28 agosto, 2006

A Farsa de Setúbal

A FARSA DE SETÚBAL
 
Repentinamente, está muita gente preocupada com Setúbal e com o PCP.

Estão preocupados com Setúbal porque acham que os Setubalenses foram defraudados pela demissão do seu Presidente da Câmara 10 meses depois de ser reeleito.

Estão preocupados com o PCP, porque este solicitou ao dito Presidente da Câmara que abandonasse o cargo para “permitir o refrescamento da equipa e o relançamento do projecto comunista para Setúbal”.

Estamos perante uma dupla farsa. A preocupação com Setúbal, resume-se ao posicionamento político-partidário para o pós-Carlos Sousa, recheada de hipocrisia porque, seja qual for a motivação do eleitor, a realidade jurídica é que ele vota na lista de um partido e não no sujeito X, Y, ou Z. Ou seja, foi o Partido Comunista e não Carlos Sousa quem ganhou as eleições de 2005. O espantoso é que isto mesmo foi defendido por PSD e CDS em 2004, quando Durão Barroso foi para a CE e Santana Lopes para São Bento: a legitimidade da maioria parlamentar PSD/CDS em propor um novo Primeiro-Ministro. Muda-se o cenário, altera-se a opinião!

Em relação ao PCP, o caso é mesmo hilariante. O espanto de partidos e comentadores com a prepotência do Politburo, ou do Comité Central!!! Mas será que eles nunca perceberam que o PCP é um partido iminentemente totalitário (como o PSR, a UDP, o BE, o MRPP, etc) no seu ideário, nas suas origens e nas suas práticas, que se adapta, por incontornável necessidade, ao regime democrático? Daaaah!

Também por isso, para escândalo de alguns que defendem nas eleições locais se vota nas pessoas e não nos partidos, sempre defendi que nunca votaria no PCP ou noutros partidos totalitários, por muito estimável que seja o respectivo candidato. Se concorre pelo PCP, tem de ter pelo Comunismo alguma simpatia, afinidade, adesão, convicção. Senão tem, é um pateta e/ou um ingénuo. Seja qual for o caso, jamais terá o meu voto!

P.S. Será que agora haverá mais algumas almas que se convencerão que o Fascismo não é a única ideologia totalitária disponível no mercado das ideias políticas?

3 comentários:

Luis Cirilo disse...

Nessa matéria só faço um comentário: Lembro-me da argumentação do PC quando Pedro Santana Lopes foi para primeiro ministro e deixou Carmona Rodrigues á frente da Câmara de Lisboa.
Queriam eleições antecipadas para a autarquia com base numa questão de legitimidade.
Não tinham razão !
Mas tinham,agora,obrigação de serem coerentes.

Anónimo disse...

Mas algum partido é coerente quando lhe tocam nos seus interesses instalados?
Cristina

Rui Miguel Ribeiro disse...

É precisamente esta falta de coerência, a existência de 2 pesos e 2 medidas que descredibiliza os partidos e os políticos.