QUE PARTE DO “NÃO” É QUE NÃO PERCEBERAM?
Não sou alguém que se possa qualificar de europeísta, mas considero-me, acima de tudo, um democrata. Posso não gostar de decisões que são tomadas nas urnas, mas acato-as com serenidade e resignação democráticas.
Digo isto, porque esta semana, o ex-Presidente de França e da Convenção Europeia, Giscard d’Éstaing, disse que as pessoas mudam de ideias e que se devia tentar novamente aprovar por via referendária a ratificação do Tratado. Entretanto, o Governo da Holanda parece considerar a hipótese de ratificar o Tratado (no todo, ou em parte?) depois de introduzidas alterações não especificadas, sem recorrer ao referendo. É fantástico!
Na União Europeia é assim: a democracia é muito boa, mas só quando os resultados agradam. Os referendos correram mal? Repete-se até que se vença os eleitores pela saturação. Nunca vi ninguém contestar o resultado de referendos sobre questões europeias em que o Sim triunfou. Não há registo de uma vitória do Não que não fosse objecto de recriminações e tentativas de subverter por meios mais ou menos ínvios a decisão dos eleitores.
O Não ao Tratado Constitucional teve 62% na Holanda e 55% na França! Apetece perguntar ao Senhor Giscard d’Éstaing e aos que pensam como ele: Que parte do “NÃO” é que não perceberam?
4 comentários:
É verdade, são teimosos estes tipos...
Tem razão (diz um europeísta convicto). Enquanto Giscard "andar por aí", enquanto Giscard abrir a boca para mais uma boutade, a Constituição viverá manchada por esse fantasma.
PVM
De uma forma bem radical e com um sentimento de tristeza profunda coloco a questão...onde pára a união da Europa de séculos passados? Esses senhores deveríam voltar a ter aulas de História para reavivar a memória, no que diz respeito ao mais antigo continente deste planeta e sua sabedoria e poderio, mesmo com todas as rivalidades que fazem parte da sua História...e respeitá-la acima de tudo!...velhos e BONITOS (apesar de conturbados) tempos.
Sandra, acima de tudo, tem de se respeitar a vontade democrática dos povos e a construção europeia tem cada vez menos de democrática. Enquanto for o projecto de uma "vanguarda esclarecida" actuando grandemente à revelia dos povos, vai correr sempre o risco de um dia se desmoronar, quiçá de forma pouco pacífica.
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