05 maio, 2011

A Morte da Besta


A MORTE DA BESTA


Osama Bin Laden (1954-2011), líder da Al Qaeda, responsável por dezenas de atentados terroristas e milhares de mortos de múltiplas nacionalidades e religiões. A Besta do início do III Milénio.

Nove anos depois do 11 de Setembro, a Besta foi finalmente liquidada: Osama Bin Laden foi morto pelo Team 6 dos Navy Seals, as mortíferas forças especiais da US Navy.

Não pondo fim à guerra contra o terrorismo e sendo incerto o seu impacto sobre a capacidade/vontade operacional da Al Qaeda, a morte de Bil Laden é uma grande vitória pelo valor simbólico que tem. No Ocidente, o alívio e alegria pelo desaparecimento do rosto da maligna organização, que na mente de muitos se confundia com a própria organização. Para os islamitas radicais é o oposto: desaparece o líder, a referência, o fundador, a figura reverencial e consensual.

A Besta acorrentada.

O futuro é uma incógnita. É, para mim, óbvio que a Al Qaeda não desapareceu na passada segunda-feira. Acredito, contudo, que a sua moral e capacidade de mobilização tenham ficado seriamente afectadas. Quanto ao impacto sobre a capacidade operacional e organizacional da Al Qaeda pós-Bin Laden, dependerá de 3 factores: a) a capacidade de encontrar de forma pacífica e célere um novo líder consensual; b) a manutenção das fontes e canais de financiamento da organização; c) o valor da informação que os Navy Seal capturaram na casa de Abbottabad. Se essa informação permitir a caça/captura/eliminação de outros membros relevantes na estrutura da Al Qaeda, poderá estar em causa a funcionalidade e sobrevivência da cabeça da hidra. Não esquecer, finalmente, que a Al Qaeda está franchisada e, como tal, os seus ramos noutras regiões poderão continuar a funcionar durante bastante tempo, mesmo sem a organização-mãe.


Para já, fica a certeza da Morte da Besta!

5 comentários:

Sérgio Lira disse...

Pior que tudo isso: o Estado (com troika ou sem troika, com desculpas esfarrapadas ou sem elas) trai a palavra dada, não honra o compromisso, não é uma pessoa de Bem: todos nós confiámos (estultos!) que as regras do jogo são para manter - comprámos uma casa depois de ter verificado o valor do IMI, das deduções no IRS, das prestações mensais, etc. etc.. Sim, porque nós somos pessoas prudentes e queremos sempre honrar os nossos compromissos, queremos que os nossos filhos saibam que o chão por baixo e o tecto por cima são seguros. Mas o Estado não: miseravelmente, impunemente,prepotentemente, muda as regras do jogo, a meio do jogo, altera valores, revoga unilateralmente acordos, não cumpre com contratos - a tudo se permite, numa voragem de arbitrariedade e de rapacidade sem limites, sem moral, sem ordem. O Estado não é uma Pessoa de Bem. O Contrato Social é por ele (Estado) violado, desrespeitado, exorbitado, sempre e sempre - sinto-me desobrigado. Esta não é mais a ditosa pátria minha amada: é uma meretriz, de sarjeta, sem honra e sem saúde, que se vende a qualquer, por qualquer preço.

Anónimo disse...

FREITAS PEREIRA disse..


O assassino recebeu a punição devida, e entrou na lista bastante longa dos leaders árabes, que depois de ter colaborado e sido « amigos » dos EUA e dos países europeus, acabaram por se transformar ,após acontecimentos diversos, em aliados incómodos para os seus antigos aliados.
Sem analisar as circunstâncias da morte de Ben Laden , pena foi que ele como outros dirigentes árabes tenham desaparecido tão rapidamente, enquanto teriam tantas coisas interessantes para revelar e explicar...sobre as relações que tiveram com a hyper potência!

Que de surpresas e de detalhes picantes teria reservado um tribunal publico, onde se seria sentado este homem que foi financiado e armado pelos USA quando se tratava de combater os Soviéticos no Afeganistão, durante os anos 70 e 80, ele que os presidentes Carter e Reagan qualificaram de “freedom fighter” !

Que tribuna excepcional um tribunal teria sido para este homem que estava bem ao corrente da política exterior dos EUA através do mundo árabe ! Muito melhor que as “revelações” de Wikileaks !

Teria sido por esta razão que foi necessário meter-lhe algumas gramas de chumbo na cabeça, assim tão rapidamente ? E teria sido pela mesma razão que um outro homem que sabia demais... , o presidente Saddam Hussein, foi julgado também rapidamente, na base de acusações que afastaram as responsabilidades dos EUA e europeias, e não diante um tribunal internacional, mas frente a juizes locais, para acabar na ponta duma corda ?

Responsabilidades sim ! Quem esqueceu os abraços de Nicolas Sarkozy, apertando bem forte contra o coração, o “amigo” Ben Ali , o ditador da Tunísia ?E as amabilidades e os sorrisos cheios de dentes de Obama para Housni Moubarak, a sua melhor carta no Próximo Oriente. Impossível de esquecer os abraços de Berlusconi a Mouammar Kadhafi e a recepção “amiga” da França de Sarkozy ao mesmo!

Durante anos e anos e até agora, estes tiranos serviram bem os seus “amigos” do Ocidente. Recebendo armas e reconhecimento na cena internacional, eles beneficiaram da política do macaco : “ não vejo nada, não ouço nada, não digo nada”, mas apoio, armo e finanço ...

Estes tiranos, em troca, reduziram os povos à escravatura, submeteram-nos aos interesses de milhares de sociedades americanas e europeias, que saquearam as matérias primas destes países e violentaram a mão de obra sobrexplorada, empilhando-a em milhões, de Tripoli ao Cairo, em bairros mal construídos, sobreaquecidos ao sol tórrido, pagando, pressionados e despojados de tudo, alugueres desmedidos que acrescentavam este crime ao império dos seus mestres e à riqueza dos parceiros e apoiantes que estes últimos encontravam no Ocidente.

Não é agradável ouvir Obama, hoje, condenar os anos de ditadura e felicitar-se que o povo egípcio se tenha desembaraçado do despotismo ? E de ouvir Sarkozy elevar a voz e impor, manu militari, sanções ao ditador da Líbia ?

Estes discursos são para quem ? Não para os antigos aliados. Mas para nos, cidadãos do Ocidente. Os nossos governos fazem agora os esquisitos, indignando-se publicamente.
E estamos prontos a crer neles, a aplaudi-los e a nos indignar com eles, certos da nossa boa consciência, a felicità-los.

Não somos papalvos ! Mas os discursos deles nos vão muito bem ¡ Não fomos nos que os elegemos? Não são os nossos votos ( ou o nosso silêncio) que os caucionou? Cada vez que a governança falha , sabe-se muito bem que a culpa é nossa, que os lá pusemos !

Mas todas as ditaduras do mundo apoiadas pelo Ocidente, todos os Bouteflika da Argélia, os Mohamed do Marrocos, os generais da Birmânia, os Kabila do Congo, os Abdallah da Jordânia, os Assad da Siria, ... todos estão desde agora avisados: que no dia em que já não prestarem para servir o Ocidente, serão abandonados à vingança popular, rejeitados como parias, eliminados com uma bala na cabeça ou na ponta duma corda !
Saddam Hussein enforcado, Ben Ali no coma, Moubarak com uma crise cardíaca, Kadhafi bombardeado em Tripoli, Bem Laden executado ...
Bom sinal para os restantes!

Freitas Pereira

Anónimo disse...

FREITAS PEREIRA disse...

Gostaria de responder ao grito de revolta do Senhor Lira.

A palavra Estado é utilizada várias vezes na sua mensagem.

O problema é que, se o Estado foi noutros tempos definido pela autoridade e o poder que ele exerce sobre um território, no qual ele detém o monopólio da violência legitima, através das leis, podemos dizer hoje que esse “ESTADO” desapareceu um dia em Maastricht.

E se considerarmos que a Nação é o lugar onde se agrupam indivíduos que partilham os mesmos valores e os mesmos objectivos, isto também já não existe.
Os objectivos da minoria de 20% que possui 70% da riqueza nacional não são exactamente os mesmos, que daquela que a produz.

Se uma nacionalidade se compreende quando se possui a mesma herança histórica, isso ainda existe, mas muitos estão mais “internacionalizados” que outros. Os investimentos não têm nacionalidade.

Depois de Maastricht, o ESTADO foi obrigado a abdicar duma parte da sua soberania, o que é uma outra forma de “violência legitima”.

O ESTADO social sofreu o ataque violento da globalização. Através da economia política internacional, o ESTADO foi posto em concorrência por outras formas de organizações publicas ( supranacionais, multinacionais, ONG e mesmo mafias).
E perdeu assim as rédeas de comando.

O ESTADO e a noção de fronteira que lhe é associada não têm mais um valor universal.

O Estado emana , normalmente, da Nação. Hoje, como escrito mais acima, o ESTADO recebe as ordens do exterior, doutras nações, ou grupos de nações, mais poderosas .

O ESTADO poderá sobreviver à globalização se a globalização permitir ao ESTADO de compensar certos efeitos. O que quer dizer que, ou a globalização “autoriza” o ESTADO a preservar uma certa homogeneidade social e o processus se prosseguirá, o que não parece ser o caminho seguido actualmente, ou a globalização explodirá violentamente, um dia, em conflitos intra-nacionais.

O aumento das desigualdades e, frequentemente, em reacção, a fragmentação da sociedade , da Nação, apresenta um risco político: a dissidência da comunidade, dirigida por poderes pouco legítimos e mais ou menos violentos.

E a violência é tanto mais « violenta» que ela exercida por políticos que contam sobre a ignorância política das massas para se afirmarem.


Freitas Pereira

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira,

Magnífico libelo contra a Real Politik. No entanto, mal ou bem, essas são as regras do jogo das Relações Internacionais. Sempre assim foi, na prossecução do interesse nacional. É evidente que há uma hipocrisia quando os aliados de ontem são abandonados hoje em nome da democracia ou de outra coisa qualquer.

Uma nota em relação à relação EUA-Bin Laden: é evidente que quando Reagan apoiou os mujaheddin ninguém podia prever a sua evolução 20 anos volvidos. Na altura foi uma boa ideia. Em retrospectiva, não foi tanto assim. Depois é preciso acrescentar que nos anos 80, Bin Laden não tinha nem remotamente a importância que adquiriu 15/20 anos depois. Era pouco mais do que um peão no conflito com a URSS e não se lhe pode atribiur mais importância do que isso.

Helena Alexandra disse...

de facto o que hoje é necessário, pode tornr-se um "fardo" no futuro, mas concordo com o Prof. Rui quando diz que BL não passava de um peão!

No que diz respeito às relações que se mantêm com ditadores, quem não viu como Hugo Chavez e Sócrates se dão lindamente? Quem não viu a recepção que se fez a Fidel Castro em Portugal?? Amigos, estamos aqui para assistir a muito mais!!!