12 maio, 2010

Mentirosos Impenitentes

MENTIROSOS IMPENITENTES


Na campanha eleitoral de 2009, o PS afirmou que não aumentaria os impostos. No Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) versão 1, o Governo PS propõe-se reduzir e/ou eliminar as deduções fiscais (despesas com educação, saúde, etc) o que configura objectivamente um aumento da carga fiscal dos cidadãos. Até hoje, com um misto de hipocrisia e desfaçatez, o Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças continuam a afirmar que não há aumento dos encargos fiscais dos contribuintes.

A 16 de Abril de 2010, em pleno Parlamento, José Sócrates declarou que não aumentaria os impostos. Nos últimos dias, o seu (dele) Ministro das Finanças, vai preparando o terreno para o aumento dos impostos. Os arautos do regime na imprensa vão deixando cair sugestões: aumento do IVA (a mais popular), do IRS, redução de salários, imposto extraordinário sobre o 13º (ou 14º) mês.

As medidas impostas na (à) Grécia e as propostas pelo Primeiro-Ministro de Espanha (outro free spender que de repente descobriu que corria para a bancarrota) são aplaudidas e apontadas como exemplo. Até o inefável Obama terá telefonado a Zapatero a instá-lo a tomar medidas draconianas. Tudo se conjuga para a construção do cenário da inevitabilidade, do dever patriótico, do sacrifício solidário, da escolha entre o assalto à nossa carteira e a falência colectiva.

Estranhamente, o PSD, ainda antes de o PS assumir o aumento de impostos, já parece encará-los como um facto consumado e propõe condições para a sua aprovação, efectivamente comprometendo-se com esses aumentos a priori. É um duplo erro: um erro táctico porque o PSD fica com um ónus maior do que o seria normal dado não ser governo; um erro estratégico porque está a ir contra o que o actual líder proclama há dois anos e até há poucos dias atrás. Será lamentável, tão pouco tempo depois de ter sido eleito, se já demonstrar os tiques de bloco central e o vício de dizer uma coisa e fazer outra, que arruínam todos os dias a reputação dos políticos em Portugal.

Se tal acontecer, será reforçada a convicção da maioria dos Portugueses de que eles (os políticos) são todos iguais: são todos uns mentirosos impenitentes.

P.S. Reforçando a ideia que as burocracias têm uma voracidade permanente por aumentar o seu poder e influência, o líder da burocracia europeia, Durão Barroso, propõe que a Comissão Europeia faça uma triagem prévia dos orçamentos dos Estados-Membros. O polvo vai estendendo os seus tentáculos…

2 comentários:

freitas pereira disse...

Salvo raras excepções, persisto em pensar, que para obter sucesso na política, é necessário uma dose de cinismo, uma dose de desonestidade e uma dose de oportunismo que se põe ao serviço duma pseudo ideologia.

O cinismo para atraiçoar, a desonestidade para enganar, e o oportunismo para chegar aos seus fins! Um mundo no qual não há lugar para meninos de coro !

Cláudia Ramos disse...

Rui,

Remeto-te o endereço do texto do P. Tunhas de que te falava ontem:
http://www.ionline.pt/conteudo/53362-liberdade-indiferenca
Parece-me uma demonstração interessante de que a questão que pões se resume afinal a "fardos de palha".
Ao mais e pragmaticamente, esperemos que alguém dotado de raciocínio básico se lembre a tempo de que uma parte (e que parte)do problema está na despesa! Cláudia