TRIUNFO DA BATOTICE
A injustificável e obstinada resistência da FIFA e da UEFA à introdução do video e de outros meios tecnológicos para auxiliar as arbitragens continuam a contribuir para a batotice e a consequente descredibilização do futebol.
No Mundial 2010, os casos começaram discretos para atingirem foros de escândalo nos oitavos de final. Eis uma resenha não exaustiva:
O golo anulado a Frank Lampard da Inglaterra quando a bola esteve mais de meio metro dentro da baliza é o cúmulo do escândalo. Verdadeiramente vergonhoso e difícil de acreditar que nem o árbitro nem o liner tivessem visto.
O 1º golo da Argentina contra o México foi marcado por Tevez em descarado offside, numa jogada em que nem o guarda-redes estava entre ele e a linha de fundo. Vergonhoso e inaceitável.
Luís Fabiano, do Brasil, marca à Costa do Marfim depois de ter dominado a bola com o braço por DUAS vezes. Golo validado. Deve ser a habitual ajuda ao Brasil.
David Villa esbofeteia um adversário, não vê cartão e não é castigado a posteriori. Violência impune.
Os Espanhóis fazem faltas como quaisquer outros e não vêem um único cartão em 3 jogos. Fortemente suspeito, ainda mais porque o Presidente da Comissão de Arbitragem da FIFA é…espanhol.
Dois penalties inexistentes assinalados contra a Holanda (equipa estranhamente com poucas faltas e muitos cartões) contra os Camarões e a Eslováquia. Batotice.
Não são erros menores (todos eles tão flagrantes, nem inconsequentes (o Inglaterra-Alemanha ficaria 2-2, o Argentina-México continuaria 0-0, a Espanha ficaria sem o seu goleador, o Brasil só ganhava por 1-0). E todos eles seriam facilmente corrigidos com o recurso ao vídeo. 30 segundos de interrupção e a verdade desportiva seria salvaguardada.
Blatter e Platini dizem imbecilidades do tipo “sem erros de arbitragem o futebol perdia encanto”, ou “errar faz parte do jogo, os jogadores também falham”. Eu gostava de perceber o encanto do falseamento da verdade desportiva, da distorção ou incumprimento das regras. Comparar os erros da arbitragem com os falhanços dos jogadores é falacioso e intelectualmente desonesto. Os falhanços dos jogadores fazem parte do jogo e não violam as regras. Os erros dos árbitros violam essas mesmas regras. Falhar um golo de baliza aberta como fez o Nigeriano Yakobo contra a Coreia do Sul, ou dar um frango monumental como fez o Argelino Ahmad contra a Eslovénia, faz parte do jogo de futebol. Não considerar golo o remate de Lampard e validar o golo de Tevez é um atropelo grosseiro às leis do jogo.
Os jogos da Liga Europa com equipas de arbitragem com 6 (seis!) elementos não resolveram o assunto e não faz sentido económico e visual entupir o relvado com árbitros quando os erros continuam a proliferar. É óbvio que a rejeição obstinada dos meios tecnológicos só pode ser justificada para que personagens como Joseph Blatter (FIFA), Michel Platini (UEFA/França), Angel Villar (Espanha), Ricardo Teixeira (Brasil), Júlio Grondona (Argentina), etc, continuem a controlar o bas-fond do futebol mundial. Até que os espectadores se saturem da suspeita, da batotice e do escândalo e os estádios esvaziem, as audiências caiam e os patrocínios fujam. Aí, quando o luxo e as mordomias terminarem, talvez os cappos desapareçam e o futebol regresse.