ELEIÇÕES
FRANCESAS: GANHA A MERKEL?
Vencedores por Departamento.
Le Pen Macron Fillon Mélenchon Hamon
in “The Guardian” em https://www.theguardian.com/world/ng-interactive/2017/apr/23/french-presidential-election-results-2017-latest
A
primeira volta das eleições presidenciais em França ficou marcada por mais um
episódio da derrocada dos partidos tradicionalmente dominantes na Europa,
especialmente os de centro-esquerda (socialistas/trabalhistas/social-democratas).
François Fillon do Partido Republicano/Gaullista ficou em 3º com 20% dos votos,
enquanto o socialista Benoit Hamon se quedou pelo 5º lugar com uns ridículos 6%
dos votos.
Emmanuel
Macron (24%) e Marine Le Pen (22%) ocuparam os dois lugares da frente e vão
disputar a 2ª volta a 7 de Maio. O candidato comunista, Jean-Luc Mélenchon
registou um excelente desempenho (4º com 20%) e reforçou o voto tendencialmente
anti-sistémico.
Resultados da 1ª volta das eleições presidenciais francesas.
in “The Telegraph” em http://www.telegraph.co.uk/news/2017/04/23/french-election-live-results-exit-polls/
Esta
tendência já data do início da campanha com a desistência de François Hollande a
recandidatar-se e com as derrotas nas primárias de um ex-presidente, Nicholas
Sarkozy e de dois ex-primeiro-ministros (Alain Juppé e Manuel Vals). Os
resultados de anteontem reduziram o peso eleitoral dos dois grandes (???)
partidos a 1/4 dos votos!
A
esperança dos Gaullistas e do PSF centrar-se-á nas eleições legislativas de
Junho onde a sua implantação e organização nacional e local poderão ajudar a
manter a sua hegemonia. Contudo, se tassim acontecer, tal desincentivará os
dois partidos a arrepiar caminho o que poderá conduzi-los a nova, quiçá
definitiva, débacle a médio prazo.
Frente
a frente em Maio estarão duas vias opostas para o futuro da França: a do
nacionalismo, recuperação de soberania, recuo no processo globalizador e
hostilidade à UE; e a do reforço da UE, de ainda maior liberalização económica
interna, mais acordos comerciais externos e maior colagem à Alemanha.
Se
a transferência de votos na 2ª volta fosse directa, total e tivesse em conta as
opções estratégicas, políticas e económicas dos candidatos excluídos, Marine Le
Pen provavelmente venceria as eleições. Contudo, Fillon e Hamon, a primeira coisa que fizeram após terem sido arrasados
foi sucumbirem à reacção pavloviana de apelar ao voto contra, pouco
importando em quem votam. Então o PCF,
na tradição da degustação de sapos eleitorais, apela ao voto num candidato que
está nos seus antípodas. Depois queixam-se que os resultados são fracos.
Assim sendo, é provável que Macron vença confortavelmente.
Com
um percuso na banca que não o tornam recomendável no contexto actual, com uma
agenda euro-fanática, uma postura demasiado pró-mercado (também sabemos o que
isso significa) e ultra-liberal, a vitória de Macron não é desejável. Se
acontecer, como é previsível, a grande vencedora não será seguramente a França,
mas sim alguém que não é candidata, nem vota: Frau Angela Merkel.
P.S. Independentemente
de quem vencer, a vida do próximo presidente não será fácil, dado que
provavelmente não terá um sustentáculo político-partidário suficiente na
Assembleia Nacional, o que obrigará a muitas negociações e a vários impasses. A menos que os ratos começam a abandonar o
navio do PSF…
P.P.S. No
início de Dezembro de 2016 escrevi um post “Monsieur 4%” que terminava assim:
Ontem, 1 de Dezembro 2016, François Hollande
retirou-se da corrida presidencial de 2017. Pequeno,
pateta, irrelevante, reduzido a 4%. Com ele leva o PSF a caminho de uma previsível
derrota estrondosa em Abril de 2017. Adieu Monsieur 4%.
Confirmou-se
a derrota estrondosa: 6% para o candidato socialista. Merci Mr. Hollande.
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