08 fevereiro, 2007

Referendo

REFERENDO

Do meu ponto de vista, o Referendo é um dos instrumentos mais importantes em Democracia. Através dele, os cidadãos podem pronunciar-se de forma decisiva sobre assuntos importantes mas específicos.

Enquanto numas eleições se vota em partidos, candidatos, programas (?), havendo, frequentemente, um razoável grau de incerteza sobre muitas das medidas e políticas concretas que vão ser aplicadas após o acto eleitoral, o Referendo é cristalino: “Quer branco ou preto?” 55% votam “branco”, branco será. Não será “preto” nem sequer “cinzento”, será “branco”.

Por maioria de razão, o Referendo deixa pouca margem de manobra à mentira. Estarão talvez lembrados de um post que escrevi em 21/09/06 sobre a fraude política que é o actual Governo da Hungria (“O Cretino Mentiroso”)
. Nem sequer vou enumerar os compromissos eleitorais do PS e confrontá-los com a sua actuação governativa. Há múltiplos exemplos de referendos realizados em vários países europeus, em que o eleitorado votou em sentido contrário à vontade da grande maioria dos partidos políticos (Dinamarca, Suíça, Suécia, França, Holanda), o que só reforça a importância de participar numa votação que vai além de escolher: decide.

Por tudo isto, a participação no Referendo do dia 11 de Fevereiro é vital: independentemente do que se pense sobre o aborto, não podemos deixar que o instituto do referendo “aborte” devido a uma fraca adesão do eleitorado. Não faltam políticos ansiosos por liquidar a participação referendária, na medida em que esta lhes retira poder e margem de manobra. A Democracia directa não é incompatível com a Democracia representativa, antes a complementa.

Embora não concorde que se possa eleger o Presidente da República e os Deputados com uma participação eleitoral de 30% e que o Referendo só tenha força vinculativa com a adesão de mais de 50% do eleitorado, espero sinceramente que os Portugueses digam no Domingo que querem participar e reivindiquem o direito de serem chamados a Referendo mais amiúde.

P.S. Não querendo desenvolver o tema, também não quero deixar dúvidas no que concerne às minhas opções para este Referendo: Voto NÃO!

16 comentários:

Anónimo disse...

Lamentávelmente, a sua inteligência - que parece ser muita - peca pela sua escolha no que refere ao aborto...
Sendo um homem ainda novo, que lida com juventude (é professor, não é?) e que conhecerá as dificuldades dos jovens, seria de esperar que tivesse uma opinião bem mais inteligente neste assunto (vulgo: Votar SIM!).
De qualquer das maneiras não vou comentar a sua ou a minha opção pois no que diz respeito ao aborto sou violentamente extremista para o lado do Sim, logo, uma confrontação de ideais seria cansativo e demasiado longo, mas deixo só este comentário, que serve tanto para si como para qualquer apoiante do Não:
De certeza que adoram viver em democracia e em liberdade e a lei actual não é nem democrata nem liberal. Enquanto o SIM permite às mulheres fazer uma ESCOLHA (e refiro-me às mulheres exclusivamente, que os homens nada devem ter a dizer nesta decisão) e não condena nem quem faz nem quem não faz abortos, o NÃO pretende perseguir essas mulheres, tapando o sol com a peneira, não dando a hipótese de LIBERDADE DE ESCOLHA. O corpo é das mulheres, for crying out loud!
Cumprimentos e Saudações!

Anónimo disse...

Um referendo/eleição é a forma que os cidadãos têm para demonstrar as suas ideias. Assim, independentemente dos ideais de cada um, no próximo domingo devemos ir, massivamente, votar. Já que votar não é só um direito, é um dever, é, provavelmente, dos actos mais importantes da Democracia!

Anónimo disse...

Apesar de ser secreto, mantenho o meu sentido de voto do último referendo sobre o aborto: SIM.
Toze

Anónimo disse...

Eu também voto asSIM !

Rui Miguel Ribeiro disse...

Comentador de Blogs: Expor a minha posição seria, não só longo e cansativo (e não era esse o objectivo do post), mas também inútil, porque é inútil e contraproducente debater com quem é assumidamente (louve-se a franqueza) "violentamente extremista".
Contudo, deixo uma nota só: a decisão nunca deveria ser, a priori, exclusivamente da mulher. Tenho um filho, que aliás pode ver se recuar 3 posts, de 8 anos, que vive comigo (divorciei-me) desde os 2 anos e meio e espero ter um segundo em Julho/Agosto, e acharia intolerável que uma das mães um dia me dissesse: "Abortei." Por isso, não abdico do meu direito de ir votar amanhã.

Rui Miguel Ribeiro disse...

João Carlos: Diria mesmo, é o mais importante!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Tozé e Joseph K.: Como é óbvio, não concordo e como é mais óbvio ainda, respeito a opção.

Anónimo disse...

Não sei como foi a sua juventude, mas provavelmente alguem abortou de um filho seu e você nunca chegou a saber... Quem não vê... ;)

De qualquer das formas, estou contentíssimo que o SIM tenha ganho, só espero que o Parlamento tenha tomatinhos para legislar em conformidade com a vontade do povo.

Apenas mais uma nota para a ridícula taxa de abstenção deste povo... Inaceitável!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Comentador de Blogs: Realmente você avisou: "sou violentamente extremista para o lado do Sim", embora não pensasse que descesse ao ataque pessoal gratuito e cego, porque, como diz, fala do que não conhece.
Mas eu consigo ser suficientemente tolerante e publiquei o que escreveu. Eu estou tranquilo, como tranquilo fiquei em 1998; então fiquei satisfeito, desta vez tive pena, mas respeito a vontade da maioria e não concebo que o Parlamento não actue em conformidade (não necessariamente à sua maneira).
Já o Sr., está visto que não sabe ganhar, nem quero imaginar como terá sido quando perdeu há 8 anos! Há "democratas" assim: só o são quando ganham.

P.S. Tem razão quanto à abstenção.

Anónimo disse...

Bem parece que o Sim ganhou! Agora, espero que quando esta lei entrar em vigor, seja aplicada em todas as suas alinhas, nomeadamente, na penalização da mulher após as dez semanas (será que os defensores do Sim perceberam que após as dez semanas, a mulher pode ser condenada na mesma?)

Anónimo disse...

Bem parece que o Sim ganhou! Agora, espero que quando esta lei entrar em vigor, seja aplicada em todas as suas alinhas, nomeadamente, na penalização da mulher após as dez semanas (será que os defensores do Sim perceberam que após as dez semanas, a mulher pode ser condenada na mesma?)

Anónimo disse...

Não, eu não tinha percebido...
E agora ? Posso votar outra vez para elas serem devidamente condenadas ATÉ às dez semanas ?

Parece MESMO que o NÂO não sabe perder.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Joseph K.: Não, por agora não pode. Daqui a 8 anos, quiçá... pelo João Carlos falará ele se assim entender, mas eu acho que está enganado quanto ao mau perder. No que me diz respeito, pode ver o comment que escrevi esta tarde que é esclarecedor quanto à minha postura perante a "derrota". Convinha talvez recordar-se da reacção de MUITOS defensores do "Sim" em 1998. E de como muitos procuraram subverter os resultados do referendo por via não referendária durante este hiato.

Anónimo disse...

Caro Rui Miguel,

«Polémica» encerrada.
O desabafo tinha um destinatário óbvio.

Anónimo disse...

Joseph K.: Tenho muita pena que tenha levado a mal o meu coment. Aquilo que eu quero, é que esta lei seja cumprida por parte de todos (é aquilo que até agora não aconteceu com a lei anterior, tanto, da parte dos tribunais, como dos Governos ou mesmo até dos próprios hospitais (muitas mulheres poderiam ter sido salvas, se os hospitais tivessem cumprido a lei, se lhes tivessem dado a oportunidade de abortar dentro daquilo que a lei permitia)). Quanto ao mau perder, pela minha parte, não tenho. Não perdi nada com este referendo, bem pelo contrário, ganhei mais certezas quanto à minha posição em relação a este assunto. Agora, só espero que os dois lados se juntem e não deixem morrer este assunto no esquecimento, como aconteceu há 9 anos.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Joseph K.: Ok. Over and Out!