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11 março, 2020

Idlib em Moscovo


IDLIB EM MOSCOVO

 
Noroeste da Síria em 4 de Março de 2020, com indicação dos desenvolvimentos que ocorreram nos 3 meses anteriores.


inIslamic World News” em https://english.iswnews.com/12061/map-latest-military-situation-in-northwest-syria/
A inevitável cimeira entre os Presidentes da Rússia e da Turquia, Vladimir Putin e Recep Erdogan, respectivamente, aconteceu, tal como Tempos Interessantes previra, em Moscovo no dia 5 de Março.
Desde 2016 que a Rússia e a Turquia têm reforçado uma aliança política, militar e económica que, por sua vez, gera m certo grau de dependência mútua. Embora no teatro sírio, o poderio russo prevaleça, a realidade russo-turca indiciava que a cimeira terminaria com uma solução pacificadora, comtemplando um módico de interesses de ambas as partes. Os desentendimentos em Idlib foram resolvidos em Moscovo. Até ver…
Contudo, como era também previsível, a Rússia ficou com o maior quinhão do bolo. A “Operação Spring Shield” desencadeada pela Turquia revelou-se um fracasso com baixas relevantes no exército turco e perdas de território que resultaram, após a reunião de Moscovo, na consolidação territorial da Síria na província de Idlib, garantindo o controlo da estratégica estrada M5 (Damasco-Alepo) e controlo partilhado russo-turco da M4 Latakia (Mediterrâneo) – Alepo, as duas vias rodoviárias mais importantes da Síria.
A realidade é esta: a Rússia está na posse da maioria dos trunfos no cenário político e militar da Síria. Tal significa que as iniciativas aventureiras da Turquia têm de passar pelo crivo de Moscovo. Por isso, os Turcos ficaram encravados em Manjib no Nordeste da Síria em Outubro de 2019 e agora ficaram outra vez em Idlib.
Enquanto Erdogan não se capacitar que, no statu quo actual, a Rússia e a Turquia precisam de se entender, mas que Moscovo é mais igual do que Ankara, a Turquia corre o risco de continuar a sofrer embaraços públicos e a perder, ainda mais, credibilidade doméstica e internacional.

13 dezembro, 2017

Russos e Americanos Entalam Turcos



RUSSOS E AMERICANOS ENTALAM TURCOS

 
No norte da Síria pode ver-se, a amarelo, o território controlado pelos Curdos e, a cinza azulado, a cunha que os Turcos conseguiram com a operação Euphrates Shields a noroeste.
in “STRATFOR” em https://worldview.stratfor.com/

Na sua saga de perseguição dos Curdos, a Turquia lançou em Outubro de 2016 uma operação militar na Síria designada Euphrates Shield. Os objectivos eram, em primeiro lugar, impedir que os avanços das forças curdas provindas do nordeste e do noroeste da Síria as levasse a unir os dois territórios, assim criando um contínuo no norte da Síria ao longo da fronteira com a Turquia; e depois, reverter pelo menos parte dos substanciais ganhos territoriais obtidos pelo YPG, o principal braço armado dos Curdos da Síria.

O primeiro foi cumprido com sucesso, apesar das baixas substanciais incorridas: os Turcos e os seus sequazes sírios lograram tomar a cidade de Al-Bab, que passou a ser uma cunha entre os cantões curdos de Afrani (a oeste) e de Kobani (a este).

O pior sucedeu quando os Turcos voltaram a sua atenção para a cidade de Manjib ocupada pelo YPG, apenas para verem o seu caminho barrado por unidades dos exércitos russo e norte-americano, obstáculos esses, que levaram ao término prematuro da Operação Euphrates Shield.
Então, a Turquia começou a planear incursões no norte da Síria para enfraquecer os Curdos e retirar-lhes território. Contudo, a Rússia, preocupada com a perspectiva de uma forte presença militar turca na Síria e os EUA, preocupados com os efeitos negativos que os ataques turcos ao YPG teriam sobre a operação de conquista de Raqqa ao Estado Islâmico, movimentaram forças para o norte, efectivamente criando um cordão sanitário entre Turcos e Curdos.

Desta forma, a Rússia e os EUA bloquearam o desiderato de Ancara de continuar a flagelar os territórios controlados pelo Curdos Sírios, tendo estes podido participar de forma decisiva na recente conquista de Raqqa e tendo mantido uma posição hegemónica no norte da Síria.
Enquanto houver tropas russas e americanas de permeio, Ancara não arriscará um confronto com estas potências para prosseguir os seus objectivos na Síria. Os riscos e os custos seriam demasiado elevados.

Não obstante, o objectivo não desaparecerá e o dia virá em que Russos e Norte-Americanos partirão e os Turcos, os Sírios em geral e os Curdos em particular, permanecerão. É improvável que os respectivos objectivos irreconciliáveis não se mantenham até lá. Por agora, enquanto não se abre nova janela de oportunidade, os Turcos desesperam com os maiores fornecimentos de armamento americano aos Curdos e com o bloqueio russo-americano e ainda pelo estabelecimento de cooperação militar transfronteiriça entre o YPG e o Exército do Iraque.

A Turquia foi entalada por Moscovo e Washington, mas a História diz-nos que, no final, são os Curdos quem costuma terminar entalado. A ver vamos.