05 outubro, 2012

Falência e Morte da III República

FALÊNCIA E MORTE
DA III REPÚBLICA

 
A III República está falida. Está também gasta, exaurida, descredibilizada, esfarrapada. FINITA!


Sei que hoje é 5 de Outubro e que alguns comemoram a República. Que já foram 3. A I, fruto do regicídio, socializante, anti-clerical, radical, caótica, terminou falida e exaurida, durou 16 anos. A II, autoritária, repressiva, frugal e imperial, restaurou a ordem e as finanças, mas roubou a liberdade e o progresso. A III, começou alegre, derivou para o caos, mas recuperou o equilíbrio e deu-nos a liberdade, trouxe o desenvolvimento e a esperança. Na última década foi sucumbindo a rudes golpes até chegar ao estado terminal actual.


Depois de cerca de 15 anos de estado de graça (o que não significa que tudo estivesse bem), os sinais de alarme chegaram em 2001 com o pântano de António Guterres. E não foram resolvidos com a curta e atribulada governação da AD. A velhacaria de Sampaio abriu o caminho para o delírio suicidário de José Sócrates que, especialmente nos seus últimos 3 anos galopou para o abismo com uma irresponsabilidade criminosa a roçar a traição. Deixou a República exangue.


Finalmente, chegaram os coveiros disfarçados de médicos. Não há outra palavra decente para designar estes governantes indecentes. O que Passos Coelho e Gaspar estão a fazer é um saque desbragado aos Portugueses. Arriscaria dizer que, exceptuando a componente da violência e brutalidade física, já se comparam a um qualquer clepotocrata* do Terceiro Mundo.


Agora que a República já nos deu 3 exemplos de fracasso, agora que a III República agoniza moribunda, agora que a generalidade dos Portugueses não se revê e despreza os que nos governam e os que nos governaram, agora que se registam 102 anos de República, seria pertinente, asado, patriótico e misericordioso nomear uma comissão liquidatária com um mandato sintético no escopo e conciso no tempo, e que trate das exéquias fúnebres da desgraçada. RIP!


E VIVA A MONARQUIA!!!


* Mobutu (Zaire), Eduardo dos Santos (Angola), Ferdinad marcos (Filipinas), Suharto (Indonésia), Ceausescu (Roménia), são exemplos conhecidos e infames de cleptocratas.

 

AS COMEMORAÇÕES DE 5 DE OUTUBRO DE 2012


As Comemorações oficiais do 5 de Outubro foram rodeadas de fortes medidas de segurança e vedadas ao público. A República acossada fecha-se sobre si própria e os seus dirigentes fogem da população. Esta atitude cobarde, digna de uma ditadura de pacotilha, é mais uma demonstração de que os laços entre representados e representantes estão, quiçá irremediavelmente, quebrados. Quando isso acontece, é a própria legitimidade política que está em cheque. Os políticos têm medo do povo e o povo tem horror aos políticos. Esta rejeição da participação popular na liturgia republicana é mais um prego no caixão da República. E É UMA VERGONHA!


A bandeira nacional invertida foi um episódio infeliz, embora inaceitavelmente incompetente. Noutros tempos, seria pouco mais do que um fait-divers. Neste tempo, é uma simbologia de um país virado ao contrário, exausto, revoltado, amarfanhado, saqueado. É uma poderosa representação gráfica do estado de Portugal.

 


14 comentários:

freitas pereira disse...

Extremamente corajoso o que escreve, Caro Sr. Miguel Ribeiro. E Justo. Chegados a este ponto, não sei se a solução monárquica seria uma, porque a ver como se comporta a monarquia do pais vizinho, não é nada glorioso, mas falta saber se o momento não chegou para a insurreição geral. Finalmente, não seria menos democrático que aquilo que os governantes actuais estão a fazer - destruir a República - e não seria menos justificado que em Maio de 1926.

Freitas Pereira

Sérgio Lira disse...

Rui, tudo o que dizes é justo, especialmente aquela parte em que chamas velhaco ao sampaio (perdão, velhacaria ao que ele fez...) e em que comparas os actuais governantes a ditadores. De facto - de facto sampaio cometeu um golpe de estado constitucional e ninguém tugiu nem mugiu; de facto, de facto estes pantomineiros que nos governam são uns homesn de fraque, encarregados de uma cobrança difícil - é isso, e apenas isso, pagar aos credores tudo o que for possível e o mais depressa possível, esmifrando o povo de tudo o que possui (alianças de casamento, voltas de ouro da avó, pratas da bisavó, poupanças de uma vida dura de trabalho, a casinha comprada a duras penas, etc. etc.) - perdão, há mais uma coisa: enriquecer alguns, depressa, muito depressa antes da revolta.

De facto a república está acossada, já não é Res Publica nem pouco mais ou menos. Os políticos escondem-se atrás de seguranças, de gorilas, de polícias - apenas falta o exército e os carros de combate. Têm um medo pânico do povo.

Mas a monarquia? a monarquia alteraria alguma coisa? se levasses a tua recordação um pouco mais atrás, até meados do século XIX, terias visto a monarquia a exaurir-se nos mesmíssimos pecados, em em promessas de "regeneração" sempre e sempre defraudadas. Nós não precisamos de monarquia, nós precisamos é de Revolução. E ela aproxima-se, rapidamente - por isso os ratos já estão tão assustados: cheira-lhes a pólvora.

PVM disse...

Ó Rui, aquela bandeira a seguir à tua apologia da monarquia parece a bandeira da Finlândia...

Sérgio Lira disse...

bandeira que, aliás não existe: a "bandeira de Afonso Henriques" é uma invenção do Estado Novo para figurar na exposição de 1940 - não há nenhum documento, nenhuma iconografia, nada de nada que refira o pendão do 1º rei... por isso o Estado Novo inventou uma farsa: não poderia admitir-se estarem todas representadas menos a primeira, a fundadora! mas é uma farsa bem conseguida, diga-se em abono da mentira ;)

freitas pereira disse...

Sim, Sr. Sérgio Lira: Tem razão, manifestar já não chega! Não leva a parte nenhuma.
Os povos manifestam, fazem petições, instalam tendas nas praças das cidades e a indignação está na ordem do dia.: Nalguns países do sul da Europa, os parlamentos já se reúnem sob protecção policial e os governos ditos de "esquerda", ontem, em Portugal, Espanha, na Grécia caíram sob o peso da renegação.
Vieram então os agentes dóceis do Mercado: aqueles que farão , baixando a cabeça, aquilo que os outros faziam antes, sempre em nome da social democracia.
Qualquer que seja a cólera dos povos, o numero e o ardor dos cortejos, a força da nobre "indignação", por toda a parte e sempre o tirano que se ri da democracia, dita a sua lei, as suas reformas: " Deveis reduzir a despesa publica, suprimir os empregos do serviço publico, privatizar tudo o que pode ser rentável e, antes de mais, instrumento da dominação do tirano, financiar o Estado pelo "empréstimo".
Os adoradores do Mercado conseguiram dominar o Estado, esta mão protectora que deve ajudar os mais fracos e os mais honestos da violência dos mais fortes e dos mais "espertos". Eles fizeram escapar a economia e a finança do soberano desapossado, espoliado : o Povo.
Eles podem hoje clamar que a politica não existe mais e não pode nada e que a mão invisível mas de ferro da finança comanda tudo e sozinha.
A democracia foi esvaziada de toda substância pois que as ordens, as leis, as decisões emanam doutras fontes invisíveis, longínquas, irresponsáveis, cruéis, indiferentes à indignação dos povos.
Para realizar este golpe de Estado multinacional, os dogmáticos de privatização conceberam de suprimir a soberania orçamental do Estado, transformando-o em simples particular condenando a financiar-se através dos empréstimos das forças especulativas. Eles instauraram os bancos centrais independentes do soberano : o Povo.
A indignação, este poder de dizer "NAO", esta revolta do coração, este primeiro sobressalto de autonomia da infância, não basta para salvar a democracia assassinada. Uma indignação não faz uma política, não traz nenhum remédio.
Tem razão! A Revolução é necessária.

Freitas Pereira

Estella Queirós disse...

Há muito que o desalento se apossou da generalidade do povo português. Mas também penso que cada um tem o que merece. E, dado que desde o 25 de Abril que votamos (votamos?-democraticamente falando!)sempre nos mesmos, é porque está tudo bem. Não sei em que tipo de letargia tem vivido este povo, mas eis que em 15 de Setembro deu sinal de vida. Foi um dia que me encheu de esperança. Foi uma manifestação gigantesca de revolta que não devemos deixar esmorecer. Muitas pessoas sabem que não querem este caminho, mas desconhecem o rumo a tomar. São unânimes em apontar e identificar os ladrões, mas duvidam da justiça. Todos sabem onde estão os buracos por onde se esvai o "sangue" desta Nação, as sanguessugas galgaram fronteiras e parecem ter vindo para ficar. Vamos deixar? Subscrevo o Sr. Freitas Pereira: a REVOLUÇÃO é necessária. Reforço: é URGENTE!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira,
Muito obrigado. Pois, concordo consigo, mais uma vez as élites estão a espatifar o país, o estado, a sociedade e a destruir as expectativas de vida das pessoas. It's time for a change.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,
O Sampaio foi, efectivamente, um dos principais coveiros do país e nunca é responsabilizado por isso.
De resto tens razão, o sistema está falido e corrupto. Atenção, porque a preocupação em pagar é só a alguns credores, porque há inúmeras empresas que venderam bens ou serviços ao Estado e soçobram porque não são pagas.
Quanto à Monarquia, estou ciente de que não foi um mar de rosas, mas ao longo de 7 séculos e em tempos diferentes teve muitas virtudes. Das 3 Repúblicas não se pode dizer o mesmo....

Rui Miguel Ribeiro disse...

Paulo,

Parece mas não é. A bandeira da Finlândia tem, tal como as da Dinamarca, Suécia, Noruega e Islândia, a Cruz Nórdica, cuja traço vertical está colocado desviado do centro, sobre a esquerda, do lado do mastro.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,
Talvez tenham chegado à bandeira por indução ;-)
Relativamente ao teu 1º comentário, a parte da revolta iminente, não creio que isso esteja para acontecer. Mas algo tem de ser feito.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira,

Tem razão em muito do que diz. Porém, o povo também peca por quase sempre vota naqueles que gastam mais.
Mas enfim, o que muitos governantes têm feito ronda o conceito de traição e isso não pode ser admissível. Noutros tempos pagariam tais actos com a vida (deles). Hoje quem paga com a vida são os cidadãos honestos, laboriosos e esforçados.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Estella,

Tem razão. Votámos sempre nos mesmos. Não havia alternativas decentes. Pode-se votar branco ou nulo. Vivemos num carrosel que roda sempre da mesma forma e todos os quadrénios julgamos que trocando o cavalo pela girafa o carrossel girará de forma diferente, mas não: roda sempre da mesma forma e tem girado para a nossa perdição.

Juliana Santos disse...

Acho que, nesta fase do campeonato (passo a expressão), há que repensar um sistema democrático que melhor se adeque aos direitos e deveres da sociedade atual.
O povo é e deverá permanecer soberano, o que não acontecia/eu com o regime monárquico, que a meu ver não é solução. Aliás, com a crise global, parece-me que muitas monarquias irão passar num futuro breve à História, porque a monarquia é o símbolo de que o "sangue" é mais precioso que o mérito. Ora, tal crença não tem lugar numa sociedade que se quer equitativa e justa, dado que monarquia = injustiça.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Olá Juliana Raquel,

Obrigado pelo teu comentário. Concordo com o 1º parágrafo, mas não com o 2º. O sistema democrático está com uma usura tal que corre o risco de se deslegitimar.
Quanto à Monarquia, depende de quais estás a falar, Se for do tipo da da Arábia Saudita, dou-te razão. Se for do tipos das da Holanda ou Dinamarca, já não. EStas e outras são monarquias com o consentimento e apoio dos cidadãos. Apesar da hereditariedade do trono, é o apoio popular que as legitima.