CALOR(ES) DE
VERÃO
Para os amantes do calor tórrido, sugiro a Síria. Para além do Verão sufocante do Médio Oriente, o país
está em verdadeira ebulição, em estado que podemos qualificar de guerra civil.
Os combates entre o exército regular e os revoltosos apoiados por vários países
estrangeiros prosseguem em bom ritmo, as baixas crescem de forma acelerada e o
fim dos combates ainda se afigura incerto, embora não se vislumbre como o
regime poderá sobreviver a médio prazo.
Se a sua preferência for pelo calor, mas ficando na
antecâmara do inferno, não há como experimentar as
estâncias vizinhas da Síria: Líbano, Turquia, Jordânia, Iraque, são destinos
quentes, com previsão de aquecimento gradual. Se quiser mais, é um pulinho até
à Síria.
Se preferir um destino em aquecimento progressivo com um
Verão de S. Martinho escaldante, vá aos Estados Unidos. A campanha eleitoral está em aceleração e as Convenções
partidárias aproximam-se. A partir daí, os candidatos entrarão em frenesim e a
luta adivinha-se sem quartel até ao dia 6 de Novembro. Ao contrário da Síria,
as baixas deverão ser apenas políticas, mas poderão ser muitas e sérias.
Se a opção for para calor, com aguaceiros e muita
alegria, vá a Londres. A
capital do Reino Unidos vem recebendo os Jogos Olímpicos. Embora estejam a
acabar, é natural que o clima de euforia se prolongue por mais algum tempo.
Aqui as baixas reduzem-se aos fracassos desportivos e daqui a 4 anos haverá
nova oportunidade.
Para quem goste de um calor abafado e depressivo, tem
uma panóplia de destinos na Europa Meridional. Aqui pode escolher entre o calor depressivo terminal da
Grécia, o calor depressivo sem fim de Portugal, o calor depressivo em
aceleração da Espanha e em forma de ameaça em Itália.
Se tiver uma atracção mórbida pelo último dos calores,
proponho uma viagem até Natanz, onde se encontra a principal unidade de enriquecimento de
urânio do Irão. Se tiver sorte e paciência (se houver um ataque de Israel e/ou
dos EUA), poderá experimentar o calor da fusão nuclear, um verdadeiro sol na
Terra.
Enfim, se tiver MUITO tempo e uma pachorra infinita, a opção será o Ártico, onde pode esperar calmamente
que o aquecimento global produza efeitos, enquanto assiste à crescente corrida
aos recursos e territórios do Ártico por parte dos países mais setentrionais.
Bom Verão para todos!!!
Nota: Quero deixar um sentido agradecimento aos leitores de "Tempos Interessantes" que, durante 81 dias consecutivos entre 18 de Abril e e 8 de Julho, inclusive, garantiram um número de visitas diário superior a 100!! Muito obrigado!
Nota: Quero deixar um sentido agradecimento aos leitores de "Tempos Interessantes" que, durante 81 dias consecutivos entre 18 de Abril e e 8 de Julho, inclusive, garantiram um número de visitas diário superior a 100!! Muito obrigado!
2 comentários:
Só para te dizer que ganhas o prémio da ironia ( tingida de algum cinismo…) em termos de geopolítica metereológica e, infelizmente ( digo eu), com muitas mais chances de acertar do que os metereologistas convencionais…J
Beijinhos
Ana Paula
Boa tarde!
Muito obrigada pelo copinho gelado. Soube-me quase tão bem como a sua crónica. Para mim, é fabulosa a maneira como consegue escrever e descrever determinadas situações, da forma como o faz. Deixa-me sempre "embasbacada"! Já não devia, pois não?
Os seus artigos, além do prazer que me dão ler, obrigam-me a reflectir. Neste momento, tenho sérias dúvidas se a Natureza será tão perfeita quanto penso. Veja:
Se os países do Médio Oriente mudassem para os polos, o problema do calor estava resolvido - mantinham o nome e mudavam o espaço geográfico (aposto que a população ia adorar a abundância de água, mesmo gelada, em detrimento do petróleo que em nada os beneficia);
Aos EUA que gostam mais de petróleo que o diabo de almas, punha-os no Médio Oriente e deixavam de "libertar" os povos subjugados por tiranos, que depois substituem por alguém "democrata da sua confiança";
Aos povos do Sul da Europa, bastava-lhes ser um pouco mais combativos e lutarem pelos seus direitos com o mesmo fervor que os americanos quando "farejam" recursos, riqueza. Mesmo que o fervor lhes aumentasse a temperatura. Como estão todos à beira-mar plantados, resfriavam-se nas suas explêndidas prais.
Criava uma reserva natural de urtigas para onde enviaria todo o tipo de "sanguessugas" que nos sugam até à medula!
Nunca escrevi nada tão estúpido! Vai ver que é do calor... além de também ser filha da Natureza!
Aproveite estas tréguas universitárias. Beijinhos
Estella
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