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20 julho, 2013

Síria: A Guerra Está Para Durar

SÍRIA: A GUERRA ESTÁ PARA DURAR

Os principais palcos da Guerra Civil na Síria no Verão de 2013. Pode-se ver a cidade de Al-Qusayr junto à fronteira nordeste do Líbano com a Síria.

in STRATFOR at http://www.stratfor.com   

Ao contrário das expectativas publicitadas por várias potências regionais e mundiais e pelo media internacionais, o regime de Bashar Al Assad não se desmoronou durante o ano de 2011 (a revolta na Síria começou em Março de 2011). Tampouco foi derrotado, ou implodiu em 2012. Em 2013, o regime de Damasco tem estado ao ataque registando vários sucessos militares significativos. Por outro lado, os rebeldes, apesar de contarem com os EUA entre os novos fornecedores de armas, encontram-se mais divididos e fragilizados.

Durante o primeiro ano da Guerra Civil, o governo alawita conheceu bastantes reveses, perdas de território, atentados de grande gravidade e deserções significativas. 2012 foi o ano de estancar a hemorragia, estabilizar a situação e registar alguns ganhos (e perdas). Já 2013 tem corrido bem a Al Assad: o grande momento das forças armadas sírias foi a reconquista da cidade de Al-Qusayr, importante nó rodoviário, estratégico no controle das comunicações entre Damasco e Alepo (a 2ª cidade da Síria) e entre a capital a zona costeira, berço dos Alawitas e ainda entre a Síria e o norte do Líbano.

A partir daí, o Governo Sírio intensificou a ofensiva na província de Homs, onde os rebeldes têm estado sob pressão e em muitos casos reduzidos a bolsas de resistência isoladas. Concomitantemente, o exército sírio e respectivos aliados para-militares preparam já o assalto a Alepo, que se imagina será desencadeado em força quando Homs estiver totalmente sob controle do regime.

Estes sucessos serão atribuíveis a três factores:

1- Depois da hemorragia de 2011, o regime e o exército reorganizaram-se, adaptaram-se ao novo combate que enfrentavam, apresentaram-se com renovada coesão e moral e arregimentaram novas forças (irregulares) para reforçar a sua capacidade de combate. Tais realidades tenderão a reforçar-se com os sucessos militares no terreno.

2- O apoio do Hezbollah no terreno constituiu um reforço assinalável, nomeadamente na reconquista de Al-Qusayr, onde participaram activamente entre 6.000 a 8.000 tropas da milícia xiita libanesa. Este reforço é particularmente relevante dado que se trata de tropas treinadas e bem armadas, capazes de integrar de pronto e em pleno o esforço de guerra.

3- A continuação dos apoios do Irão e da Rússia. O Irão fornece financiamento, fuel, treino, armamento e talvez algumas unidades de forças especiais. A Rússia fornece protecção internacional, nomeadamente na ONU, armamento e munições e formadores para o manuseamento de algum equipamento mais sofisticado.

4- A perda de fôlego dos rebeldes, motivado pela recuperação militar e anímica das tropas governamentais, pela décalage de equipamento em relação ao inimigo e por fracturas cada vez mais notórias entre a miríade de facções que os compõem. As últimas semanas têm sido preenchidas com relatos de ataques e atentados de forças jihadistas contra membros supostamente seculares dos rebeldes, protagonizados pela Al Qaeda para o Iraque e o Levante. Não é difícil perceber o efeito que terá nos combates se grupos rebeldes, além de enfrentarem as forças governamentais, também tiverem de se bater contra os seus aliados/inimigos.

Assiste-se, pois, a dois movimentos convergentes: o fortalecimento militar do governo sírio e o enfraquecimento dos rebeldes. Pensamos que o desenlace da batalha pela posse de Alepo será vital no desenho da evolução do conflito a curto-médio prazo. O governo tentou tomar posse da totalidade da cidade há um ano atrás e não conseguiu. A tarefa não se afigura nada fácil, apesar de a preparação estar a ser mais cuidada.

Por outro lado, os rebeldes resistirão até ao limite, cientes de que novo fracasso de grande dimensão faria recuar as suas pretensões de forma potencialmente duradoura e provocar estragos na moral e coesão (que já não é muita) de forma devastadora.

Nada está ainda decidido. Tal como regime não estava liquidado há 18 meses atrás, também agora os rebeldes não estão fora de combate. É aliás minha convicção que o combate por Alepo será inconclusivo e que chegaremos ao final de 2013 com a guerra num impasse. Certo é, que Al Assad está agora melhor do que já esteve e que os rebeldes se encontram na posição contrária.
P.S. Uma pequena provocação extra-post: Qual o governo que durará mais tempo? O de Al Assad, ou o de Passos Coelho? Vai uma aposta?