THE FRIENDS OF ASSAD
A Base Naval de Tartus, utilizada pela Marinha
de Guerra da Rússia.
Não, não existe nenhum grupo chamado The Friends of Assad. Mas existe um
peqeuno grupo de amigos de Bashar Al
Assad que vai viabilizando a sua resistência no poder após mais de 2 anos de
guerra.
Tal como os Friends of Syria, também
estes se movem mais pelos seus interesses do que por um filantrópico interesse
no clã Al Assad, ou nos Alawitas. Destacamos 4:
Irão: É o mais tenaz e empenhado aliado do regime
do Partido Baath e dos Al Assad. Isto porque também é quem mais tem a perder
com o seu derrube e substituição. Ao longo da última década, o Irão foi
construind uma área de influência que, neste momento se estende desde o Cáspio,
ao Golfo Pérsico, até ao Mediterrâneo. Se Al Assad cair, cai com ele a aliança
sírio-iraniana e com ela o contínuo persa. Concretamente, perdendo a Síria, o
Irão perde o acesso directo aos seus aliados na costa mediterrânica, maxime o
Hezbollah no Líbano. Perde aliados, perde acesso, logo perde influência, logo
perde poder. Por isso o Irão tem fornecido armas, combatentes, treino,
inteligência, segurança pessoal, dinheiro e o mais que for preciso para
aguentar o statu quo. Dir-se-á que corre contra os tempos, mas o certo é que
corre e com determinação.
Rússia: É um amigo com outra dimensão e
outros interesses. Dos tempos da União Soviética, a Síria é o único aliado que
resta à Rússia no Médio Oriente. Símbolo da resistência dessa ligação é o porto
de Tartus, a única base naval russa fora do antigo espaço soviético. Depois, a
Síria é um bom cliente de armamento russo, mesmo que seja melhor cliente do que
pagador. Finalmente, deixar cair um amigo sem resistência fomenta a
desconfiança de outros parceiros. Last but not least, é mais uma oportunidade
de contrariar o Ocidente e aquilo que Moscovo vê como sendo o exercício de
vontade dos Estados Unidos e dos seus aliados mais próximos, neste caso como no
da Líbia, o Reino Unido e a França.
China: Partilha dois interesses com a Rússia:
contrariar o ascendente ocidental no mundo em geral e no Médio oriente em
particular e resistir à transformação em doutrina das intervenções militares
noutros países que se traduza em “ingerência nos assuntos internos”, seja a
motivação humanitária, regime change, ou qualquer outra.
Hezbollah: Não sendo um estado, mas sim um
partido/milícia, esta organização libanesa tem forte interesse na manutenção do
regime sírio e tem meios e capacidade para intervir militarmente de forma
activa ao lado de Damasco. A queda de Al Assad significaria provavelmente o fim
da principal via de abastecimento militar do Hezbollah, seja ele proveniente do
Irão ou da própria Síria. A somar a isto, o resultado da guerra civil na Síria,
pode influenciar o frágil equilíbrio de forças no Líbano. Neste momento, o
Hezbollah tem muito a perder na Síria.
Os apoiantes mais
ou menos activos do regime sírio são motivados por interesses políticos e estratégicos
e também pela negação dos interesses e objectivos de terceiros (Turquia, EUA,
Arábia Saudita). No que respeita aos vetos de Moscovo e Beijing no Conselho de
Segurança que tanto irritara muitos Ocidentais, estes reflectem precisamente
essa atitude de negação de êxitos, que foi fomentada pela distorção pela NATO
do mandato da ONU para a Líbia. Por outro lado, o grau de empenho do Irão e do
Hezbollah é maior porque é proporcional à relevância dos interesses que têm em
jogo.
Certo, certo é
que, ao contrário de Muammar Kadhafi, Bashar Al Assad não está sozinho. Por
muito díspares e interesseiras que sejam as respectivas motivações, os amigos de Assad também estão no terreno.
3 comentários:
Sem entender absolutamente o que quer que seja de estratégia político-militar, algo já depreendi há muito e não deixa de ser um "déjà vu": além de não passarmos de números de uma engrenagem económica mundial cada vez mais impessoal e calculista, também somos peões neste tabuleiro de xadrez onde os mais fortes vão exibindo os dotes de jogadores.
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Ah Estella, não tenha dúvidas, somos mesmo meros peões. Os primeiros a serem "comidos", os que são "comidos" em maior número e muitas vezes os únicos a serem "comidos".
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