26 maio, 2008

Pedro Santana Lopes

PEDRO SANTANA LOPES



Pedro Santana Lopes


No dia 31 de Maio vou votar em Pedro Santana Lopes nas eleições directas do Partido Social Democrata. Faço-o com a tranquilidade e o desprendimento de um desalinhado dentro do PSD, que nunca sentiu o impulso ou a necessidade de ser ista. Nem Santanista, nem Barrosista, nem Mendista, nem Menezista, nem sequer Cavaquista no sentido pós-1995 do termo.

Voto em Pedro Santana Lopes, porque ele propõe:

· Uma visão mais liberal da economia.

· Um reequilíbrio da relação entre o Estado e o indivíduo/sociedade.

· O ataque ao lobby do bloco central de interesses, responsável por muito do compadrio, do carreirismo e do desvirtuamento do interesse público que marcam a política portuguesa contemporânea.

E ainda porque ele garante:

· Uma oposição eficaz ao Governo do PS.

· Uma presença mediática e carismática, mas não subordinada a interesses espúrios dos mass media.

· Rompimento com os cromos repetidos dentro do PSD, os istas profissionais, que são os indefectíveis de todos os líderes e os primeiros a abandonar os mesmos líderes.

· Uma liderança determinada, capaz de resistir aos ataques, aos boatos e às calúnias. sem baquear nem desistir.

Por outro lado, não me motiva uma visão estatista da política, subordinando o objecto (Indivíduo/Sociedade) ao instrumento (Estado). Não me revejo em quem esconde ideias e programas atrás da gravitas, do mesmo modo que não me revejo em quem se limita a repetir banalidades e lugares comuns que depois não consegue consubstanciar. Finalmente, tenho fortes desconfianças das motivações de muitos que gravitam em torno de duas candidaturas e das condicionantes que lhes poderão acarretar.

Sucintamente, estas são as motivações que me levarão a votar Pedro Santana Lopes. Sem condições, nem hesitações.

19 maio, 2008

Barões (Mal) Assinalados

BARÕES (MAL) ASSINALADOS


Os termos “barões” e “notáveis” estão sempre presentes no noticiário do Partido Social Democrata. O grupo é heterogéneo e nunca aparece listado de A a Z, mas apesar de não estar claramente identificado, existe. Dele fazem parte militantes históricos (i.e., com mais de 25 anos de filiação) que por algum motivo têm/tiveram alguma notoriedade, militantes com um longo e rico curriculum político (cargos governamentais, parlamentares e partidários) e militantes com um curriculum médio/curto, mas que ocuparam (por vezes de forma episódica) cargos de relevância política e partidária, frequentemente sem terem feito nada de relevante.

É esta amálgama flutuante (nem sempre são os mesmos os referenciados) que surge na imprensa como constituindo a elite do PSD, cuja presença numerosa assegure a credibilidade e bondade de um candidato ou de uma política. A contrario, a sua ausência em números expressivos, condena o candidato à desdita da menoridade política e da incapacidade para exercer um cargo de relevo. Daí decorre a presunção de que o voto de 10.000 ou 20.000 militantes confere menos credibilidade (e legitimidade?) a um candidato do que o apoio de 20 ou 50 desses barões.

Daqui decorre outra conclusão, lamentável por sinal. Os mass media em Portugal, arrogam-se o direito e o poder de escolher os militantes elegíveis e aceitáveis para serem presidente do PSD, lançando sobre outros o opróbrio de não terem habilitações e legitimidade para o efeito. Esta arrogância transforma-se num ataque desbragado ao líder laranja quando os militantes têm a petulância de eleger um intocável em detrimento de alguém da casta dos elegíveis.

Esta distorção é o condicionamento que vem sendo servido aos militantes do PSD e aos Portugueses nos últimos anos relativamente aos protagonistas que o partido vai tendo. É este parti pris que tenta levar à entronização e à eleição antecipada do(a)(s) candidatos que se enquadram no estereótipo dos supostos media de referência de Portugal, em prejuízo de uma informação despida de clubite e de preconceitos.

Deste modo, o noticiário político, os protagonistas políticos e os cronistas e jornalistas, parecem funcionar em circuito fechado, numa teia de amizades e cumplicidades.

Este cenário só não é completamente idílico, porque agora o líder do PSD é eleito directamente pelos militantes, o que reduz o grau de controlo do voto pelos pseudo-notáveis e pelos sindicatos de voto. Não obstante, o condicionamento exercido pelos media e pelos opinion-makers deixará sempre a sua marca nos resultados.
Os militantes do PSD têm uma história de contrariar o politicamente correcto conjuntural, votando de acordo com as suas convicções e é de esperar que, seja qual for a sua escolha, ela seja feita à margem das considerações que os mal assinalados barões vão fazendo, no seu próprio interesse. Uma das melhores consequências que estas eleições no PSD poderiam ter, seria a redução do baronato parasitário à sua real e diminuta expressão, devolvendo aos militantes e ao Partido a prerrogativa de escolher aqueles que consideram realmente importantes.

17 maio, 2008

Shalom Israel

SHALOM ISRAEL

60 anos de independência, liberdade e democracia no mais hostil ambiente internacional do mundo, é uma proeza assinalável, demonstrativa da coragem, perseverança e capacidade de sobrevivência dos Israelitas.

Triunfante em várias guerras desde 1948, Israel enfrenta o duplo desafio de ganhar a paz e a segurança sem ser pela força das armas, ao mesmo tempo que enfrenta novas ameaças à sua existência, protagonizadas pelo Irão pré-nuclear e pelas organizações terroristas armadas e financiadas por Teerão e damasco (Hezbollah e Hamas).

A recente reafirmação da aliança e amizade dos EUA feita em Telavive pelo Presidente George W. Bush, poderão dar a Israel mais conforto e segurança para retomar o espinhoso caminho da paz, sem comprometer a segurança.

Shalom Israel.


15 maio, 2008

Arrivederci Maestro

ARRIVEDERCI MAESTRO

O adeus de Rui Costa no Estádio da Luz perante 55.000 adeptos. (Benfica, 3 – Vitória de Setúbal, 0)
in “Mais Futebol”
(http://www.maisfutebol.iol.pt/ )


Terminou a carreira futebolística de Rui Costa. Há dois anos, assinalei com júbilo o seu regresso ao Benfica. Agora registo com alguma tristeza a sua despedida como jogador, após uma época de altíssimo nível, em que mostrou continuar a ser o melhor nº 10 Português e que teria, caso quisesse, lugar na selecção nacional que vai disputar o Euro-2008 na Suíça e na Áustria.

De Rui Costa fica a memória das assistências, dos passes teleguiados, das fintas desconcertantes, dos golos fabulosos, da alegria e paixão a jogar à bola, do fair-play e claro, do imenso amor ao Benfica.



Duas lendas do futebol: Rui Costa e Paolo Maldini.
in “Mais Futebol”

Rui Costa marca pela Selecção Nacional.
in “Mais Futebol”
(
http://www.maisfutebol.iol.pt/ )


Rui Costa no Ac. Milan: sempre o nº 10.
in “Mais Futebol” (
http://www.maisfutebol.iol.pt/ )



O 1º golo de Rui Costa após o regresso (Benfica, 3 – Áustria Viena, 0).
Eu e o Afonso tivemos ocasião de ver este jogo in loco.
in “Mais Futebol” (
http://www.maisfutebol.iol.pt/ )
Pelo que fez e por quem é, bem haja Rui Costa! Arrivederci Maestro!

10 maio, 2008

Carta Aberta a Luís Filipe Menezes

CARTA ABERTA A
LUÍS FILIPE MENEZES

Caro Dr. Luís Filipe Menezes

Admito que esta missiva venha fora de tempo. Confesso que, para além dos afazeres profissionais e familiares, tinha alguma esperança de encontrar uma razão concreta, válida e entendível para a sua retirada. Tentei e não consegui encontrar. É pena.

Dei de barato os primeiros 3 meses da sua liderança, pela necessidade de adaptação ao cargo e pelo estranho costume português de dar tréguas ao Governo durante a Presidência comunitária.

Mais recentemente, parecia que queria finalmente ignorar a crítica interna capciosa, encapotada, mal-intencionada ou interesseira e dar corpo às expectativas que trouxe consigo em Setembro passado.

Em vez disso demitiu-se. Bateu com a porta e foi-se embora. Poucos dias depois, deu uma entrevista à SIC Notícias em que esteve ao nível a que me habituara antes de ser eleito. Pensei “Ele assim não pode renunciar.” Mesmo assim, foi-se embora.

Apoiei a sua candidatura à presidência do Partido Social Democrata e votei em si. Achei (e acho) que era a lufada de ar fresco de que o PSD precisava: novas ideias, novas pessoas, novos comportamentos, novo estilo.

Não fui um apoiante de ocasião: ouvi-o e li-o inúmeras vezes, até tive oportunidade de o convidar para proferir uma palestra na Universidade Fernando Pessoa. Não concordei com tudo, mas subscrevi a maior parte. Convenceu-me.

Francamente, não tinha o direito de ir embora. 21.000 militantes votaram em si. Muitos empenharam-se na sua candidatura. Mais grave, deu esperança a muita gente. A sua demissão traiu essa esperança legítima.

Posso estar a ser injusto, mas a escassez de explicações não deixa margem para outros juízos. Não é ingénuo, nem chegou à política ontem: sabia que ia sofrer ataques dos velhos inimigos e daqueles cujo modo de vida a sua liderança ameaçava; também estava ciente de que a imprensa enfeudada a preconceitos sobre o perfil de liderança para o PSD, não lhe daria tréguas.

O seu projecto prometia um novo rumo para o PSD. A sua demissão ameaça fazer regressar o PSD ao pantanal do Centrão & interesses associados.

Foi uma oportunidade perdida e um tempo perdido. Foi pena. O PSD e os seus militantes mereciam mais.

Com os melhores cumprimentos.

                                     Rui Miguel Ribeiro

05 maio, 2008

A Cavalgada Atómica do Irão

A CAVALGADA ATÓMICA DO IRÃO
(http://nytimes.com/ )

A publicação da parte não confidencial do National Intelligence Estimate (NIE) do conjunto dos serviços secretos e de inteligência dos EUA sobre o programa nuclear do Irão, constituiu uma autêntica bomba (figurativa) em toda a envolvente internacional de contenção nuclear de Teerão.

Desde logo, o esforço de contenção do Irão ficava prejudicado, apesar de no mês passado o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado a 3ª Resolução de sanções ao Irão. Depois, o leque de opções disponível ficou automaticamente reduzido. E a coesão e empenho internacionais em travar a cavalgada atómica de Teerão ficou em cheque. Finalmente, os radicais que governam o Irão sentiram-se (ainda) mais encorajados a prosseguir o seu projecto.

Se em Dezembro de 2007 o NIE me pareceu algo de inusitado e contrário a todas os policy statements de Washington (e também de Londres e de Paris), em Abril de 2008 é claro que a sua publicação, nos termos em que foi feita, foi um erro crasso.

Desde logo, porque veiculou uma ideia que não corresponde à realidade: que o Irão se afastou do projecto nuclear militar e que terá desistido dele. Na verdade, NADA no comportamento do Irão nos últimos dois anos indicia uma atitude positiva: o Irão prossegue com o seu programa de desenvolvimento da capacidade de produzir urânio enriquecido; o Irão continua a não desvendar por completo as suas actividades nucleares clandestinas e em violação do NPT; o Irão continua a desenvolver a ritmo acelerado o seu programa de mísseis balísticos de médio e longo alcance com capacidade para transportar ogivas nucleares.

O que o NIE declarou foi que o Irão tinha suspendido ou terminado os trabalhos de design-concepção de uma arma nuclear. O que o público entendeu foi que o Irão tinha cancelado a vertente militar do seu programa nuclear em 2003.

O que realmente se passa é que o Irão prossegue de forma intensiva os trabalhos nas duas componentes mais complicadas no trilho para alcançar uma arma nuclear: o enriquecimento de urânio e o desenvolvimento de um vector capaz de fazer chegar a bomba ao destino (um míssil balístico).

A determinação de Teerão em prosseguir na sua cavalgada atómica, ridiculariza as incipientes sanções que por três vezes o Conselho de Segurança adoptou contra o Irão. Este há muito percebeu a cadência burocrática destas sanções, aprovadas sem convicção e de forma quase timorata e, portanto, sem provocar dor suficiente para terem, sequer, uma remota possibilidade de terem êxito.

A liderança iraniana só teme e compreende a linguagem da força. Não só a força das armas, mas a força das palavras convictas e determinadas e dos actos que provocam danos efectivos. O NIE, por um lado, e o medo e/ou a cumplicidade de algumas potências, por outro, oferecem uma via aberta para o Irão poder tornar-se a 10ª potência nuclear antes de 2015, talvez até em 2010/11. Então será, é claro, tarde de mais…


O Presidente Ahmadinejad visita a central de enriquecimento de Natanz.
in “The New York Times”, 29th April 2008