ÁRBITROS OU LADRÕES
Descontando um certo e deliberado exagero do meu Pai,
acredito que haja muita gente que pense da mesma forma. A realidade é que há
muitos árbitros a errar muitas vezes e de forma gravosa.
Frequentemente, os ditos cujos defendem-se dizendo que, se
um guarda-redes concede um frango ou
um avançado falha um penalty, também eles podem com igual legitimidade e
insuspeição errar. A última vez que ouvi esta tese, foi da boca do árbitro Artur Soares Dias, por sinal o autor
de uma escandalosa roubalheira no Braga-Vitória de há 3 anos, com grande
prejuízo dos Vimaranenses.
A tese, contudo, cai facilmente pela base: os erros ou falhas dos jogadores fazem
parte do jogo; os erros dos árbitros configuram infracções às leis do jogo e
consequentemente defraudam o jogo e, eventualmente e frequentemente, o respectivo
resultado. Ou seja, é batota.
E as coisas não se afiguram melhores a curto prazo, bem
pelo contrário. O árbitro Pedro Proença, impante com os seus feitos europeus, já veio com arrogância
disparar em várias direcções, tecendo considerações sobre a gestão dos clubes e
sobre como estes devem calar-se perante as actuações e desmandos arbitrais.
Isto vindo de um árbitro que já ostenta pelo menos dois campeonatos nacionais
no seu curriculum, é de um descaramento que desafia o dos nossos governantes. E
tendo em conta o histórico da UEFA e da FIFA ao nível da arbitragem (o último
vencedor do Campeonato da Europa nem devia ter passado a 1ª fase), a distinção
de Proença era medalha que me envergonharia de ostentar.
O cerne da
questão resume-se a duas hipóteses: quando o árbitro erra muito, ou é incompetente,
ou age de má-fé (admito que possa acumular as duas situações). Se erra sempre
para o mesmo lado, resta apenas a possibilidade da desonestidade.
Para os dois problemas há duas soluções possíveis:
* Introdução
dos meios tecnológicos, nomeadamente dando ao árbitro a possibilidade de
visualizar repetições de jogadas cruciais.
* Responsabilização
dos árbitros e fiscais de linha pelos erros crassos que cometam. Um sistema
sancionatório efectivo e transparente poderia dissuadir muita da batotice,
involuntária ou não, que grassa pelos nossos estádios.
Não vale a pena desvalorizar os erros e os roubos dos
árbitros, não vale a pena equipará-los aos dos jogadores, não vale a pena
desculpabilizá-los, não vale a pena debitar clichés do tipo “no final dos
campeonatos os prejuízos e benefícios arbitrais dos clubes equiparam-se e por
isso está tudo bem”. Isto não é verdade e o futebol português do último quarto
de século demonstra-o bem. Mas mesmo que fosse verdade, ficar contente com um
sistema em que todos são prejudicados por igual é uma estupidez.
Apoio
tecnológico e real responsabilização são as medidas-chave para conferir um
módico de credibilidade e seriedade a um sector cujas prestações miseráveis época
após época têm prejudicado e descredibilizado o futebol português.
Infelizmente, a minha esperança que o panorama mude de figura em 2012/13, ou em
2013/14, é nula.
Nota
Final: Este post está planeado há bastante tempo para ser publicado
antes de a época começar para não ser ligado a nenhum evento específico actual.
Esta preocupação acabou por ser prejudicada pela prestação arbitral de um
palhaço alemão que protagonizou uma farsa trágico-cómica grotesca e de fraca
qualidade. Embora ache que os árbitros portugueses são genericamente fracos,
nunca me iludi que fossem os únicos, como a prestação do representante alemão
no Euro-2012 demonstrou. Contudo, nestas como em quase todas as situações, os
principais prevaricadores saem impunes. Os outros, frequentemente as vítimas,
não têm a mesma sorte.
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