NETANYAHU’S RED LINE
No seu recente discurso
em New York, perante a Assembleia Geral da ONU, Benjamin Netanyahu, Primeiro-Ministro de Israel, aumentou a pressão
sobre o Irão e os Estados Unidos por cauda do programa nuclear desenvolvido por
Teerão.
Desta vez, porém, o
discurso teve maior impacto: por um lado pelo fórum em que foi proferido e,
principalmente, pela componente gráfica que o acompanhou: um cartoon de uma bomba com um risco vermelho, the red line!
in Haaretz em http://www.haaretz.com/
Vamos descodificar o discurso de Netanyahu.
1- A utilização do cartaz com a bomba
foi um golpe de marketing genial: o discurso entrou
automaticamente para os anais da Assembleia Geral da ONU. O impacto e atenção
obtidos não têm precedentes. É a velha história de que uma imagem vale mais do
que 1000 palavras….
2- Netanyahu
colocou a Red Line nos 90%. Estes 90% não se referem ao grau de enriquecimento
de urânio, o que não faria sentido, visto que o limiar para fazer uma bomba é
93%. Os 90% reportam-se à actual
actividade do Irão que é enriquecer urânio a 20%. A partir daí, atingir os
90% torna-se relativamente acessível. Portanto, olhando para a imagem, Stage 1 representa
a situação actual: Teerão tem 70% do urânio de que precisa para enriquecer a
93% e fazer uma bomba; Stage 2, representa o momento em que o Irão terá 90% daquele
montante e portanto estará próximo de completar a antepenúltima etapa para a
bomba. Este será o momento de soarem as
campainhas de alarme em Jerusalém.
3- Como o momento 90% deverá ocorrer
algures na estação Primavera/Verão de
2013, esse será o novo período previsível para um ataque israelita.
Tal exclui um ataque durante o período eleitoral norte-Americano.
4-
Curiosamente, este discurso tem como
alvo prioritário Washington e não Teerão. Jerusalém já fez várias ameaças e
avisos ao Irão. A Red Line tem a Casa
Branca como destinatário, pressionando os EUA a actuar a partir do momento em
que novo e perigoso limiar seja ultrapassado.
Os EUA já fizeram saber no mês passado pela voz de Hillary
Clinton que não têm red lines para o Irão. Agora, foram notificados que Israel
tem e onde é que está traçada. O míssil de Netanyahu foi bem apontado e
acertou na mouche. Dentro de 6/9 meses, os EUA estarão sob pressão para agir
se, como é muito provável, o programa nuclear iraniano ainda prosseguir por
entre sanções, negociações e pressões.
Para
Netanyahu, independentemente do resultado das eleições americanas de 6 de
Novembro, o status actual é de: mission accomplished!
4 comentários:
Pois é, Caro Sr. Miguel Ribeiro: Este mês de Setembro 2012 faz-me lembrar outros Setembros passados.
Setembro foi uma data sinistra no calendário de 1939.Os tambores da guerra ouvem-se de novo em Setembro 2012. Desta vez no Médio Oriente. O conflito armado é realmente possível. Fala-se uma vez mais duma nova "blitzkrieg" ! .O único objectivo será de fazer cair o regime iraniano, que é um osso bloqueado na garganta dos Estados Unidos e de todos os países ocidentais. Quanto ao povo dizimado em Dachau e Auschwitz em 1939-45 , trata-se ,segundo dizem, dum caso de vida ou de morte. O problema é de saber se o povo iraniano estará pronto, maioritariamente, a opor-se a esta agressão.
Se, apesar dos avisos da China e da Rússia e doutros membros da comunidade internacional, os falcões decidem que o problema deve ser resolvido por uma intervenção militar, as consequências serão graves. Não somente pode provocar uma catástrofe humanitária a grande escala no Médio Oriente, mas trata-se também duma ameaça de instabilidade internacional.
Quanto às consequências económicas estas são imprevisíveis, com o preço do petróleo que vai explodir!
Mas alguns dizem já, as tais firmas influentes, que talvez este conflito possa ser o golpe de chicote necessário para relançar a economia ! Os povos nunca aprenderam as lições da historia! E vamos ter os olhos fixados no resultado das eleições americanas em Novembro. Opinião pessoal: Com Romney, o semáforo passará ao "verde" para os Israelitas ! Para a guerra!
Terrível ironia da Historia! Estes primeiros dias de Setembro ,como escrevi, evocam o mesmo mês de 1939, quando o estrondo dos tambores da guerra se fez ouvir no leste europeu, com a invasão da Polónia pela Wehrmacht (que se traduz como « força de defesa »! ) nome do exército alemão de 1939 a 1945, do III Reich de Adolfo Hitler,
Era o inicio da terrível hecatombe que ia ceifar mais de 60 milhões de vidas nos campos de batalha, nas vilas e cidades bombardeadas e , mais horrível ainda, nos campos de concentração nazis, onde a solução final de exterminação dum povo foi implementada de forma industrial por um dos povos mais instruídos da Europa: O povo alemão.
Goethe, Kant, Freud, Grimm, Schopenhauer, Hegel, Bertolt Brecht, Kafka, Thomas Mann, Nietzsche, Mendelssohn , Robert Schumann, Bach, Beethoven, Brahms, Händel, Richard Strauss, Wagner, e tantos outros ilustres representantes da vasta cultura alemã, não fizeram o contrapeso suficiente para deter a ideologia mortífera de Hitler e seus fanáticos adeptos. Também é verdade que um dos mais fanáticos nazis do bando hitleriano, Goebells, ministro da propaganda, tinha dito num discurso que, " quando ouvia falar de cultura, empunhava logo o seu revolver"!
Netanyahu não é Hitler. Israel não é a Alemanha. Mas a politica israelita pode levar ao mesmo resultado que Hitler: Uma guerra mundial!
O povo judeu é um dos mais inteligentes do mundo. Como o povo alemão, deu-nos alguns dos mais brilhantes cientistas, músicos, filósofos, escritores e, inventores do mundo contemporâneo. Aliás, muitos daqueles citados por mim como alemães, eram Judeus.
Como a Alemanha, a tendência expansionista de Israel em direcção dos vizinhos cria-lhe problemas quase insolúveis. A Palestina existe, o povo palestino também. Ignorá-lo condena Israel a um perpétuo estado de guerra com os vizinhos, e constitui um "álibi" útil para manter este estado de agitação permanente.
Israel tem as costas quentes protegidas pelos USA, é certo. Mas talvez seja isso que impede Israel de procurar uma solução pacífica levando à coexistência inevitável com os vizinhos.
Freitas Pereira
GREAT publish and impressive in turn …will bear a try all the tips..Thanks……
Sr. Freitas Pereira,
Faz, como sempre, uma análise interessante da temática que introduzi, mas desta vez, pela primeira em muito tempo, não estamos de acordo. O Sr. coloca em Israel o ónus da instabilidade regional e da iminência de um conflito. Não concordo.
A busca da hegemonia regional por parte do Irão tem sido o princiapl factor desestabilizador no Médio Oriente. A sua influência desde o Golfo ao Mediterrâneo tem-se revelado nociva para a estabilidade e segurança e o seu programa nuclear associado às ameaças constantes e existenciais a Israel não podem ser indiferentes a Jerusalém.
É minha convicção que só com ataques militares se conseguirá travar o programa nuclear iraniano.
Caro Sr. Rui Miguel Ribeiro
Creio que temos realmente leituras diferentes deste problema crucial do Médio Oriente.
Penso que não podemos evacuar a história do passado, isto é as relações entre o Irão , os USA e a Europa, na análise da situação actual .
Não esquecer que foram os ocidentais que puseram em marcha o programa nuclear no tempo do Shah, que o Irão foi accionista da Eurodif francesa ( mil milhões de dólares) empresa que supervisa a industria nuclear e que Siemens devia construir a central.
A revoluçao dos mollahs provocou a viragem a 180° ! Impedir o Irão de dispor da tecnologia nuclear, mesmo civil, foi a decisão.
E não esquecer que foi a CIA que provocou a queda do governo Mossadegh que ousou nacionalizar o petróleo!
1°- Sem duvida, o Irão é a potência da região que nunca invadiu nem atacou nenhum dos seus vizinhos desde Cirros o Grande. Antes pelo contrário, em 537 AC, foi o rei da Pérsia que, ao conquistar Babilónia, libertou os Hebreus em cativeiro permitindo-lhes de regressar a Jerusalém para construir o segundo Templo, mesmo se sob a tutela dos Persas. Não posso crer que Israel quer fazer agora contas com o Irão, 2500 anos mais tarde!
2°- Nenhum país do M.O é capaz de desafiar Israel em caso de "blitzkrieg". Excepto o Irão, é verdade. São 80 milhões de indivíduos educados , um país tecnologicamente avançado em todos os campos.
3°- Israel estaria entao ameaçado? Israel é sem contestação nenhuma o 5° exército do mundo em termos operacionais e sobretudo de guerra tecnológica. Dispõe de mais de 200 bombas nucleares, uma força de dissuasão terrível, cópia do programa que a França pôs à disposição de Israel.
Sem falar dos três submarinos nucleares Delfins oferecidos pela Alemanha, em nome da dívida inextinguível da Shoa.
4°-Francamente, para lá da diversão que pode constituir esta fuga para a frente da deflagração dum conflito, parece-me antes que o tandem Obama-Netanyahu, contrariamente ao que se pensa, funciona bem e que o sonho dum Grande Médio Oriente, poderia realizar-se completando o trabalho de Bush após a invasão do Iraque e do Afeganistão.
Claro que resta o osso: aquele que pode bloquear o estreito de Ormuz, artéria do petróleo, e que para mais, procura avançar de maneira científica e tecnológica, em marchas forçadas para o desenvolvimento.
Em vez de dormir sobre o tesouro do petróleo, como fazem os reizinhos do Golfo e da Arábia Saudita, países entre os mais retrógrados do planeta.
5°Ahmadinjad é certamente um louco,e detesto o regime téocràtico absurdo, mas no Irão é o ayatollah Kameyni que comanda as forças armadas. E o primeiro vai deixar o lugar dentro em pouco. E à cabeça do Estado, sabem bem que o Irão sairia devastado, mesmo se conseguissem arrasar Tel-Aviv!
6°- Restam dois pontos: Ninguém conhece a reacção dos Russos e dos Chineses. Tanto mais que o vulcão Afegão continua a ferver e o Paquistão está em fase insurreccional.
E ninguém sabe como e quando a crise actual do capitalismo mundial , económica e política, vai terminar.
Mas sem dúvida, a rivalidade entre as principais potências, para os mercados, os recursos e a obtenção de vantagens estratégicas arriscaria de mergulhar a humanidade num conflito catastrófico que devastaria o planeta. Por isso não estou de acordo com a "sua solução" Caro Sr. Miguel Ribeiro.
Porque, em vez de agir como um freio, a crise económica mundial que se agrava pode incitar os USA a utilizar a força militar para consolidar os seus interesses económicos e estratégicos , às custas dos rivais europeus e asiáticos.
E o Irão sendo um obstáculo maior para estas ambições americanas no M.O , tudo pode acontecer.
Se assim acontecer, a nossa voz será de qualquer maneira extinta.
Freitas Pereira
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