12 agosto, 2012

Calor(es) de Verão

CALOR(ES) DE VERÃO




Estamos em pleno Verão, tempo de calor. No entanto, o calor não se confina à vertente meteorológica. Ao nível político também há várias áreas em ebulição ou em acentuado aquecimento.

Para os amantes do calor tórrido, sugiro a Síria. Para além do Verão sufocante do Médio Oriente, o país está em verdadeira ebulição, em estado que podemos qualificar de guerra civil. Os combates entre o exército regular e os revoltosos apoiados por vários países estrangeiros prosseguem em bom ritmo, as baixas crescem de forma acelerada e o fim dos combates ainda se afigura incerto, embora não se vislumbre como o regime poderá sobreviver a médio prazo.

Se a sua preferência for pelo calor, mas ficando na antecâmara do inferno, não há como experimentar as estâncias vizinhas da Síria: Líbano, Turquia, Jordânia, Iraque, são destinos quentes, com previsão de aquecimento gradual. Se quiser mais, é um pulinho até à Síria.

Se preferir um destino em aquecimento progressivo com um Verão de S. Martinho escaldante, vá aos Estados Unidos. A campanha eleitoral está em aceleração e as Convenções partidárias aproximam-se. A partir daí, os candidatos entrarão em frenesim e a luta adivinha-se sem quartel até ao dia 6 de Novembro. Ao contrário da Síria, as baixas deverão ser apenas políticas, mas poderão ser muitas e sérias.

Se a opção for para calor, com aguaceiros e muita alegria, vá a Londres. A capital do Reino Unidos vem recebendo os Jogos Olímpicos. Embora estejam a acabar, é natural que o clima de euforia se prolongue por mais algum tempo. Aqui as baixas reduzem-se aos fracassos desportivos e daqui a 4 anos haverá nova oportunidade.

Para quem goste de um calor abafado e depressivo, tem uma panóplia de destinos na Europa Meridional. Aqui pode escolher entre o calor depressivo terminal da Grécia, o calor depressivo sem fim de Portugal, o calor depressivo em aceleração da Espanha e em forma de ameaça em Itália.

Se tiver uma atracção mórbida pelo último dos calores, proponho uma viagem até Natanz, onde se encontra a principal unidade de enriquecimento de urânio do Irão. Se tiver sorte e paciência (se houver um ataque de Israel e/ou dos EUA), poderá experimentar o calor da fusão nuclear, um verdadeiro sol na Terra.

Enfim, se tiver MUITO tempo e uma pachorra infinita, a opção será o Ártico, onde pode esperar calmamente que o aquecimento global produza efeitos, enquanto assiste à crescente corrida aos recursos e territórios do Ártico por parte dos países mais setentrionais.

Bom Verão para todos!!!

Nota: Quero deixar um sentido agradecimento aos leitores de "Tempos Interessantes" que, durante 81 dias consecutivos entre 18 de Abril e e 8 de Julho, inclusive, garantiram um número de visitas diário superior a 100!! Muito obrigado!

2 comentários:

Anónimo disse...

Só para te dizer que ganhas o prémio da ironia ( tingida de algum cinismo…) em termos de geopolítica metereológica e, infelizmente ( digo eu), com muitas mais chances de acertar do que os metereologistas convencionais…J

Beijinhos

Ana Paula

Anónimo disse...

Boa tarde!

Muito obrigada pelo copinho gelado. Soube-me quase tão bem como a sua crónica. Para mim, é fabulosa a maneira como consegue escrever e descrever determinadas situações, da forma como o faz. Deixa-me sempre "embasbacada"! Já não devia, pois não?
Os seus artigos, além do prazer que me dão ler, obrigam-me a reflectir. Neste momento, tenho sérias dúvidas se a Natureza será tão perfeita quanto penso. Veja:
Se os países do Médio Oriente mudassem para os polos, o problema do calor estava resolvido - mantinham o nome e mudavam o espaço geográfico (aposto que a população ia adorar a abundância de água, mesmo gelada, em detrimento do petróleo que em nada os beneficia);
Aos EUA que gostam mais de petróleo que o diabo de almas, punha-os no Médio Oriente e deixavam de "libertar" os povos subjugados por tiranos, que depois substituem por alguém "democrata da sua confiança";
Aos povos do Sul da Europa, bastava-lhes ser um pouco mais combativos e lutarem pelos seus direitos com o mesmo fervor que os americanos quando "farejam" recursos, riqueza. Mesmo que o fervor lhes aumentasse a temperatura. Como estão todos à beira-mar plantados, resfriavam-se nas suas explêndidas prais.
Criava uma reserva natural de urtigas para onde enviaria todo o tipo de "sanguessugas" que nos sugam até à medula!

Nunca escrevi nada tão estúpido! Vai ver que é do calor... além de também ser filha da Natureza!

Aproveite estas tréguas universitárias. Beijinhos

Estella