16 março, 2010

A Rolha Laranja e o Oportunismo Rosa

A ROLHA LARANJA E
O OPORTUNISMO ROSA

Na IX Legislatura debateu-se na Assembleia da República legislação que, de forma simplificada, visava impedir o PCP de realizar votações de braço no ar, com o pretexto de que tal violava a liberdade dos militantes porque, obviamente, condiciona na hora de votar. Tive oportunidade de me manifestar contra essa proposta em sede do Grupo Parlamentar do PSD por entender que não se trata de um condicionamento indevido porque não era uma prática ilegal, mas principalmente, porque a adesão ao PCP é voluntária e os militantes que discordem das regras internas podem sair do partido a todo o momento.

Agora debate-se a dita Lei da Rolha no PSD, aprovada no Congresso de Mafra e destinada a conter a manifestação pública de dissensões internas em períodos eleitorais. Discordo desta proposta porque a unidade partidária e a comunhão de interesses e propósitos não se decreta. Ou se tem, ou não se tem. Além disso, mergulhou a questão da liberdade de expressão no PSD (questão ridícula pois é um partido onde toda a gente diz o que bem quer e lhe apetece e muitos ainda têm palco para o dizer) na agenda mediático-política, deixando para segundo plano a questão da eleição interna e da crise económica do país.

Este episódio abriu a porta para algumas alarvidades do PS. Primeiro foi Vitalino Canas, cujo tema político favorito é a vida interna do PSD, a falar em stalinismo no PSD (se a estupidez pagasse imposto….). Depois foi Francisco Assis a proclamar que ia levar a questão a plenário da AR e ao Tribunal Constitucional (e talvez ao Conselho de Segurança). O oportunismo é evidente: com a economia portuguesa comatosa e o PS ao leme, qualquer coisa serve para desviar as atenções. Agora, tentar credibilizar o ridículo elevando-o à (suposta) nobreza do debate parlamentar ultrapassa os limites da decência política e institucional e revela um estado de desespero no PS maior do que se supunha. Depois ficam surpreendidos com o descrédito em que mergulhou o Parlamento.


P.S. Uma nota final para Pedro Passos Coelho: absteve-se na votação desta norma no Congresso. Agora é o seu principal detractor. Fica-lhe mal. Quem tenta sempre cavalgar a espuma mediática pode acabar enrolado na areia.

1 comentário:

Ricardo Lima disse...

Caro Professor

Subscrevo completamente a sua opinião. O PS a apelidar o PSD de Estalinista é o mesmo que o próprio Estaline banir Mao da Internacional por falta de transparência. Mas de qualquer modo esta lei era desnecessária e ficou mal ao Dr. Santana Lopes que tendo sido o impulsionador do congresso e tendo o seu momento de brilho com o sucesso do mesmo, viu o seu mérito ofuscado por esta aberração que é a chamada "lei da rolha"
Quando a Passos Coelho, "eu perdoo-o".