04 outubro, 2016

"Qualquer Treinador que Vá para o Benfica Arrisca-se a Ser Campeão"



“QUALQUER TREINADOR QUE VÁ PARA O BENFICA ARRISCA-SE A SER CAMPEÃO”


Feliz ou infelizmente, tenho idade para me lembrar de Mário Wilson no Benfica. Era criança, mas lembro-me desta declaração que me encheu de orgulho, “Qualquer treinador que vá para o Benfica arrisca-se a ser Campeão” (e do seu contexto histórico); lembro-me da desconfiança que senti ao ver um treinador português no Benfica e lembro-me surpreendentemente bem desse Campeonato de 1975/76 que, efectivamente, o Benfica venceu com Mário Wilson ao leme.

Mário Wilson com o seu ídolo, Eusébio.


E que Campeonato! O Benfica foi 1º, com o Boavista em 2º e o Belenenses em 3º. Porto e Sporting ficaram em 4º e 5º, respectivamente. Um verdadeiro sonho para um Benfiquista!

Contudo, as coisas não começaram bem, com um 0-0 na Luz frente ao Boavista, quando ainda não se imaginava que os portuenses iriam lutar pelo título. Lembro-me bem que o Benfica era uma máquina de futebol de ataque: na Luz, 9-1 ao Leixões, 7-1 ao Braga e ao Estoril, 6-1 ao União de Tomar, num ataque protagonizado por uma dupla fantástica, Nené e Jordão, marcadores de 59 (!!!) golos, mais do que qualquer equipa, excepto as duas do Porto.

Lembro a serenidade de Mário Wilson antes do jogo-chave no Bessa contra o já designado Boavistão, contrastando com o meu nervosismo e lembro-me da alegria de ver o Benfica arrasar vencendo 1-4 com dois golos do Moinhos.

Lembro-me muito bem de ir ao Estádio Municipal de Guimarães com o meu irmão Ricardo Pedro e pela mão do nosso Pai, ver um robusto triunfo do Benfica (0-3) com o meu ídolo de infância, o Nené, a marcar o 1º golo.

Mário Wilson quando jogava na Académica, o seu outro amor. Ao seu lado, os seus colegas na defesa, Curado e Melo.

Mário Wilson arriscava-se a ser Campeão e foi-o. Com mérito, qualidade e categoria. Esse Benfica marcou 94 golos no Campeonato Nacional, marca não mais atingida nos 40 anos subsequentes, mesmo com Campeonatos com maior número de jogos.

Nas duas vezes seguintes no Benfica, Mário Wilson não repetiu o feito, mas nunca foi embora de mãos vazias: conquistou duas Taças de Portugal. Em 1979/80, após um invulgar jejum de dois anos, o Benfica chegou ao Jamor para enfrentar o Porto e já depois de ter eliminado o Sporting (2-1 na Luz com golos de Reinaldo e Nené). Ouvi o relato em casa dos meus Avós paternos, na companhia do meu Avô. Ganhámos por 1-0 com um belo golo do brasileiro César, pouco lembrado hoje, mas um dos dois primeiros estrangeiros a jogar pelo Benfica e bem melhor do que o outro. Finalmente o episódio 3, culminado com a conquista da Taça de Portugal de 1995/96 com uma vitória por 3-1 frente ao Sporting com dois golos do grande João Pinto e outro de Mauro Airez.

Três momentos, três memórias, três triunfos, três alegrias. Realmente, no Benfica Mário Wilson arriscou-se a ganhar e ganhou mesmo. Mas ganhou com mérito, sabedoria, calma, bonomia e com a autoridade que lhe advinha dessas qualidades.

Partiu, mas deixou reconfortantes e gostosas memórias, nomeadamente entre aqueles que, como eu, adoram o Benfica ou a Académica. A forma de o homenagear, foi lembrar os êxitos que protagonizou, as alegrias que me deu.

A MINHA VÉNIA, VELHO CAPITÃO MÁRIO WILSON!






Sem comentários: