23 março, 2010

Grande Vitória, Pequeno Troféu

GRANDE VITÓRIA, PEQUENO TROFÉU

Plantel do Sport Lisboa e Benfica com a 2º Taça da Liga.

O Benfica vem realizando uma época fabulosa, jogando muito bem, dominando a maioria dos adversários, esmagando e goleando com freuência, revelando uma ambição que o leva a continuar ao ataque mesmo com 3-0, cortando com a mesquinhez de defender o 1-0 e de desistir de jogar aos 2-0.

Muito se tem dito que a exuberância exibicional e de resultados ainda podia resultar em zero títulos no final da época, o que era verdade. Já não é. Com a vitória inequívoca na Taça da Liga, o Benfica garantiu um troféu para esta época. Pequeno (é a 3ª prova do calendário nacional)), mas um troféu.

7-1
Para os Benfiquistas, este triunfo tem o especial significado de ter sido um expressivo 7-1. 4-1 ao Sporting + 3-0 ao Porto, duas vitórias sucessivas sobre os grandes rivais por números claros, com nítida superioridade e apresentando em ambos os jogos uma mescla de titulares e de suplentes.
 
A prova dos nove desta época é o Campeonato Nacional e o jogo mais importante é o próximo, não por ser o seguinte, mas por ser contra o 2º classificado, o único que ainda pode disputar o título com o Benfica.
No entanto, aconteça o que acontecer no Benfica-Braga (e acredito na vitória do Benfica), nada apaga os grandes jogos feitos e as grandes alegrias dadas pelo Benfica nos últimos 6 meses. Nem a grande equipa do 30º Campeonato (1993/94) jogava tanto ao ataque e conseguia resultados tão impressionantes com esta frequência, pese o memorável 3-6 em Alvalade.

Como se diz hoje em dia: CARREGA BENFICA!!!


Javi Garcia, Carlos Martins e Óscar Cardozo celebram triunfo do Benfica.

P.S. Umas breves notas sobre a final da Taça da Liga em Faro:

a) Grande golo de Carlos Martins. Golaço mesmo!

b) Bela exibição de Rúben Amorim, coroada com a jogada do 3º golo.

c) Jorge Jesus tornou a armar bem a equipa, a definir a táctica e a fazer a gestão de esforço dos jogadores. Não se percebe, contudo, porque não fez entrar o Capitão da equipa, Nuno Gomes, em vez de um dos avançado titulares que precisariam de descanso.

d) Inacreditável que um Bruno Alves enraivecido tenha merecido 3 ou 4 cartões vermelhos e tenha visto um amarelo. Poucas vezes terei visto um jogador que de forma tão regular e consistente usa de violência gratuita para magoar os adversários. E nunca vi nenhum que gozasse desta impunidade. As entradas maldosas de Meireles também justificavam expulsão e…nada.
e) Na sequência da alínea anterior, o árbitro. Supostamente o melhor português, fez uma arbitragem cobarde do ponto de vista disciplinar, novamente em prejuízo do Benfica, tal como havia feito em Braga para o Campeonato. Incompetente ou desonesto, ele lá saberá.

16 março, 2010

A Rolha Laranja e o Oportunismo Rosa

A ROLHA LARANJA E
O OPORTUNISMO ROSA

Na IX Legislatura debateu-se na Assembleia da República legislação que, de forma simplificada, visava impedir o PCP de realizar votações de braço no ar, com o pretexto de que tal violava a liberdade dos militantes porque, obviamente, condiciona na hora de votar. Tive oportunidade de me manifestar contra essa proposta em sede do Grupo Parlamentar do PSD por entender que não se trata de um condicionamento indevido porque não era uma prática ilegal, mas principalmente, porque a adesão ao PCP é voluntária e os militantes que discordem das regras internas podem sair do partido a todo o momento.

Agora debate-se a dita Lei da Rolha no PSD, aprovada no Congresso de Mafra e destinada a conter a manifestação pública de dissensões internas em períodos eleitorais. Discordo desta proposta porque a unidade partidária e a comunhão de interesses e propósitos não se decreta. Ou se tem, ou não se tem. Além disso, mergulhou a questão da liberdade de expressão no PSD (questão ridícula pois é um partido onde toda a gente diz o que bem quer e lhe apetece e muitos ainda têm palco para o dizer) na agenda mediático-política, deixando para segundo plano a questão da eleição interna e da crise económica do país.

Este episódio abriu a porta para algumas alarvidades do PS. Primeiro foi Vitalino Canas, cujo tema político favorito é a vida interna do PSD, a falar em stalinismo no PSD (se a estupidez pagasse imposto….). Depois foi Francisco Assis a proclamar que ia levar a questão a plenário da AR e ao Tribunal Constitucional (e talvez ao Conselho de Segurança). O oportunismo é evidente: com a economia portuguesa comatosa e o PS ao leme, qualquer coisa serve para desviar as atenções. Agora, tentar credibilizar o ridículo elevando-o à (suposta) nobreza do debate parlamentar ultrapassa os limites da decência política e institucional e revela um estado de desespero no PS maior do que se supunha. Depois ficam surpreendidos com o descrédito em que mergulhou o Parlamento.


P.S. Uma nota final para Pedro Passos Coelho: absteve-se na votação desta norma no Congresso. Agora é o seu principal detractor. Fica-lhe mal. Quem tenta sempre cavalgar a espuma mediática pode acabar enrolado na areia.

06 março, 2010

Iraque: A Hora da Verdade

IRAQUE: A HORA DA VERDADE

in "The Economist"


Após o sucesso do surge implementado pela Administração de George W. Bush no final de 2006, o Iraque desapareceu gradualmente dos radares dos mass media, da opinião pública e dos governos ocidentais. É o habitual giroscópio noticioso na procura incessante da última novidade que desperte o interesse e a atenção da massa espectadora bocejante.
 

No entanto, este desaparecimento do Iraque é enganador, porque o Iraque, para o bem, ou para o mal, irá desempenhar um papel crucial no Médio Oriente no futuro próximo.

 Desde logo, o Iraque possui as segundas maiores reservas conhecidas de petróleo do mundo (a seguir à Arábia Saudita). Ainda no plano energético, uma vez operacionalizados os acordos assinados com grandes companhias petrolíferas ocidentais, o Iraque competirá com os Sauditas pelo top mundial de produção de crude.
 
Em termos estratégicos, o Iraque ocupa um espaço central no Médio Oriente, encaixado entre o Irão xiita e a Arábia Saudita sunita e fazendo ainda fronteira com a Turquia, ou seja, com os principais actores islâmicos da região, com a excepção do Egipto.
 

Tal significa que o que se passar no Iraque terá um impacto político significativo na região. Pelos mesmos motivos, a evolução interna iraquiana será condicionada pela influência e interferência dos seus principais vizinhos e, também, pelos Estados Unidos.
 
Amanhã, os Iraquianos votarão para eleger um parlamento pela terceira vez desde que a ditadura de Saddam Hussein foi derrubada. Da afluência às urnas e dos resultados apurados muito depende não só o futuro do Iraque, como também o do Médio Oriente.
Saber a dimensão da previsível vitória da principal coligação xiita (Aliança Nacional Iraquiana), avaliar até que ponto o Primeiro-Ministro Nouri al-Maliki (Coligação Estado de Direito) será recompensado ou penalizado pelos seus 3 anos de governação, perceber o grau de (in)sucesso das listas mais secularistas e trans-sectárias (Movimento Nacional Iraquiano), serão os parâmetros decisivos para se começar a perceber a linha evolutiva do Iraque nos próximos anos.
 

As principais questões a que se procura resposta são:

• O sectarismo étnico-religioso cederá terreno a projectos políticos nacionais alternativos?
 

• O secularismo prevalecerá sobre o fundamentalismo religioso?
 
 
• Será possível formar uma maioria parlamentar minimamente coerente?


• O novo governo (que ainda deverá demorar uns meses a constituir) terá força política e coragem para reprimir as milícias e forças para-militares geradoras de insegurança?
 

• Que influência serão capazes de exercer as potências estrangeiras, especialmente o Irão, no novo quadro político iraquiano?
 
Brevemente veremos se a promessa de democracia no Iraque tem muita, alguma, ou escassa viabilidade. Seja como for, o que se passar amanhã e nas próximas semana na antiga Mesopotâmia não deveria ser-nos indiferente.