24 dezembro, 2021

Feliz e Santo Natal 2021

 FELIZ E SANTO NATAL

 MERRY CHRISTMAS

SIR ANTHONY VAN DYJK (1599-1641) – Nativity (1625-1627)  

  

Aos meus amigos e leitores do “Tempos Interessantes”, a todos os que se interessam, votos de um Santo e Feliz Natal, na companhia dos vossos entes queridos.

 

Desejo-lhes também um auspicioso 2022!

 

Merry Christmas to all my friends and readers of “Tempos Interessantes” and to everyone who cares.

 

I also wish you all a Happy New Year!

 

                                    Rui Miguel Ribeiro

 

31 outubro, 2021

Anti-Russian Hysteria, Part 55

ANTI-RUSSIAN HYSTERIA, PART 55

 

Russian tanks by the Ukrainian border.

in Wilson Centre at The Russian Military Build-up on Ukraine's Border | An Expert Analysis | Wilson Centre

 Last Spring, we witnessed yet another surge of anti-Russia hysteria. Like most and previous hysteria situations, this one will fizzle away without a bang.

 This latest hysterical strain is based on a Russian onslaught of Ukraine. The story originated in Ukraine (where else?) and quickly and predictably spread to Washington, Berlin, Paris, Brussels, etc.

 The ruse, yes that’s what it is, started with the Ukraine deploying troops and weapons to the Donbas region. After this move, Russia responded by deploying troops and weapons systems along the Ukrainian border to engage in a series of military exercises. Yes, it could also be the start-up to an assault on Ukraine, or part of it, but that was not the most likely scenario.

 Bottom line: there will be no Russian attack unless Kiev escalates and slides into a full-fledged conflict.

 Why did all of this happen?

 The Ukrainian President, Zelensky, has been falling in the opinion polls, so he thought that confronting Moscow would enable a wave of nationalism that would foster his public support. This, in turn, opened the way to try to press the US to deliver more weapons’ systems, namely the Patriot missile.

 Being aware of the anti-Russian stance of most Western powers (United States, United Kingdom, France, Germany, Poland), it could count on them for military aide and/or political and moral support.

 Finally, it was hoped that it could help to change or terminate the Minsk II Protocol concerning the Donbas status and situation, signed by Russia, Ukraine, Germany and France and which Kiev has been refusing to respect.

 The Russians responded in kind by spreading their troops and weapons along the Russian-Ukrainian border. First and foremost, this was an unequivocal message to Kiev not to cross a red line, or else… Furthermore, the message goes to European countries like France and Germany that it is better not to play with fire, or they can get burnt.

 The rejection of the Minsk agreement, the renewed attack on the Donbas and, especially, an invitation to Ukraine to adhere to NATO, are Moscow’s red lines, the latter two probably Leading to the outbreak of war.

 Why did it not spark a conflict between the several actors involved?

 Ukraine did not do it, because she could well be crushed or punished by Russia.

 Russia did not do it, because she held the best trumps over both Kiev and the West.

 The West did not do it, because it lacked the means, the courage, the support and the will to confront the Russian bear.

 In the end, we witnessed a long episode of chest-thumping with no losers, but where Russia clearly showed that she had the upper-hand.

02 setembro, 2021

Déjà Vu

DÉJÀ VU

 

A evacuação desesperada da embaixada norte-americana em Saigão em 1975 através dos helicópteros Huey, é o ícone dos fiascos nos envolvimentos externos dos EUA.

Desde o final do século XIX, há mais de 120 anos, que os Estados Unidos da América intervêm em países estrangeiros, nuns casos ocupando-os, noutros, a grande maioria para derrubar governos, castigar esses países, deter forças estrangeiras que retirem o país atacado da esfera de influência dos EUA ou impor os seus ditos valores políticos, humanitários e económicos, aquilo que designam por nation building.

Olhando em retrospectiva, verifica-se que nos últimos 60 anos foram frequentes os fiascos em que os EUA se envolveram.

 

BAÍA DOS PORCOS, CUBA, 1961

 

Exilados cubanos capturados pelo Exército Cubano.

O desembarque na Baía dos Porcos arquitectado pela CIA e visando o derrube do regime Castrista terminou com a morte ou a captura da maioria dos exilados cubanos recrutados: Volvidos 60 anos, o regime implementado por Fidel Castro continua firme e resiliente. O assalto falhou em toda a linha em escassos 3 dias.

 

Fidel Castro recorreu aos tanques T-34 para esmagar a invasão.

 

 SAIGÃO, VIETNAME DO SUL, 1975

 

Tropas do Vietname do Norte apoderam-se do Palácio Presidencial do Vietname do Sul.

Copyright: Francoise De Mulder—Roger Viollet/Getty Images

Os Estados Unidos retiraram do Vietname do Sul após uma década de combate contra o Vietname do Norte/Vietkong. A 5 de Março de 1975, a CIA e o Exército americano publicaram um memorando prevendo resistiria pelo menos até 1976. Saigão caiu a 30 de Abril 1975.

 

TEERÃO, IRÃO, 1979

444 dias!

Reféns de 4 de Novembro 1979 até 20 de Janeiro 1980.

Um bando de estudantes militarizados invadiu a Embaixada dos EUA em Teerão onde fizeram 52 reféns. O Presidente Carter lançou uma operação de resgaste que falhou miseravelmente: um helicóptero americano chocou contra um avião de transporte, causando a morte de 8 soldados americanos. A Operação Eagle Claw abortou.

 

O assalto à Embaixada.

Finalmente, 444 dias após o rapto, os reféns foram libertados, no dia em Ronald Reagan ascendeu a Presidente dos EUA.

 

MOSUL, IRAQUE, 2014

 

Abu Bakr Al-Baghdadi anuncia a ressurreição do Califado Islâmico na Mesquita Al-Nuri em Mosul.

A estabilização, organização e democratização do Iraque foi colocada em cheque com a retirada dos EUA do Iraque em 2011. Em 2014, o ISIS lançou um blitzkrieg no Iraque e depois na Síria, culminando com a conquista de Mosul, a 2ª maior cidade do Iraque. Invariavelmente, o Exército iraquiano, treinado e armado pelos EUA soçobrou em toda a linha, sendo aniquilado ou fugindo. O Iraque falhou miseravelmente e a Obamaização do Médio Oriente foi o seu corolário. Três anos após a retirada, lá voltaram as tropas americanas para tentar salvar o Iraque. Sem surpresa, o BHO tratou de estragar as operações militares em três teatros diferentes em que se envolveu: Iraque, Líbia e Síria.

Qual mancha de café, o Califado foi-se espalhando, ameaçando o fim do Acordo Sykes-Picot.

 Sem surpresa, o BHO tratou de estragar as operações militares em três teatros diferentes em que se envolveu: Iraque, Líbia e Síria. O seu wingman tratou de dar sequência à sequela, no Afeganistão.

 

 CABUL, AFEGANISTÃO, 2021

 


E tudo os Taliban levaram…

E agora, Cabul e quase todo o Afeganistão. As movimentações militares dos Taliban começaram em meados de Abril, intensificaram-se a partir de Julho e em Agosto transformaram-se num verdadeiro Blitzkrieg que terminou com a conquista de 32 das 34 províncias do Afeganistão quando os Taliban ocuparam Cabul com tranquilidade, enquanto os outros, em vez de resistir, optaram por fugir.

Joseph Biden foi apanhado desprevenido (no surprise) quando num espaço de menos de duas semanas, Cabul caíra e o Afeganistão era dos Taliban. Não aprendeu com s antecessores, nem com os seus próprios erros. Depois, foi o rush, rush para salvar o que e quem fosse possível, no meio de uma turba desorientada e desesperada, condicionados pelos DDT, os Taliban, e pela ameaça, concretizada, do IS-K. Uma trapalhada: desvalorização do avanço Taliban e do desmoronar do Exército Afegão; uma evacuação feita em desespero e na qual milhares ficaram em terra, a dependência dos Taliban (ironia do destino) para viabilizar a evacuação, um atentado terrorista que resultou numa carnificina, malgrado os alertas de um ataque iminente, tudo rematado com uns tiros de pólvora seca para disfarçar o desastre.

 

 Hundreds of people run alongside a U.S. Air Force C-17 transport plane, some climbing on the plane, as it moves down a runway…

 Centenas de Afegãos tentam entrar ou trepar para um C-17 norte-americano que vai levantar voo.

Apesar dos fiascos, assim prossegue a saga americana de tentar formatar, condicionar, alterar os costumes, a política, a gestão de países terceiros, em nome do nation-building, dos direitos humanos, de uma sociedade e uma economia à medida dos EUA e, sobretudo, da sobranceria da sua auto-atribuída superioridade universal. Déjà vu!