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30 agosto, 2012

Senkaku & Takeshima

SENKAKU & TAKESHIMA

 
Senkaku e Takeshima são dois conjuntos de ilhéus no Mar da China Oriental e no mar do Japão, respectivamente. Os ilhéus nada valem per se: são demasiado pequenos para serem colonizados ou explorados de forma intensiva e lucrativa. As Senkaku são 5 ilhéus e 3 rochedos com cerca de 6km2. As Takeshima, aka Liancourt Rocks, são 2 ilhéus e vários rochedos com uma área total de 0.2km2. Porém, são tenazmente disputados pelas principais potências asiáticas: Japão, China, Coreia do Sul e ainda Taiwan e Coreia do Norte.

A Ásia Oriental (China, Taiwan, as Coreias do Norte e do Sul e o Japão e o Pacífico Ocidental. Destacadas, as Senkaku a sudoeste e as Takeshima a norte.
in STRATFOR em www.stratfor.com

 
O que está então em jogo para estas potências se bateram, para já diplomaticamente e retoricamente?

1-   Prestígio e História. Todos os contendores se julgam com direitos históricos sobre os ilhéus. Manter ou assegurar a sua posse significa prestígio interno e externo. Perdê-los ou deles abdicar emitiria um sinal de fraqueza e impotência para o exterior e representaria, no plano interno, a morte política do governo que o fizesse.

2-   Gás e Petróleo. Quer num caso, quer no outro, existem fortes indícios que os respectivos fundos marinhos possam ser ricos em hidrocarbonetos, nomeadamente gás natural. Tendo em conta que todos os pretendentes são praticamente destituídos de recursos naturais e que o único que não o é (a República Popular da China) é um sorvedouro de recursos energéticos, não surpreende que ninguém esteja disposto a abdicar de tais (eventuais) riquezas.

3-   ZEE. Com ou sem hidrocarbonetos, a posse destas amostras de terra potencia a dimensão da Zona Económica Exclusiva de quem as possuir, com as vantagens económicas que tal pode representar.

4-   Geoestratégia. Com a posse das Senkaku, prolongando as ilhas Ryukyu (das quais Okinawa é a mais conhecida), O Japão barra o livre acesso marítimo da costa setentrional da China ao Pacífico. Au contraire, a China garante um corredor de acesso ao mar aberto. A posse das Takeshima assegura um ponto de apoio para o controlo do Mar do Japão.

A Ásia Oriental é uma região em ebulição. À medida que a região cresce explosivamente em importância e poder económicos, a tendência é para que, entre as potências regionais, ocorram situações de atrito e de interesses conflituantes. Particularmente a ascensão militar da República Popular da China é vista com apreensão por quase todos os seus vizinhos. Discretamente, o crescimento do investimento militar no Japão, Coeria do Sul, Vietname, Filipinas, Singapura Indonésia, Austrália, já começou.

A agitação deste Verão tem como pretexto habitual o aniversário da rendição japonesa na II Guerra Mundial, ocasião sempre aproveitada por Pequim e Seoul para demonizar Tóquio e exigir o milésimo pedido de desculpas do Império Japonês pelos desmandos ocorridos entre 1910 e 1945.

Numa região marcada pelo mar e pela insularidade, é provável que eventuais problemas e conflitos comecem no mar em qualquer Senkaku ou Takeshima.

Nota 1: Adoptou-se neste post a designação japonesa dos ilhéus.

Nota 2: Senkaku e Takeshima não são casos únicos. As Curilhas no Mar de Okhotsk, disputadas por Rússia e Japão; as Spratly e as Paracell no Mar do Sul da China, sendo que aquelas são reclamadas no todo ou em parte por Vietname, República Popular da China, República da China – Taiwan, Filipinas, Malásia e Brunei e estas disputadas por Vietname, República Popular da China e República da China – Taiwan.

18 março, 2008

Os TTT da China

OS TTT DA CHINA

Bandeira do Tibete
 
Há bastantes anos atrás (demasiados anos, diria), frequentava eu o curso de Relações Internacionais na Universidade do Minho quando o embaixador da República Popular da China (RPC) foi proferir uma conferência à Universidade.

Chegados ao período de perguntas e respostas, pedi a palavra e coloquei três questões: a 1ª sobre Hong Kong e Macau, a 2ª sobre Taiwan e a 3ª sobre o Tibete. A evolução do embaixador foi do incómodo à irritação até a quase apoplexia.

A conferência terminou pouco depois e o diplomata saiu com cara de poucos amigos, quiçá lamentando não estarmos em Xangai para me ser dado o tratamento devido à minha impertinência.

Na realidade, havia tocado nos pontos fracos da RPC que subjaziam, particularmente os dois últimos, ao expansionismo agressivo de Pequim. Concomitantemente, eram os assuntos cuja abordagem mais irritação causava ao Governo Chinês (pouco tempo depois juntar-se-ia o massacre de Tiananmen à lista), que os considerava uma inaceitável ingerência nos assuntos internos da China.

Perto de vinte anos volvidos, os 3TTT – Tibete, Taiwan e Tiananmen continuam por resolver. Destes, o Tibete será, porventura, o mais dramático: invadido, ocupado e anexado em 1959, oprimido e colonizado desde então, é vítima de uma agressão gratuita e de um etnocídio implacável, resultado da submersão demográfica, cultural, política e económica do Tibete pela etnia Han, maioritária na China.

A revolta dos Tibetanos que se desenrolou nos últimos dias é um acontecimento notável pela dimensão que teve e pela coragem que implicou o desafio à autoridade de um estado totalitário.

O timing até é favorável: a realização dos Jogos Olímpicos em Pequim dentro de 5 meses, tem refreado os ímpetos mais repressivos e brutais das autoridades chinesas. Afinal de contas, é uma maçada vir lembrar ao mundo que, pela 3ª vez desde 1896, os Jogos Olímpicos vão ser organizados por uma ditadura e a companhia não é muito agradável – a Alemanha nazi em 1936 e a URSS em 1980.

Contudo, ultrapassada a crise com mais ou menos força, o estatuto do Tibete permanecerá inalterável. Enquanto o T de Tiananmen não tiver uma solução satisfatória, os restantes TT continuarão na mira de milhares de mísseis, no caso de Taiwan, e a ser lentamente asfixiados, no caso do Tibete.