JAPÃO
EM MUDANÇA
DMU
(Digital MockUp) do F-3.
in “Global Security” em https://www.globalsecurity.org/military/world/japan/f-3.htm
O Japão é um
dos países mais estáveis e até dos mais previsíveis do planeta, focado no
progresso económico (3ª maior economia do mundo), no desenvolvimento
tecnológico, na aliança com os Estados Unidos, central para a defesa e
segurança do arquipélago japonês e na postura pacífica e cooperante que fazem
parte integrante da política de Tóquio no pós-II Guerra Mundial.
Plano Militar
Contudo, no
século XXI, particularmente na década passada, o Japão começou a mostrar um suave mas contínuo padrão de mudança.
Tal passou por um gradual relaxamento nas limitações auto-impostas no âmbito
militar e numa postura mais assertiva
face a uma China crescentemente ameaçadora, a uma Coreia do Norte nuclear e a
uma Coreia do Sul ainda marcada por ressentimentos passados.
Agora, o Japão
leva o seu incremento militar a um novo patamar lançando o processo de
concepção, construção e incorporação de um caça de 5ª geração, o F-3, que
deverá substituir os F-2 (um offshoot
do F-16) e os F-15. O F-3 coexistirá com o F-35 Joint Strike Fighter de fabrico
norte-americano (Lockheed-Martin), mas o objectivo do Japão é conceber um avião
que cumule as características do F-35 e do F-22 Raptor, tornando-o melhor do
que qualquer um dos mais recentes caças americanos.
Depois de a
aquisição de caças F-22 pelo Japão ter sido vedada pelos EUA, Tóquio optou por
assumir a liderança e o controlo do projecto do F-3. Contudo, o Japão estará
receptivo às abordagens feitas pelo Reino Unido e pelos EUA no sentido de
integrarem o desenvolvimento do projecto do F-3, mas a maior quota-parte do
projecto ficará a cargo da indústria aeronáutica nipónica.
O desenvolvimento do F-3, the Next
Generation Fighter (NGF) é vital para o Japão manter a capacidade militar que lhe
permita fazer frente à crescente ameaça da China, cujo orçamento para a defesa
quadruplicou entre 2008 e 2018 e cujo comportamento no Extremo Oriente se pauta
por uma hostilidade e agressividade crescentes.
Global supply chain
in “Applicarure”
em https://medium.com/applicature/how-to-apply-blockchain-to-supply-chain-management-8cc673c66c4c
Plano Económico
As importações
da China para o Japão caíram 50% em Fevereiro deste ano na sequência da paragem
económica chinesa devido ao corona vírus. A exemplo do que vai sucedendo nos
Estados Unidos e noutros países, o Japão consciencializou as vulnerabilidades
resultantes das global supply chains
que se tornaram uma componente vital do comércio internacional e um factor na
deslocalização empresarial.
Perante este cenário,
o governo japonês, no quadro do seu pacote de estímulo da recuperação
económica, alocou 2.2 biliões US$ de incentivo à saída da indústria japonesa da
China, sendo 2 biliões afectados ao regresso dessas unidades industriais ao
Japão e os restantes 200.000 para empresas que se desloquem para países
terceiros.
Esta medida,
se for bem recebida pelas empresas, trará várias vantagens para o Japão:
reforçar o tecido industrial localizado no seu território, maior proximidade
das cadeias de fornecimento, maior empregabilidade e receita fiscal,
aproveitamento das capacidades japonesas ao nível da alta tecnologia, tais como
robótica, automatização, inteligência artificial e 3D printing. Last but not
least, o Japão reduz a dependência da China e recupera alguma autonomia.
Resumindo, a
ameaça chinesa, a ameaça epidémica, a crescente tensão geopolítica na região da
Ásia-Pacífico, algumas dúvidas sobre o papel que os EUA estarão dispostos a
desempenhar na segurança do Pacífico Ocidental e um prevalecente clima de
incerteza internacional, levam o Japão a tomar medidas que defendam os seus interesses
geopolíticos, económicos e de segurança. Tal é feito para bem do Japão, mas é
de esperar oposição da China e da Coreia do Sul que resistem sempre a qualquer
movimento nipónico no sentido de mais autonomia e assertividade.
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