14 junho, 2009

Direita Volver

DIREITA VOLVER


in "The Economist", 11 June  2009

 
Os partidos de direita e centro-direita venceram as Eleições Europeias em 20 dos 27 Estados-Membros da União Europeia, incluindo a Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha, Polónia e Holanda, ou seja, os 7 maiores países. Os partidos socialistas/trabalhistas perderam em toda a linha, sendo nalguns casos esmagados (Alemanha, Reino Unido, Hungria e até em Portugal).

Os partidos radicais (de direita e esquerda) registam ganhos significativos em vários países, como o Reino Unido, Holanda, Portugal, Itália, Hungria, Dinamarca, Finlândia, Áustria e Eslováquia.

A abstenção nestas eleições foi de 57%, batendo novo record de afastamento das urnas na Histórias de 30 anos de eleições directas para o Parlamento Europeu.


VITÓRIA DA DIREITA
Estes resultados contrastam de forma impressionante com os gritos de alarme e de triunfalismo que se ouviram da esquerda quando rebentou a crise financeira no ano passado. Alarme perante os excessos do capitalismo selvagem, a ganância dos investidores e a própria existência de mercado e de iniciativa e criatividade privada que fugisse ao estrito controle do Estado (que é intrinsecamente sábio e bom como se sabe). Triunfalismo porque, como disse José Sócrates, o liberalismo abriu falência e o socialismo estatizante está de volta e em força.

Pelos vistos, a maioria dos cidadãos na maioria dos países europeus não pensa exactamente assim. Eu sei que a direita europeia não é um paradigma de liberalismo económico, mas é o mais próximo que se pode encontrar no Velho Continente. E os resultados foram tão homogéneos e até avassaladores de Londres a Roma, de Lisboa a Varsóvia, que se pode considerar que os valores mais liberais para a economia e mais conservadores na segurança e na sociedade triunfaram em toda a linha. O que é manifestamente bom.

ASCENSÃO DOS RADICAIS
Os diversos radicalismos que pululam pela Europa fora, tiveram umas boas eleições. Fascistas, Comunistas, racistas, eco-radicais, piratas todos registaram sucessos, ora subindo votações e elegendo mais representantes, ora conseguindo eleger deputados pela primeira vez. O cenário é clássico: recessão e crise económica, desemprego ascendente e rendimentos decrescentes, grandes comunidades imigrantes pouco integradas e receitas idênticas e sem grande esperança dos partidos do mainstream. Resultado: procura de alternativas onde elas existem, cada vez mais longe do centro.

NÃO VOTAMOS
A cada eleição directa para o Parlamento Europeu, a abstenção sobe, atingindo nalguns países valores estratosféricos: Eslováquia – 81%; Lituânia – 79%; Rep. Checa – 72%. 57% dos Europeus não se deu ao trabalho de votar e em cerca de 20 países a abstenção superou os 50%. Se dúvidas houvessem, os eleitorados tornaram a demonstrar o seu empenho no processo de construção e integração europeia e no reforço dos poderes do PE. Só não vê quem não quer. E quem não quer ver, recusa-se a tirar as ilações devidas perante estes números…

6 comentários:

Ricardo Lima disse...

E bem precisamos. Os casos extremos de submissão aos partidários de Maomé em países como a Holanda e o Reino Unido são inadmissíveis. Estes países actualmente estão para a Europa Ocidental como o enclave da Constantinopla Bizantina esteve durante muitos anos para os Otomanos. Quase que dois corpos estranhos à Europa. A questão é que não são apenas 2 case studies singulares. São, provavelmente, uma previsão do que acontecerá por todo o velho continente, e não só com imigrantes muçulmanos, com esta continuidade de politicas de imigração descontroladas, uma segurança desleixada e políticos moles e abraçadores do multiculturalismo. Que esses senhores nunca tenham lido Huntington é uma coisa. Que nós soframos com isso já é outra.
E Portugal já sente o peso dos seus erros. Uma polícia descredibilizada por uma lado pela sua inacção e por outro por acções que em nada lhe competem. Os ghettos suburbanos a abarrotar de crime e miséria puderam ser ignorados até a caixa de pandora se abrir e essa onda de crimes se espalhar até ao quotidiano do centro da cidade. O RSI, que não lembra nem ao diabo, criou ociosos e ajudou ao buraco financeiro do Estado. E contudo as remessas de brasileiros e africanos, gente do leste, muitos dos quais com cadastro, continuam. A polícia paralisa com a ineficácia duma justiça que liberta os detidos umas horas depois. E com as despesas inúteis do Estado (estatizações, subsídios, ineficácia burocrática, centralização) ainda vêm vozes criticar a nossa política no plano externo, ainda para mais quando a nossa participação na NATO tem sido tão humilde e infeliz.

Santana volta, estás perdoado...

PVM disse...

Uma interpretação um bocado diferente (da elevada abstenção): como o "centro-direita" ganhou em toda a linha, terão sido mais as "esquerdas" a engrossar a abstenção. Ilação nº. 1: as esquerdas não são europeístas; ilação nº. 2: se houvesse mobilização das "esquerdas" para penalizar o "neo-liberalismo" nas urnas, tinham ido votar.

Cláudia Ramos disse...

Huumm... a risca ao meio direita-esquerda parece-me curta para analisar os resultados destas eleições. Como a conexão direita logo liberalismo económico e tb. conservadorismo... Não haverá, porventura, mais ênfase no conservadorismo social e político do que no liberalismo económico na dita "direita"? Porventura associados até a um bocadinho de nacionalismo? Já reparaste para onde foram os conservadores ingleses? (manifesto eleitoral em http://www.conservatives.com/Policy/European_Election_Manifesto.aspx).
E ganhou a abstenção: não esquecer!
Cláudia

freitas pereira disse...

Sem duvida, nunca a abstenção foi assim tão considerável, retirando toda a legitimidade a este « Parlamento » que acaba de ser eleito, pondo mesmo em causa o modo do escrutínio.
A taxa de abstenção de 57% à escala da União Europeia, aumentou mesmo em relação às eleições de 2004.


As forças políticas europeias que se alarmam desta hyper-abstençao devem tirar todas as consequências, se elas dão realmente valor à democracia como elas pretendem. Elas devem portanto começar por dizer que o Parlamento europeu não é legitimo. O silêncio significaria uma mascarada. Em seguida estas forças políticas deveriam, pelo simples raciocínio dedutivo e em pura lógica, por as questões seguintes:

Como este “Parlamento” que em principio representa os povos dos países membros da União Europeia poderá representar povos que não votaram por ele ?

Como um tal Parlamento assim tão mal eleito, do qual nos diziam durante a campanha eleitoral que ele iria dispor de mais poderes , poderá afirmar-se face ao Conselho e à Comissão Europeia?

Como um Parlamento assim ilegítimo poderá legislar como se nada se tivesse passado ? Que valerão as leis assim votadas ?

Como crer que se pode construir uma qualquer união europeia na indiferença ou mesmo hostilidade dos povos ?

freitas pereira disse...

Sem duvida, nunca a abstenção foi assim tão considerável, retirando toda a legitimidade a este « Parlamento » que acaba de ser eleito, pondo mesmo em causa o modo do escrutínio.
A taxa de abstenção de 57% à escala da União Europeia, aumentou mesmo em relação às eleições de 2004.


As forças políticas europeias que se alarmam desta hyper-abstençao devem tirar todas as consequências, se elas dão realmente valor à democracia como elas pretendem. Elas devem portanto começar por dizer que o Parlamento europeu não é legitimo. O silêncio significaria uma mascarada. Em seguida estas forças políticas deveriam, pelo simples raciocínio dedutivo e em pura lógica, pôr as questões seguintes:

Como este “Parlamento” que em principio representa os povos dos países membros da União Europeia poderá representar povos que não votaram por ele ?

Como um tal Parlamento assim tão mal eleito, do qual nos diziam durante a campanha eleitoral que ele iria dispor de mais poderes , poderá afirmar-se face ao Conselho e à Comissão Europeia?

Como um Parlamento assim ilegítimo poderá legislar como se nada se tivesse passado ? Que valerão as leis assim votadas ?

Como crer que se pode construir uma qualquer união europeia na indiferença ou mesmo hostilidade dos povos ?

freitas pereira disse...

Peço desculpa pela repetiçao do "post".