O
FIM DO CHINÊS
Um aspecto positivo da remodelação governamental desta
semana, foi o fim do Chinês.
Refiro-me a Álvaro Pereira.
Sim, eu sei que, tecnicamente, ele é Português e que
esteve em Vancouver, no Canadá e não na China. Contudo, talvez porque a British
Columbia (província canadiana de que Vancouver é a capital) fica no oeste do
Canadá, bordejando o Oceano Pacífico) tem uma grande comunidade chinesa, o Senhor
Pereira voltou à Pátria imbuído de ideais chineses.
Sim, eu sei que supostamente o Senhor Pereira é um
liberal empedernido. Infelizmente, a fama fica aquém do proveito, porque Pereira tem um conceito achinesado do desenvolvimento
económico, no qual a palavra-chave é competitividade.
Sim, eu sei que a competitividade é vital e que sem ela
não prosperaremos nem individual, nem colectivamente. Porém, o conceito de competitividade deste inefável
personagem passava pela evolução simétrica de dois factores: o dinheiro e o
tempo. Vou ser mais específico.
DINHEIRO: as pessoas ganham cada vez menos. Refiro-me aos que
trabalham por conta de outrem, é claro.
TEMPO: as pessoas trabalham mais horas e mais dias. Refiro-me
aos que trabalham por conta de outrem, é claro.
Sim, é aqui que se patenteia a chinesice de Pereira: trabalhamos
mais e ganhamos menos. Transformando numa equação:
Perdão. Enganei-me. A resposta é:
COMPETITIVIDADE
Ah! Encontrei a resposta ao dilema Sino-Canadiano de Álvaro
Pereira. A foto supra mostra um grupo de trabalhadores chineses, dentre os
muitos milhares que construíram o último segmento do Canadian Pacific Raiway
que terminou em Eagle Pass, British Columbia!!!!
Para completar o quadro, os trabalhadores chineses recebiam $1
Dólar por dia, cerca de 25% do que recebiam os trabalhadores de origem
europeia. Os Chineses dormiam em tendas e os outros em vagões cama, ou em
casas.
Está resolvido o mistério do Senhor Pereira. Corta nos salários,
aumenta os horários de trabalho, rouba miseravelmente quatro feriados, tudo porque
se inspirou nos Chineses do Pacific Railway.
Sim, eu sei que isto se passou no século XIX, mas para um
ministro aturdido com o tremendo jet-lag do Pacífico para o Atlântico, a diferença
entre XIX e XXI é bastante pequena. É só empurrar o 2º X para o meio.
Qualificação, formação, motivação, incentivo são uma perda de
tempo e dinheiro. Refiro-me aos que não trabalham por conta de outrem, é claro.
Se o Senhor Pereira não tivesse sido corrido, em pouco tempo
estaríamos de pá e picareta em punho a construir o Trans-Iberian Railway, a troco de 1
euro por dia e uma tigela de arroz, para lhe dar um toque mais….chinês.
8 comentários:
O Sr. Pereira foi corrido porque já não fazia falta. O "comboio chinês" já está em marcha e para quem ainda não reparou, vai acelerado. Veja-se: comprou um dos sectores vitais nacionais como a EDP. Desconhecemos que outros negócios estão na forja, mas têm comprado imobiliário de luxo, como vivendas acima dos 500 000€, empresas falidas, etc. Pelo andar da carruagem, breve, muito breve teremos um patronato chinês a pagar em tigelas de arroz e, se os cidadãos deste país entretanto tornados súbditos do poder económico chinês tiverem de ser deslocalizados, ainda terão de pagar o alojamento, pelo que teremos um copy paste do sistema sócio-económico chinês.
Aqueles olhinhos em bico têm vista de longo alcance!
Dizem as más línguas que o pedrocas não se demitiu não por falta de vergonha, nem por falta de ter percebido que o estavam a fazer de palerma (no sentido mais amplo emais profundo do termo) mas porque o não deixaram: quem manipula a marioneta ainda não teve tempo de abocanhar tudo o que lhe apetece e por isso era necessário manter o palerma de serviço mais uns tempos. Quando as "privatizações" - leia-se "venda ao desbarato de tudo o que vale alguma coisa no património público" - acabarem o pedrocas vai-se pela sanita abaixo, com convém a dejectos (neste caso, dejectos políticos).
Este era apenas a ponta do icebergue e estava a tentar fazer o melhor que podia, valha isso o que valer (para um trabalhador por conta de outrem não vale nada...).
O corpo submerso do icebergue na realidade nem sequer esta muito escondido, prende-se com a necessidade dos credores (a dita Troika) receberem o que lhes é devido. Duas opções principais se abrem, em especial para o "1/3 FMI" que, recorde-se, não é uma Misericordia no sentido clássico do termo, mas sim uma entidade privada que investe com objectivo de ter lucros. Pressupoe-se que o pais sob resgate nao tem dinheiro nem capcidade produtiva para "esfolar um gato" e os investidores terao de tratar de ajudar criando condicoes de "pagamento da divida" (coloquei entre aspas porque tenho a certeza que a maioria dos leitores se fartarão de rir com o conceito, quando estamos a falar de PIGS!). Opção Primeira: Providenciar apoio para que a economia e, necessariamente primeiro, a sociedade em questão produza mais e recomece a enriquecer e a consumir mais de forma a fazer crescer a economia e a poder pagar mais que os juros. O problema neste caso é o contexto económico global que, na pratica, inviabiliza esta opção.
Opção segunda: Achinesar o pais: se a sociedade empobrecer ao ponto de aceitar trabalhar na construção de um caminho de ferro, ou de uma fabrica de pneus ou de hospital, por 1 euro de salário, já poderá concorrer com os BRICS também poderá pagar, contra quem achar que esta analise é naive, chama-se a atenção do conselho do executivo governamental no poder relativamente a quem quiser mais que 1 euro de salário: EMIGREM, meus caros! Emigrem e salvem-se de virarem chineses dos tempos modernos. (Boa entrada no blog, Rui, parabéns)
Gosto sempre muito de ler as tuas apreciações.
Bjs
Rute
Estella,
Entre o modelo chinês e o diktat alemão estamos mesmo mal.
Gosta de salsichas com arroz? ;-)
Sérgio,
A ser verdade, o Coelho ainda é mais palerma e banana do que pensava.
Não querendo ser repetitivo, até +e capaz de se configurar como sendo traição. Para a forca com ele!!!!
Mário,
Em primeiro lugar, agradeço-te. Em segundo, fico muito contente por ter pela primeira vez um comentário teu. Em terceiro, postas as coisas dessa forma, o default é saída única, pois por muito que nos esmaguem é humanamente impossível comprimir os salários dos Portugueses para o nível dos Chineses, Paquistaneses, ou Filipinos.
Basicamente, we're framed.
P.S. Não muda nada, mas continuo a achar que o Pereira era nocivo.
Obrigado Rute. É muito amável da tua parte. :-)
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