TURCOS INVASORES
No dia 27 de
Fevereiro os media deram particular relevância a um ataque aéreo desencadeado
pela Síria contra uma concentração de tropas turcas e milícias a soldo da
Turquia e do qual resultou a morte de 33 soldados turcos. A notícia foi
divulgada em tom dramático e foi acompanhada das ameaças da Turquia à Síria e de
proclamações de apoio à Turquia da parte da
NATO.
O caricato é a ausência de
factos relevantes nestas notícias. Então vejamos:
1. As tropas turcas
estão, ilegitimamente, estacionadas em território sírio onde desenvolvem
actividades bélicas, incluindo contra o exército sírio.
2. O facto de a Turquia
ser, efectivamente, o país agressor, retira-lhe a legitimidade de invocar o
artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte.
3. Consequentemente,
não existem motivos para o apoio da NATO à Turquia.
4. Independentemente
do que se possa pensar do regime sírio, a realidade é que este tem o direito e
o dever de proteger o seu território de agressões estrangeiras.
Desde
o início da Guerra da Síria (2011) que a Turquia tem proferido uma série de
ameaças a Damasco e que tem assumido a presunção de poder actuar militarmente e
de forma impune na Síria e no Iraque. Os devaneios otomanos de Recep Erdogan,
somados à sanha anti-curda, levam a esta postura agressiva que pode redundar
numa escalada bélica muito séria.
Assim sendo, o desenvolvimento
e o desenlace das negociações entre a Rússia e a Turquia determinarão o futuro
próximo do conflito na província de Idlib: a mitigação dos confrontos que levem
a um cessar/fogo mútuo, ou a ausência de entendimento que pode levar a uma
escalada bélica e o consequente agravamento do conflito.
Neste momento, quem tem
realmente a chave deste problema a curto prazo não é a NATO, nem a Turquia, é a
Rússia.