09 setembro, 2006

UNSC Resolution 1696

UNSC RESOLUTION 1696

 
 

 
in "The Economist", 9 de Março 2006
 

A 31 de Julho, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, na sua reunião nº 5500, aprovou por unanimidade a Resolução 1696 (UNSC Resolution 1696). O objecto da Resolução foi o programa nuclear do Irão.

Baseada na proposta elaborada pelos 5+1 (os 5 membros permanentes, EUA, Rússia, Reino Unido, França e China, mais a Alemanha), a Resolução 1696 é bastante clara:
The Security Council, […]

2. Demands, […] that Iran shall suspend all enrichment-related and reprocessing activities, including research and development, to be verified by the IAEA;
[…]
7. Requests by 31 August a report from the Director General of the IAEA primarily on whether Iran has established full and sustained suspension of all activities mentioned in this resolution […];
8. Expresses its intention, in the event that Iran has not by that date complied with this resolution, then to adopt appropriate measures under Article 41 of Chapter VII of the Charter of the United Nations to persuade Iran to comply with this resolution and the requirements of the IAEA, and underlines that further decisions will be required should additional measures be necessary; […].”
 
Estamos a 9 de Setembro e nem é necessário o relatório da IAEA: o próprio Irão já confirmou que a sua actividade no domínio do nuclear prossegue imperturbada e até inaugurou há dias uma fábrica de água pesada que lhe facilitará a produção de plutónio.

Não há, portanto, muito a fazer: o Conselho de Segurança deveria já ter aprovado a Resolução 1707 que, conforme prevê o referido Art. 41, deveria impor um conjunto de medidas de carácter não militar contra Teerão, nomeadamente, sanções económicas.

Alto! Estou enganado! Esqueci-me que a cobardia vigente apela a que se prossiga a via diplomática. Quando esta falha, continua-se. Quando atinge a ruptura, insiste-se. Quando não resulta, tenta-se outra vez. Quando se chega a um beco sem saída, recomeça-se tudo de novo. O que importa é seguir a via diplomática, o que neste caso, significa o seguinte:

1- Reino Unido, Alemanha e França negoceiam com o Irão que congela o enriquecimento de urânio.
2- Reino Unido, Alemanha e França apresentam propostas conducentes à resolução do problema. O Irão rejeita e retoma o programa nuclear.
3- Novas tentativas negociais são feitas pela Rússia, pelo Secretário-Geral da ONU e pelos chamados 5+1, que apresentam uma proposta, que Teerão rejeita.
4- O Conselho de Segurança aprova a UNSC 1696. O Irão não a respeita.
5- Annan e o caricato Javier Solana correm para Teerão para retomar o processo diplomático. Rússia e China dão a entender que vetarão sanções. Os Europeus parecem começar a vacilar.
6- O Ayatollah Ali Khameney e o Presidente Ahmadinejad, que já tinham visto o making of deste filme, continuam alegremente a aceitar prosseguir as negociações, desde que isso não interfira na continuação do seu programa nuclear.

É óbvio que, desta forma, a única coisa que restará para negociar será a data do primeiro teste nuclear iraniano. Se não fosse tão grave, dava vontade de rir!

3 comentários:

Anónimo disse...

Tudo claro: em força, e com toda a artilharia, para o Irão!
Mas como os polícias do mundo só batem nos fracos, é duvidoso que afinem a artilharia para Teerão e outras cidades iranianas.
PVM

Rui Miguel Ribeiro disse...

Não é assim tão claro. Falei apenas em sanções. A diplomacia é inócua e inconsequente se ficar pelas retórica e não tiver vontade e capacidade política que a credibilizem. É óbvio que, se se dá um deadline ao Irão, o dia passa e nada acontece, os Iranianos riem-se.
Quanto à artilharia, não pode ser excluída pelos mesmos motivos. Mas isso tem outro timing e terá outro post...

Anónimo disse...

Estive a ler o seu último Post (Padrinhos e Afilhados II) e vim ler este e é notável a precisão das suas previsões: tudo parece bater certo. Vamos ver daqi para a frente... Entretanto, Parabéns!
Cristina