O REGRESSO DO URSO
Em 1989 o Urso Soviético recebeu um golpe fatal e em 1991 sofreu o golpe de misericórdia. Mais de uma década volvida, o urso russo está de regresso, e com algum estrondo!
Esse regresso traduz-se numa política externa mais assertiva, frequentemente agressiva, recorrendo ao Power Politics, isto é, centrando essa política nas relações de poder e na utilização do poder próprio nas relações com terceiros.
Essa política tem sido sustentada, no plano externo, num tripé:
1- Antes de tudo, o poderio energético (gás natural e petróleo) da Rússia, potenciado pelos elevados preços atingidos pelos hidrocarbonetos nos mercados mundiais nos últimos 4 anos.
2- O poderio militar russo (o real e o inflacionado) que tem sido usado sob a forma de ameaças mais ou menos veladas contra vizinhos ocidentais (Polónia, Rep. Checa, Estónia) e sob a forma de guarnições residentes nos vizinhos mais vulneráveis, como a Geórgia e a Moldova.
3- No estatuto internacional de grande potência de que goza a Rússia, que decorre dos poderes supra-mencionados, do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU e da própria História da Rússia/URSS.
Tanto ou mais importante, é a base interna que suporta a nova postura da Rússia nas Relações Internacionais. Neste plano, o factor decisivo é o regresso do poder central forte, avassalador mesmo, que está presente em toda a História da Rússia/União Soviética, excepto precisamente no final da Guerra Fria e na década subsequente.
Esse poder autoritário com legitimidade eleitoral que Vladimir Putin exerce hoje na Rússia, funda-se num aparelho policial, distante do KGB mas suficientemente omnipresente e persuasivo para dissuadir ou abafar as principais dissidências, no controle dos media e do sistema judicial e ainda dos pilares do poder económico russo e, finalmente, numa indiscutível popularidade de Putin, que deve tanto aos condicionamentos referidos, quanto às frustrações da orfandade imperial e ao caos sócio-económico da década de Yeltsin.
É com o regresso deste urso que o resto do mundo tem de lidar e, para tal, tentar compreender as respectivas motivações e objectivos.
Esse regresso traduz-se numa política externa mais assertiva, frequentemente agressiva, recorrendo ao Power Politics, isto é, centrando essa política nas relações de poder e na utilização do poder próprio nas relações com terceiros.
Essa política tem sido sustentada, no plano externo, num tripé:
1- Antes de tudo, o poderio energético (gás natural e petróleo) da Rússia, potenciado pelos elevados preços atingidos pelos hidrocarbonetos nos mercados mundiais nos últimos 4 anos.
2- O poderio militar russo (o real e o inflacionado) que tem sido usado sob a forma de ameaças mais ou menos veladas contra vizinhos ocidentais (Polónia, Rep. Checa, Estónia) e sob a forma de guarnições residentes nos vizinhos mais vulneráveis, como a Geórgia e a Moldova.
3- No estatuto internacional de grande potência de que goza a Rússia, que decorre dos poderes supra-mencionados, do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU e da própria História da Rússia/URSS.
Tanto ou mais importante, é a base interna que suporta a nova postura da Rússia nas Relações Internacionais. Neste plano, o factor decisivo é o regresso do poder central forte, avassalador mesmo, que está presente em toda a História da Rússia/União Soviética, excepto precisamente no final da Guerra Fria e na década subsequente.
Esse poder autoritário com legitimidade eleitoral que Vladimir Putin exerce hoje na Rússia, funda-se num aparelho policial, distante do KGB mas suficientemente omnipresente e persuasivo para dissuadir ou abafar as principais dissidências, no controle dos media e do sistema judicial e ainda dos pilares do poder económico russo e, finalmente, numa indiscutível popularidade de Putin, que deve tanto aos condicionamentos referidos, quanto às frustrações da orfandade imperial e ao caos sócio-económico da década de Yeltsin.
É com o regresso deste urso que o resto do mundo tem de lidar e, para tal, tentar compreender as respectivas motivações e objectivos.
4 comentários:
Caro Senhor Rui Miguel Ribeiro
A rápida analise que faz da URSS, antes de passar à Rússia, leva-me a fazer a pergunta seguinte: De quais outros meios a URSS podia dispor no contexto da guerra fria. Transformar-se numa Democracia ?
Era praticamente impossível para um mosaico étnico como a URSS de fazer concorrência ao poder Americano sem ter um regime forte (totalitário no sentido em que só um regime forte é capaz de manter une certa coesão entre todas as partes).
Aliás vê-se bem que foi graças a explosão da Democracia que a URSS explodiu ,pondo assim fim à sua capacidade de fazer concorrência aos USA como potência mundial.
Creio que a maior decepção da época post-comunista foi a incapacidade do Ocidente e
particularmente a Europa, de construir uma relação de confiança com a Rússia.
A maioria dos expertos e homens de influência esperavam que após a confusão do inevitável período de transição, a Rússia se aproximasse e entrasse mesmo num parteniarato estratégico e económico , baseado nos valores e interesses comuns.
Mas na realidade a Rússia vai certamente desempenhar o mesmo papel que De Gaulle no passado, isto é, ser um parceiro difícil, conciliando ao mesmo tempo o seu desejo de independência e as realidades do mundo moderno.
E tendo em atenção que o povo Russo evolui também numa direcção que não é talvez a esperada: - uma sondagem recente indicaria que mais de metade dos Russos preferem a economia planificada que a economia de mercado. E quanto aos que dão a preferência à economia de mercado, a proporção passou de 40% há dez anos, a 29% hoje. E os 15% de votos do Partido Comunista nesta ultima eleição são uma indicação importante .
O Povo Russo é um grande povo e há que acompanhar a evolução , porque o nosso futuro, o futuro da Europa ,depende dele também.
Partenariato ( que coisa horrível !) onde deveria ser parceria, (isso sim !) é uma vingança de Molière! De certo que posso contar com a indulgência de todos. Obrigado... e desculpas a Camões !
Caro Sr. Freitas Pereira
Agradecendo o seu comentário, gostava de dizer o seguinte:
A URSS era intrinseca e geneticamente totalitária desde a sua criação. A natureza do regime antecede a e é independente da Guerra Fria.
Realmente o Ocidente teve/tem dificuldades em encontrar o registo certo para lidar com a Rússia pós-soviética, do mesmo modo que esta tarda em encontrar o seu rumo. Sim, porque a actual arrogância de Moscovo assente, em boa parte, nos gordos proveitos dos hidrocarbonetos, situação que tanto pode ser duradoura, como efémera.
Da importância da Rússia no futuro da Europa e também do mundo, estamos de acordo. O papel que vai desempenhar é que permanece, pelo para mim, bastante obscuro.
Ao deixar aqui os meus votos de Natal ao autor deste « blog »,e aos seus leitores, não resisti à tentação de actualizar o meu comentário precedente, à luz da eleição de Putine como “Homem do Ano” pela revista “Time”.
Após séculos de tsarismo, 74 anos de comunismo e uma década de anarquia e de opressão Eltsiniana, é preciso notar que “ Time ” não atribuiu este prémio sob o signo da virtude.
Mas, como explica este magazine, “Why we choose Putin”, “ o mestre do Kremlin escolheu a ordem antes da liberdade”.
A Rússia volta pouco a pouco à ordem e ainda é muito cedo para dizer que um pais que recupera apenas dos seus desastres possa ser considerado um parangona da liberdade.
Alias, um outro exemplo, para quem conhece um pouco a China, mostra bem que o crescimento económico não significa simetricamente a democracia.
Sabemos portanto, que Putine continuara indirectamente como mestre do Kremlin durante os próximos quatro, oito anos. Sem avalizar as derivas do seu regime, convém, como diz o Snr. Rui Miguel Ribeiro, acompanhar a evolução do urso russo e prepararmo-nos a trabalhar com ele e com uma Rússia regenerada.
Isto porque em matéria energética, militar e económica, este pais conta. E situado entre a o Ocidente e o Oriente, será um aliado de peso em frente da subida do islamismo radical na Ásia Central e a potência Chinesa.
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