GASPAR
POST-MORTEM
Vítor Gaspar morreu. Politicamente é claro, mas morreu. Eu sei
que após ele virá outro, no caso outra, que por acaso até foi sua cúmplice, ou
pelo menos subordinada. Por isso, resolvi escrever um post post-mortem sobre
Vítor Louçã Rabaça Gaspar, nome que encerra algumas curiosidades e ironias. Mas não vou
por aí.
Independentemente de ter expectativas negativas
relativamente a Maria Luís Albuquerque, só
o facto de me ver livre de aturar aquele guarda-livros monocórdico, mesquinho,
arrogante, incompetente e subserviente (a soldo de?) a Berlim, dá-me um certo
alívio e conforto.
Penso que a generalidade do país partilha desta moderada
satisfação por ver Gaspar partir. Eu sei que ainda ontem vi quem dissesse que
viria o tempo em que os Portugueses reconheceriam os méritos do guarda-livros,
supostamente porque há indicadores que melhoraram, como a balança externa.
Não creio que tal aconteça. Quaisquer que tenham sido os ganhos,
foram obtidos com um custo brutal suportado pelos Portugueses, especialmente
pela classe média, os funcionários públicos e os reformados e pensionistas.
Posso vangloriar-me de ter comprado um McLaren, se para
tal tive de roubar, coagir, enganar e até espancar os meus amigos e vizinhos? É
óbvio que não.
O mesmo se aplica a Gaspar
que durante dois anos espoliou a maioria
dos Portugueses, semeando miséria com desplante total e uma olímpica
indiferença. Foi o nº 2 de um governo composto por dois partidos que se
reclamam humanistas e que maltratou os
Portugueses de forma desumana, destruindo a economia e destruindo a vida das
pessoas.
Destruindo sim, porque a redução brutal dos rendimentos
via aumentos fiscais, suplementos ao IRS, confisco de subsídios, aumentos do
IVA, aumentos das contribuições para a CGA, eliminação de deduções fiscais,
alteração maliciosa dos escalões de IRS, aumento unilateral do horário de
trabalho, aumento dos dias de trabalho, que efeitos é que têm na vida das
pessoas que têm compromissos com a banca, com os fornecedores de serviços
básicos, com a família, com os filhos e que têm pouca ou nenhuma folga nos
rendimentos? Efeitos graves, devastadores em muitos casos.
Isto nunca interessou a Gaspar e esse é o pior dos males. É isso
que faz dele um indivíduo velhaco, sem carácter e sem humanismo e destituído de
consciência social e é isso que o torna inelegível para governar. O desprezo
pelas pessoas faz de Vítor Gaspar um ser desprezível. Nem um RIP merece.
P.S. Não quero deixar de fazer uma referência à atitude
persecutória que Gaspar teve em relação aos funcionários públicos, penalizados
até ao limite de todas as formas possíveis. Nunca ocorreu ao Sr. Gaspar, talvez
por incapacidade, que primeiro redimensiona-se as funções do Estado e depois é
que se ajusta o Estado ao seu novo papel. E respeitando as pessoas. Ironicamente, o próprio Gaspar é um
espécie de funcionário público de carreira, com a diferença que beneficiou de rendimentos
e mordomias que jamais estrão ao alcance da esmagadora maioria dos funcionários
públicos.
P.P.S. Nomear para Ministro das Finanças uma Secretária de
Estado que traz a mácula de séria suspeita de ter mentido ao Parlamento (já
para não mencionar o facto de ter trabalhado com Gaspar), é mais uma erro político crasso de Passos Coelho. No
surprise.
P.P.S. Anteontem, a Isabel
enviou-me uma SMS informando-me de que o Sr. Gaspar se demitira. Hoje, ao
telefone com o pediatra dos meus 3 filhos, ele disse-me que acabara de receber
um SMS anunciando a demissão de Paulo Portas. Parece que tenho de estar mais
atento às notícias. Não obstante, com o texto terminado, decidi acrescentar
este 3º post-scriptum e publicá-lo na mesma.
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