram presas ou silenciadas. Com elas morreu também o sonho de um degelo chinês à la Gorbachev.

Cinco meses mais tarde, na Alemanha, o Muro de Berlim desmoronou-se. Na China, a Muralha abanou mas não caiu.

Em 2009, a luta pela democracia e pela liberdade está largamente esquecida. O mundo está fascinado com a ascensão económica da China e reconhece-lhe, por antecipação, o estatuto de potência política mundial. A admiração com o sucesso económico e a ganância por um quinhão do mega-mercado de 1.3 biliões de consumidores obnubila o pensamento e a falta de clarividência leva à convicção de que a República Popular da China é uma potência benfazeja.

A opressão interna, o monopólio do poder político pelo Partido Comunista, a inexistência de direitos políticos e individuais, a agressividade de certas vertentes das políticas externa e militar da China, o crescimento imparável do seu potencial bélico desfazem essa convicção.

A memória obliterada de Tiananmen deveria eliminar quaisquer dúvidas. O poder comunista de Pequim é totalitário e potencialmente perigoso. O timing da queda da máscara será o do interesse nacional e estratégico da China e pode demorar muito tempo. Afinal, o tempo tem um significado diferente no Ocidente e no Oriente.
Frente a frente, a Estátua da Liberdade de Pequim e Mao Tsé Tung. in “Frankfurter Allgemeine Zeitung” - http://www.faz.net/

P.S. Agradeço à Cláudia o envio do link donde retirei estas fotos. Facilitou-me o trabalho.

6 comentários:

freitas pereira disse...

Pois sim, já lá vão vinte anos !

Tem razão, vinte anos depois a China mudou bastante.

Mas a liberdade política, e sobretudo a liberdade simples, sim aquela normal e que é em principio “embedded” com as leis do mercado, esta liberdade ainda não é de actualidade na China.

O “ laogai” e o escravo dos trabalhadores pobres, eles, continuam a ser de actualidade.

Para que os trabalhadores pobres da Europa possam comprar os trapos baratinhos e esqueçam de se revoltar também face à deliquescência do nosso tecido social.

Para que Zidane e os seus amigos e colegas internacionais continuem a pavonear-se e empanturrar-se com as publicidades “gordorosamente” pagas pelos fabricantes de “Nikes” e outras célebres marcas, fabricados nas fabricas tipo campos de concentração dignas do Zola do século da miséria.

Para que os accionistas que olham disfarçadamente para o lado possam meter no bolso mais de 15% de ROI por ano.

Aliás recordo de ter ouvido um destes esclavagistas dizer na televisão dessa época , logo após a repressão sangrenta : “ Basta, que eles parem agora com essas estupidezes, porque isso não é bom para os negócios.

Claro que não foi o filho dele que se fez transformar numa pasta de carne e de sangue ou acabou com uma bala na nuca.

Entretanto, a China organizou os Jogos Olímpicos e é uma potência respeitável com quem o mundo inteiro sonha de comerciar.
O mundo do mercado, esse mesmo que agora está em transes com a sua finança de rastos.

A China que mantém de pé a outra grande potência : os USA, que sem a ajuda dos Chineses compreensivos que continuam a comprar o “papel” do tesouro americano no fim de cada mês, cairia definitivamente. Como a GM e a Chrisler !Pobre mundo, Caro Amigo.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro amigo,
Obrigado pelo seu excepcional comentário que aqui deixou.

Anónimo disse...

Assim é.
Os argumentos da força pisam de forma atroz a força dos argumentos! Assim é a política!

Cláudia

Anónimo disse...

Olá Professor,

Haja alguém que nos lembre o passado recente!!!!!

Helena Dias Noites

Rui Miguel Ribeiro disse...

Cláudia:
Assim é nos regimes totalitários.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Helena!
Obrigado. É um problema recorrente a curta memória histórica. Fosse ela melhor e alguns problemas seriam evitados.