16 agosto, 2012

Árbitros ou Ladrões


ÁRBITROS OU LADRÕES


O meu Pai, que gostava de futebol com bastante moderação e que era um adepto (muito moderado) do Vitória de Guimarães, costumava dizer que um indivíduo podia ser extremamente honesto, mas quando vestia o equipamento de árbitro tornava-se invariavelmente num ladrão.

Descontando um certo e deliberado exagero do meu Pai, acredito que haja muita gente que pense da mesma forma. A realidade é que há muitos árbitros a errar muitas vezes e de forma gravosa.

Frequentemente, os ditos cujos defendem-se dizendo que, se um guarda-redes concede um frango ou um avançado falha um penalty, também eles podem com igual legitimidade e insuspeição errar. A última vez que ouvi esta tese, foi da boca do árbitro Artur Soares Dias, por sinal o autor de uma escandalosa roubalheira no Braga-Vitória de há 3 anos, com grande prejuízo dos Vimaranenses.

A tese, contudo, cai facilmente pela base: os erros ou falhas dos jogadores fazem parte do jogo; os erros dos árbitros configuram infracções às leis do jogo e consequentemente defraudam o jogo e, eventualmente e frequentemente, o respectivo resultado. Ou seja, é batota.

E as coisas não se afiguram melhores a curto prazo, bem pelo contrário. O árbitro Pedro Proença, impante com os seus feitos europeus, já veio com arrogância disparar em várias direcções, tecendo considerações sobre a gestão dos clubes e sobre como estes devem calar-se perante as actuações e desmandos arbitrais. Isto vindo de um árbitro que já ostenta pelo menos dois campeonatos nacionais no seu curriculum, é de um descaramento que desafia o dos nossos governantes. E tendo em conta o histórico da UEFA e da FIFA ao nível da arbitragem (o último vencedor do Campeonato da Europa nem devia ter passado a 1ª fase), a distinção de Proença era medalha que me envergonharia de ostentar.


O cerne da questão resume-se a duas hipóteses: quando o árbitro erra muito, ou é incompetente, ou age de má-fé (admito que possa acumular as duas situações). Se erra sempre para o mesmo lado, resta apenas a possibilidade da desonestidade.


Para os dois problemas há duas soluções possíveis:

* Introdução dos meios tecnológicos, nomeadamente dando ao árbitro a possibilidade de visualizar repetições de jogadas cruciais.

* Responsabilização dos árbitros e fiscais de linha pelos erros crassos que cometam. Um sistema sancionatório efectivo e transparente poderia dissuadir muita da batotice, involuntária ou não, que grassa pelos nossos estádios.

Não vale a pena desvalorizar os erros e os roubos dos árbitros, não vale a pena equipará-los aos dos jogadores, não vale a pena desculpabilizá-los, não vale a pena debitar clichés do tipo “no final dos campeonatos os prejuízos e benefícios arbitrais dos clubes equiparam-se e por isso está tudo bem”. Isto não é verdade e o futebol português do último quarto de século demonstra-o bem. Mas mesmo que fosse verdade, ficar contente com um sistema em que todos são prejudicados por igual é uma estupidez.

Apoio tecnológico e real responsabilização são as medidas-chave para conferir um módico de credibilidade e seriedade a um sector cujas prestações miseráveis época após época têm prejudicado e descredibilizado o futebol português. Infelizmente, a minha esperança que o panorama mude de figura em 2012/13, ou em 2013/14, é nula.


Nota Final: Este post está planeado há bastante tempo para ser publicado antes de a época começar para não ser ligado a nenhum evento específico actual. Esta preocupação acabou por ser prejudicada pela prestação arbitral de um palhaço alemão que protagonizou uma farsa trágico-cómica grotesca e de fraca qualidade. Embora ache que os árbitros portugueses são genericamente fracos, nunca me iludi que fossem os únicos, como a prestação do representante alemão no Euro-2012 demonstrou. Contudo, nestas como em quase todas as situações, os principais prevaricadores saem impunes. Os outros, frequentemente as vítimas, não têm a mesma sorte.






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