25 abril, 2017

Eleições Francesas: Ganha a Merkel?



ELEIÇÕES FRANCESAS: GANHA A MERKEL?

 
Vencedores por Departamento.
Le Pen            Macron          Fillon              Mélenchon                Hamon


A primeira volta das eleições presidenciais em França ficou marcada por mais um episódio da derrocada dos partidos tradicionalmente dominantes na Europa, especialmente os de centro-esquerda (socialistas/trabalhistas/social-democratas). François Fillon do Partido Republicano/Gaullista ficou em 3º com 20% dos votos, enquanto o socialista Benoit Hamon se quedou pelo 5º lugar com uns ridículos 6% dos votos.

Emmanuel Macron (24%) e Marine Le Pen (22%) ocuparam os dois lugares da frente e vão disputar a 2ª volta a 7 de Maio. O candidato comunista, Jean-Luc Mélenchon registou um excelente desempenho (4º com 20%) e reforçou o voto tendencialmente anti-sistémico.

 
Resultados da 1ª volta das eleições presidenciais francesas.


Esta tendência já data do início da campanha com a desistência de François Hollande a recandidatar-se e com as derrotas nas primárias de um ex-presidente, Nicholas Sarkozy e de dois ex-primeiro-ministros (Alain Juppé e Manuel Vals). Os resultados de anteontem reduziram o peso eleitoral dos dois grandes (???) partidos a 1/4 dos votos!

A esperança dos Gaullistas e do PSF centrar-se-á nas eleições legislativas de Junho onde a sua implantação e organização nacional e local poderão ajudar a manter a sua hegemonia. Contudo, se tassim acontecer, tal desincentivará os dois partidos a arrepiar caminho o que poderá conduzi-los a nova, quiçá definitiva, débacle a médio prazo.

Frente a frente em Maio estarão duas vias opostas para o futuro da França: a do nacionalismo, recuperação de soberania, recuo no processo globalizador e hostilidade à UE; e a do reforço da UE, de ainda maior liberalização económica interna, mais acordos comerciais externos e maior colagem à Alemanha.

Se a transferência de votos na 2ª volta fosse directa, total e tivesse em conta as opções estratégicas, políticas e económicas dos candidatos excluídos, Marine Le Pen provavelmente venceria as eleições. Contudo, Fillon e Hamon, a primeira coisa que fizeram após terem sido arrasados foi sucumbirem à reacção pavloviana de apelar ao voto contra, pouco importando em quem votam. Então o PCF, na tradição da degustação de sapos eleitorais, apela ao voto num candidato que está nos seus antípodas. Depois queixam-se que os resultados são fracos. Assim sendo, é provável que Macron vença confortavelmente.

Com um percuso na banca que não o tornam recomendável no contexto actual, com uma agenda euro-fanática, uma postura demasiado pró-mercado (também sabemos o que isso significa) e ultra-liberal, a vitória de Macron não é desejável. Se acontecer, como é previsível, a grande vencedora não será seguramente a França, mas sim alguém que não é candidata, nem vota: Frau Angela Merkel.


P.S. Independentemente de quem vencer, a vida do próximo presidente não será fácil, dado que provavelmente não terá um sustentáculo político-partidário suficiente na Assembleia Nacional, o que obrigará a muitas negociações e a vários impasses. A menos que os ratos começam a abandonar o navio do PSF…


P.P.S. No início de Dezembro de 2016 escrevi um post “Monsieur 4%” que terminava assim:

 Ontem, 1 de Dezembro 2016, François Hollande retirou-se da corrida presidencial de 2017. Pequeno, pateta, irrelevante, reduzido a 4%. Com ele leva o PSF a caminho de uma previsível derrota estrondosa em Abril de 2017. Adieu Monsieur 4%.

Confirmou-se a derrota estrondosa: 6% para o candidato socialista. Merci Mr. Hollande.


Sem comentários: