29 fevereiro, 2020

Turcos Invasores


TURCOS INVASORES
Mapa do conflito na Província de Idlib, noroeste da Síria.

No dia 27 de Fevereiro os media deram particular relevância a um ataque aéreo desencadeado pela Síria contra uma concentração de tropas turcas e milícias a soldo da Turquia e do qual resultou a morte de 33 soldados turcos. A notícia foi divulgada em tom dramático e foi acompanhada das ameaças da Turquia à Síria e de proclamações de apoio à Turquia da parte da NATO.
O caricato é a ausência de factos relevantes nestas notícias. Então vejamos:
1. As tropas turcas estão, ilegitimamente, estacionadas em território sírio onde desenvolvem actividades bélicas, incluindo contra o exército sírio.
2. O facto de a Turquia ser, efectivamente, o país agressor, retira-lhe a legitimidade de invocar o artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte.
3. Consequentemente, não existem motivos para o apoio da NATO à Turquia.
4. Independentemente do que se possa pensar do regime sírio, a realidade é que este tem o direito e o dever de proteger o seu território de agressões estrangeiras.

Desde o início da Guerra da Síria (2011) que a Turquia tem proferido uma série de ameaças a Damasco e que tem assumido a presunção de poder actuar militarmente e de forma impune na Síria e no Iraque. Os devaneios otomanos de Recep Erdogan, somados à sanha anti-curda, levam a esta postura agressiva que pode redundar numa escalada bélica muito séria. 
 Neste momento, quem tem realmente a chave deste problema a curto prazo não é a NATO, nem a Turquia, é a Rússia.

Assim sendo, o desenvolvimento e o desenlace das negociações entre a Rússia e a Turquia determinarão o futuro próximo do conflito na província de Idlib: a mitigação dos confrontos que levem a um cessar/fogo mútuo, ou a ausência de entendimento que pode levar a uma escalada bélica e o consequente agravamento do conflito.