GREGOS COM OS GREGOS
A Grécia está à beira da falência. Primeiro, fez-se forte e disse que não contava necessitar de apoio internacional. O número durou poucos dias, porque espremer os Gregos até à medula não era suficiente e lá teve de ir a correr a Bruxelas, Berlim e Washington, desesperadamente à busca de ajuda. Inicialmente o pacote internacional seria de 45 biliões de euros; quando completado o plano de ajuda, a conta tinha ascendido a 110 biliões. Antes que se recuperasse o fôlego, foi prontamente acrescentado que 150 biliões poderiam não chegar.
A situação não é demasiado surpreendente: trata-se de um país que aderiu ao euro fazendo batota (assumida) com as contas públicas, que é “vítima” de muitos anos de gestão incompetente e socializante, onde o estado atingiu proporções desmedidas.
A questão abrangente que agora se devia colocar é a de saber se e porquê é que cidadãos de outros 15 Estados devem arcar com uma quota importante do fardo de salvar a Grécia do naufrágio. E a questão particular que deveríamos colocar é a de saber se Portugal pode e deve emprestar 2 biliões de euros à Grécia, quando é um país que também se encontra numa situação financeira e económica muito complicada.
Tenho para mim que, enterrar tanto dinheiro numa Grécia irresponsável e insolvente corre o risco de enviar o sinal errado: gasta de mais, produz de menos, endivida-te até ao tutano, que depois a Alemanha, a Holanda, a França, a Áustria e outros, lançam-te a bóia da salvação. Até que ponto é que, a longo prazo, o euro não ficaria mais sólido passando agora pelo abalo da exclusão de um país, mas assentando em bases mais consistentes no futuro? Será que as agências de rating não reagiriam de forma mais favorável?
A propósito das agências de rating, não sei que motivações e influências políticas possam ter, mas penso que são empresas que estão no mercado e que têm de emitir pareceres e relatórios credíveis para prosperarem. Até ver, não foram a Standard & Poor’s ou a Moody’s que esbanjaram os euros dos Gregos, os endividaram para além do razoável e que continuam a tentar enganar os mercados com números erróneos sobre as suas contas.
A realidade é que todos nos vemos gregos com os Gregos: uns, como os Alemães, vêem as suas poupanças enterradas numa empreitada de êxito e interesse duvidosos e outros, como os Portugueses ou os Espanhóis, vêem a sua credibilidade e solvabilidade hipotecadas pelo mau exemplo de Atenas (e pela sua própria gestão incompetente).
3 comentários:
Primeiro, não é legalmente possível a exclusão de um país da zona euro. A única hipótese é o país sair por sua livre vontade.
Segundo, por mais que pareça absurdo (tens razão: como se não bastasse a incompetência, mentiram com todo os dentes), se a Grécia não for apoiada logo a seguir aterram os efeitos de contágio. Portanto, ajudamos a Grécia para não irmos pelo cano do esgoto logo a seguir.
Professor Rui Ribeiro, estou perfeitamente de acordo com a sua analise.
Na minha geração mentir era um acto muito feio, quase crime, que tento transmitir aos meus filhos, hoje é visto como uma vocação ou mesmo um talento.
Eles já não mentem, dizem inverdades.
Salvar a Grécia da bancarrota « por solidariedade europeia » é muito bonito , mas não evitará a bancarrota de qualquer maneira, porque a Grécia nunca reembolsará as dividas.
Se a situação era difícil com o juro de 1,5 ou 2%, como poderá ela ser menos difícil com o juro a 5% ou mais ?
Entretanto, para os países que vão emprestar a 5% , (dinheiro que eles não têm e que devem pedir emprestado aos mesmos bancos ... a 1,5%) , o negocio é chorudo ! O ministro das finanças francês já calculou o beneficio que vai resultar do empréstimo de 3,9 milhões de euros consentido pela França à Grécia!
“ Se o Gregos nos reembolsarem vamos ganhar 150 milhões de euros” de juros” diz esta Senhora Ministra das Finanças. E os gregos ? Eles transferiram 50 mil milhões de euros para os bancos estrangeiros em 50 anos ! Só na semana passada transferiram 9 mil milhões ! Existe portanto alguém na Grécia que tem muito dinheiro ganho facilmente e muitos crêem que os fundos comunitários serviram para muita gente!
O que será interessante saber é como vão reagir os especuladores em relação aos juros das obrigações do Estado a 10 anos , servidas com um juro de 10,9 % ! A cupidez é tanta que vão de certeza comprar! E eu gostaria que os Gregos não as reembolsem!
Mas agora são os pequenos que vão pagar : menos reforma, menos salário, menos protecção saúde, e mais impostos, mais taxas diversas, e mais anos de trabalho para chegar à reforma.
E sobretudo que não me venham dizer que os 11 milhões de Gregos que vão dever apertar o cinto são os culpados da má gestão do governo que eles elegeram.
E enfim, a vigarice da contabilidade da Grécia, feita pela Goldman Sachs, para esconder a verdadeira situação do pais, que queria entrar na EU custe que custe, era conhecida da Eurostat, a agência encarregada da verificação das contas publicas na EU. Este organismo fechou os olhos. Porquê ?
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