11 setembro, 2006

Portugal no Líbano

PORTUGAL NO LÍBANO


Embora essa posição me coloque em má companhia político-partidária (embora as razões sejam bem diferentes), sou da opinião que Portugal não devia integrar a UNIFIL, ou seja, não deveria enviar tropas para o Líbano.

Portugal não tem qualquer tradição de intervenção na região, nem tem nenhum interesse estratégico ou político para estar presente. A missão da UNIFIL destina-se ao fracasso (oxalá me engane) e não será por acaso que só não se escapuliu quem não pôde, quem foi atrás do prestígio dos comandos e/ou por obrigação não tinha escapatória, ou ainda, quem por impulsos ideológicos difusos ou por ingenuidade avançou de forma mais voluntarista.

Penso que Portugal decidiu avançar por um motivo diferente: sempre sensível às vontades das potências continentais, o PS achou que devia ser solidário com o esforço europeu (?!?). É claro que o esforço não é europeu, no sentido de União Europeia, e depende da vontade, capacidade e interesse dos Estados-Membros, mas há quem goste de se iludir com estes devaneios. Paciência!

É evidente que o cerne do problema libanês está na existência de um Hezbollah que funciona como um estado dentro do estado e que, nem o Líbano, nem a UNIFIL têm vontade/capacidade/coragem para desarmar o movimento xiita. O que significa que o problema continuará a larvar e a corromper o tecido político e nacional libanês e a provocar urticária em Israel.

Creio que o Hezbollah não terá nenhum interesse em provocar os Israelitas nos próximos tempos, mas se isso vier a acontecer (até por pressão da Síria ou do Irão), vamos lá ver o que a “robusta” UNIFIL vai fazer no campo de batalha israelo-libanês…


P.S. Para cúmulo, o contingente português poderá ficar sob comando espanhol! Eu sei que já passaram uns anos desde Aljubarrota e a Restauração, mas a verdade é que este é um assunto sensível. Senão fosse, nem sequer era notícia. Também não é um acaso, e muito menos agradável, a sobranceria com que o MNE espanhol deu por adquirido que as tropas portuguesas ficariam sob comando espanhol. Por favor, ponham os soldados de Portugal sob comando italiano!

3 comentários:

Anónimo disse...

Ai o primarismo anti-espanhol...(fora do domínio do racional)
PVM

Anónimo disse...

Continuamos a ser os "trolhas" do resto da Europa e dos EUA... É triste ver o nosso país com cada vez menos espinha dorsal. É uma adaptação do "Simon says": o "Bush says"....

Rui Miguel Ribeiro disse...

Não, não é. É Real Politik. Da mesma forma que o presente ibérico é muito diferente do passado, nada nos garante que o futuro não possa ser bem distinto do dia de hoje. Pelo seguro, há princípios que se devem manter e precedentes que não se devem abrir.