O SOCIALISMO DE SÓCRATES
José Sócrates tem a fama (e algum proveito) de não ser um verdadeiro socialista. No entanto, para quem tinha dúvidas, a recente crise económica revelou que ater pode não ser, mas os tiques continuam lá. Senão vejamos:
Quando a crise eclodiu, José Sócrates proclamou, com indisfarçável satisfação, que a era do Liberalismo tinha acabado e que ao Estado estava reservado um renovado e imprescindível intervencionismo na economia.
Depois, disse que a única forma de superar o clima recessivo, era pôr o Estado a investir desenfreadamente, presumivelmente mandando às urtigas os resultados orçamentais que esmifrou dos Portugueses nos últimos três anos. Para dar consistência teórica ao argumento, bramou “Keynes! Keynes! Keynes!” em pleno Parlamento. A mim soou mais a “Mitterrand! Mitterrand!!”
Finalmente ontem, confrontado com o plano de combate à crise da Comissão Europeia, Sócrates rejeita a possibilidade de descida de impostos. Sim, porque ele até já desceu o IVA uns estonteantes…1%! E lá voltou o refrão dos investimentos do Estado que nos vão tirar da crise com pé enxuto. Até deu para sublinhar os sinais de optimismo: parece que até estamos a decrescer (economicamente) menos do que os outros. Morrer sim, mas devagar.
O pior disto tudo, é o tal tique socializante e estatista. Havendo falta de liquidez, reduzida capacidade para investir, diminutas possibilidades para consumir, sérias dificuldades para cumprir obrigações contratuais, mandaria o bom senso disponibilizar mais liquidez à sociedade, ou seja, aos cidadãos. Tal seria feito, nomeadamente, diminuindo o IRS, assim fazendo com que os Portugueses tivessem mensalmente mais dinheiro vivo disponível e, consequentemente, mais capacidade para pagar, mais disponibilidade para consumir, mais vontade de investir.
Mas não. O governo encara a riqueza produzida pelos Portugueses como propriedade do Estado da qual, com maior ou menor magnanimidade, deixa os cidadãos reterem uma parte. O que se compreende, porque o Estado é um bom gestor, é um bom pagador, não gasta mais do que recebe, não deve nada a ninguém e sabe melhor do que os indigentes mentais que povoam o país quais são os seus (nossos) superiores interesses e, é claro, como gastar o seu (nosso) dinheiro.
E assim se vai realizando a velha prática socialista de igualizar por baixo, preservando o império estatal e os privilégios daqueles que à sua volta gravitam.
4 comentários:
Não podia ser "Mitterrand"; pois foi Mitterrand que, na Europa socialista, enterrou Keynes.
E não te espantes que o outro tenha proclamado três vezes "Keynes": decerto nunca tinha ouvido falar deste economista. Um spin doctor tê-lo-à segredado, uns minutos antes.
PVM
Ena. Quem te conhece, não te reconhece neste post! Gostaria de comentar mas, caro amigo, teria que o reescrever totalmente! Espero de ti uma escrita rigorosa.
MLV
Caro Rui Miguel,
Não podia estar mais de acordo. Ainda por cima porque os investimentos que o Estado se propõe fazer - e fará - enche os bolsos dos mesmos de sempre: o lobby do cimento.
Bruno Rodrigues
Caro Senhor Rui Miguel Ribeiro
1. Il faut maîtriser l’argent, l’utiliser et le répartir autrement, mobiliser tous les moyens pour un nouveau type de croissance, fondé sur la satisfaction des besoins sociaux et humains.
2. Il faut créer, collecter et répartir l’argent autrement par la fiscalité, le crédit, la mobilisation de l’épargne ainsi que par des cotisations sociales étendues aux produits financiers et incitatives à la création d’emplois qualifiés et bien rémunérés.
Como pode constatar, Caro Senhor Rui Miguel, o espirito e a letra do seu « post » não está muito longe do texto da esquerda Francesa ! O que é “arrojado” da sua parte !
Só que os esquerdistas franceses não só apoiam a redução dos impostos dos mais pequenos, mas sugerem de aumentar os dos ricos!
Mas na realidade, o que o Senhor sugere é também , de uma certa maneira, o programa de Obama : redução dos impostos de 80% dos Americanos ( aqueles que ganham menos de 250.000 dollars por ano, e de aumentar os dos ricos ! , e de lançar grandes investimentos nas estruturas – pontes, estradas, aeroportos, escolas, hospitais e serviços de saúde em geral, que bem precisam .
A Comissão de Bruxelas escolheu, como sabe, as mesmas vias para utilizar o nosso dinheiro : Investir nas estruturas do Estado, e nalgumas industrias essenciais . Mas os tecnocratas de Bruxelas receiam na realidade que todo e qualquer aumento do poder de compra se traduza em mais importações de produtos asiáticos (China), particularmente.
Freitas ¨Pereira
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