PROLIFERAÇÃO NUCLEAR
OS PADRINHOS E OS AFILHADOS II
OS PADRINHOS E OS AFILHADOS II
O PADRINHO.
A 31 de Julho, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, na sua reunião nº 5500, aprovou por unanimidade a Resolução 1696 (UNSC Resolution 1696). O objecto da Resolução foi o programa nuclear do Irão.
Baseada na proposta elaborada pelos 5+1 (os 5 membros permanentes, EUA, Rússia, Reino Unido, França e China, mais a Alemanha), a Resolução 1696 é bastante clara:
“The Security Council, […]
2. Demands, […] that Iran shall suspend all enrichment-related and reprocessing activities, including research and development, to be verified by the IAEA;
[…]
7. Requests by 31 August a report from the Director General of the IAEA primarily on whether Iran has established full and sustained suspension of all activities mentioned in this resolution […];
8. Expresses its intention, in the event that Iran has not by that date complied with this resolution, then to adopt appropriate measures under Article 41 of Chapter VII of the Charter of the United Nations to persuade Iran to comply with this resolution and the requirements of the IAEA, and underlines that further decisions will be required should additional measures be necessary; […].”
Estamos a 9 de Setembro e nem é necessário o relatório da IAEA: o próprio Irão já confirmou que a sua actividade no domínio do nuclear prossegue imperturbada e até inaugurou há dias uma fábrica de água pesada que lhe facilitará a produção de plutónio.
Não há, portanto, muito a fazer: o Conselho de Segurança deveria já ter aprovado a Resolução 1707 que, conforme prevê o referido Art. 41, deveria impor um conjunto de medidas de carácter não militar contra Teerão, nomeadamente, sanções económicas.
Alto! Estou enganado! Esqueci-me que a cobardia vigente apela a que se prossiga a via diplomática. Quando esta falha, continua-se. Quando atinge a ruptura, insiste-se. Quando não resulta, tenta-se outra vez. Quando se chega a um beco sem saída, recomeça-se tudo de novo. O que importa é seguir a via diplomática….»
Baseada na proposta elaborada pelos 5+1 (os 5 membros permanentes, EUA, Rússia, Reino Unido, França e China, mais a Alemanha), a Resolução 1696 é bastante clara:
“The Security Council, […]
2. Demands, […] that Iran shall suspend all enrichment-related and reprocessing activities, including research and development, to be verified by the IAEA;
[…]
7. Requests by 31 August a report from the Director General of the IAEA primarily on whether Iran has established full and sustained suspension of all activities mentioned in this resolution […];
8. Expresses its intention, in the event that Iran has not by that date complied with this resolution, then to adopt appropriate measures under Article 41 of Chapter VII of the Charter of the United Nations to persuade Iran to comply with this resolution and the requirements of the IAEA, and underlines that further decisions will be required should additional measures be necessary; […].”
Estamos a 9 de Setembro e nem é necessário o relatório da IAEA: o próprio Irão já confirmou que a sua actividade no domínio do nuclear prossegue imperturbada e até inaugurou há dias uma fábrica de água pesada que lhe facilitará a produção de plutónio.
Não há, portanto, muito a fazer: o Conselho de Segurança deveria já ter aprovado a Resolução 1707 que, conforme prevê o referido Art. 41, deveria impor um conjunto de medidas de carácter não militar contra Teerão, nomeadamente, sanções económicas.
Alto! Estou enganado! Esqueci-me que a cobardia vigente apela a que se prossiga a via diplomática. Quando esta falha, continua-se. Quando atinge a ruptura, insiste-se. Quando não resulta, tenta-se outra vez. Quando se chega a um beco sem saída, recomeça-se tudo de novo. O que importa é seguir a via diplomática….»
O AFILHADO.
Sem querer abusar da paciência dos leitores, pedia-lhes que lessem este extracto do post UNSC Resolution 1696 publicado no “Tempos Interessantes” no dia 9 de Setembro de 2006:
Não sendo propriamente adivinho, a verdade é que o Conselho de Segurança só aprovou nova Resolução no dia 23 de Dezembro (UNSC 1737)!!! Portanto, 4 meses depois de o Irão ter entrado em infracção da UNSC Resolution 1696!
Como é que o Irão continua a resistir à pressão internacional e prossegue imperturbável com o seu programa nuclear? A resposta é a mesma do post anterior (“Padrinhos e Afilhados I”): o Irão tem um padrinho. Já agora, como é que o Conselho de Segurança demora tanto tempo a reagir e fá-lo de forma branda, para não dizer inócua? A resposta também é a mesma: o Padrinho do Irão é a Rússia, ou seja, tal como a China, membro permanente do Conselho de Segurança com direito de veto.
Há três dias atrás (21/02/07), expirou o prazo dado pela UNSC 1737 para o Irão parar o seu programa nuclear. Tal como se previa, Teerão não só não o parou, como o acelerou, tendo instalado cerca de 400 centrifugadoras nas instalações nucleares de Natanz.
Tal como fez entre Agosto e Dezembro de 2006, a Rússia, com o apoio interessado da China, vai empatar as conversações para se aprovar nova resolução, mitigando-a até ao ponto de a tornar tão inócua quanto possível e salvaguardando os interesses económicos de Moscovo no programa nuclear iraniano. Com um padrinho assim, até um afilhado impertinente como o Presidente Ahmadinejad, se pode dar ao desplante de afirmar que a Resolução 1737 não era mais do que um pedaço de papel. Em abono da verdade, foi das coisas mais acertadas que disse até hoje.
Enquanto o Padrinho Russo lhe apara os golpes, o Afilhado Iraniano vai brincando com o fogo nuclear na região mais explosiva e volátil do planeta. Também aqui, o Padrinho poderá um dia ver que tem um novo vizinho com capacidade nuclear e descobrir que há afilhados ingratos. E vamos vendo a Diplomacia a fingir que resolve e o espectro da guerra a aproximar-se.
Como é que o Irão continua a resistir à pressão internacional e prossegue imperturbável com o seu programa nuclear? A resposta é a mesma do post anterior (“Padrinhos e Afilhados I”): o Irão tem um padrinho. Já agora, como é que o Conselho de Segurança demora tanto tempo a reagir e fá-lo de forma branda, para não dizer inócua? A resposta também é a mesma: o Padrinho do Irão é a Rússia, ou seja, tal como a China, membro permanente do Conselho de Segurança com direito de veto.
Há três dias atrás (21/02/07), expirou o prazo dado pela UNSC 1737 para o Irão parar o seu programa nuclear. Tal como se previa, Teerão não só não o parou, como o acelerou, tendo instalado cerca de 400 centrifugadoras nas instalações nucleares de Natanz.
Tal como fez entre Agosto e Dezembro de 2006, a Rússia, com o apoio interessado da China, vai empatar as conversações para se aprovar nova resolução, mitigando-a até ao ponto de a tornar tão inócua quanto possível e salvaguardando os interesses económicos de Moscovo no programa nuclear iraniano. Com um padrinho assim, até um afilhado impertinente como o Presidente Ahmadinejad, se pode dar ao desplante de afirmar que a Resolução 1737 não era mais do que um pedaço de papel. Em abono da verdade, foi das coisas mais acertadas que disse até hoje.
Enquanto o Padrinho Russo lhe apara os golpes, o Afilhado Iraniano vai brincando com o fogo nuclear na região mais explosiva e volátil do planeta. Também aqui, o Padrinho poderá um dia ver que tem um novo vizinho com capacidade nuclear e descobrir que há afilhados ingratos. E vamos vendo a Diplomacia a fingir que resolve e o espectro da guerra a aproximar-se.