THE OBAMA FLOP
Jeremiah Wright e Barack Obama.
in The Economist
O Senador Barack Hussein Obama entra no dia das eleições dos Estados Unidos à frente na corrida presidencial. É pena.
É pena porque Obama é, na melhor das hipóteses, um grande ponto de interrogação. Na pior, é um dos maiores logros da história política recente.
1- Tem uma atitude arrogante perante o eleitorado hostil e os adversários, sejam eles John McCain, George W. Bush, ou Hillary Clinton. O seu comentário sobre os brancos da Pennsylvania rural que se agarravam à religião e às armas é ilustrativo. Pior, tem o comportamento de virgem ofendida perante as críticas dos adversários, como se fosse possível estar imune a ataques.
2- Proclama-se portador de mudança e de uma forma pós-partidária de fazer política. No entanto, a sua campanha fez inúmeros anúncios e declarações falsas e desonestas sobre os adversários, de que é bem exemplo a insistência de que McCain queria os EUA a combater no Iraque durante 100 anos.
3- Oportunismo e hipocrisia. Cedo na campanha prometeu que aderiria ao sistema público de financiamento de campanhas se o candidato Republicano também o fizesse. McCain fê-lo, mas Obama, ciente de que recolhia muito, muito mais dinheiro permanecendo fora do sistema, esqueceu a promessa.
4- Tem o historial mais liberal, leia-se esquerdista, do Senado dos Estados Unidos.
5- Tem o curriculum mais minúsculo e irrelevante da história recente de candidatos presidenciais: 4 anos no Senado, zero de actividade legislativa de relevo.
6- Irresponsável em política de defesa e externa: retirada a curto prazo do Iraque (pelo seu plano original, já não haveria tropas americanas no Iraque) e negação do sucesso evidente da surge de tropas dos EUA no Iraque. Os seus propósitos negociais com o Irão e outros regimes totalitários são ingénuos, no mínimo.
7- Céptico do liberalismo económico, ameaça pôr em cheque a NAFTA (North American Free Trade Association que reúne EUA, Canadá e México) e apoiou a rejeição do acordo comercial com a Colômbia, um dos mais importantes aliados dos EUA na América do Sul.
8- Change, change é um dos slogans menos originais que se pode imaginar. Quantos políticos pró esse mundo já apregoaram a mudança como um dos seus slogans eleitorais? Pacoviamente, alguns políticos europeus adoptaram-no como se tratasse de uma criativa inovação. Yes we can é básico e reflecte a superficialidade e o cariz socialite da campanha de Obama.
9- Ligações perigosas: Rezco, o corrupto que apoiou Obama na política de Chicago, William Ayers, o terrorista arrependido por não ter matado e destruído mais e Jeremiah Wright, o reverendo racista e anti-americano são três presenças inaceitáveis na vida política e social de Obama. O caso do reverendo é vergonhoso: o homem que veio para cicatrizar as feridas raciais, tinha como guia espiritual durante 20 anos, um sujeito que prega o racismo e que acusa o governo dos EUA de criar o HIV para praticar o genocídio dos negros americanos. Acrescente-se que a não utilização desta ligação por McCain foi talvez o seu erro mais nefasto nesta campanha. Esta omissão jamais teria ocorrido numa situação inversa.
10- Barack Obama é convencido para lá do aceitável: frases como “sou aquele que vocês esperavam”, “gerações olharam para trás e dirão aos filhos que ESTE foi O momento” e este é o momento em que os oceanos começaram a baixar”, mostram um indivíduo pretensioso numa escala delirante.
Por tudo isto, Barack Obama é uma má escolha presidencial. Vai beneficiar de uma conjuntura política e económica altamente favorável aos Democratas, da sua capacidade oratória e da protecção dos mainstream media, que nunca exploraram os seus pontos fracos e contradições. Méritos próprios: notável carisma, grande eloquência, projecção de uma imagem positiva e serena, grande racionalidade e uma ambição sem limites.
Pouco, mas aparentemente suficiente para chegar à Casa Branca.
P.S. Apesar da análise que aqui deixo, penso que Obama vai desiludir muitos dos seus apoiantes nos EUA e, principalmente, no estrangeiro, caso ganhe. O peso do lugar e o seu calculismo político farão com que governe de forma a pensar em 2012 e talvez um pouco longe dos radicalismos da sua plataforma original. É óbvio que os milhares que o aplaudiram em Berlim e lhe tecem loas por essa Europa fora, provavelmente estarão a rogar-lhe pragas daqui a dois anos, mas isso faz parte da ingenuidade das elites esquerdistas bem pensantes, dum e doutro lado do Atlântico. Se, por outro lado, seguir a sua agenda e a dos Democratas que controlam hoje o partido, provavelmente será cilindrado em 2012.