23 outubro, 2015

Passou-se!



PASSOU-SE!
 

Aníbal Cavaco Silva passou-se! Pior! O Presidente da República passou-se! Passou-se de tal maneira que a única via é ser substituído rapidamente pelo Presidente da Assembleia da República.
 

Cavaco Silva no seu pior.

O exercício oratório em que Cavaco se empenhou ontem, transpirando raiva, despeito e ódio constituiu um novo ponto mais baixo de um já de si lamentável exercício da função presidencial.

Cavaco Silva foi mais longe do que apoiar à outrance o PSD. Cavaco praticamente baniu os partidos políticos além do PSD, PS e CDS, da actividade política e do eventual exercício de um módico do poder político.

Cavaco Silva rugiu contra o PS porque este não fez o que ele queria. Mas foi mais longe e apelou ao motim dos deputados do PS.

Cavaco Silva fez uma pressão inaceitável sobra a Assembleia da República e arrisca-se a que a Assembleia da República lhe devolva a pressão embrulhada num voto de rejeição de um governo (o que ele quer) e na garantia de apoio a outro (o que ele rejeita).

Cavaco Silva faz das suas convicções e dos seus fanatismos europeístas um evangelho do qual os partidos e os eleitores não se podem afastar. Curiosamente, o mesmo Cavaco que quando assumiu a presidência do PSD tinha reservas em relação à CE.

Cavaco Silva revelou desprezo pela vontade de eleitores que votam em partidos dos quais não gosta. Pelos vistos foram mais de 1 milhão. Mas todos sabemos o que vale o chavão do Presidente de todos os Portugueses.

Aliás, Cavaco Silva demonstrou mais cuidado, consideração e apreço com os credores, com os mercados e com as instituições internacionais (na linha de Passos Coelho) do que com os cidadãos portugueses que também o elegeram, porventura, se se seguir a linha de pensamento de Cavaco, num assomo colectivo de imbecilidade.

Por falar em imbecilidade, Cavaco Silva quis fazer de todos nós imbecis ao tentar fazer crer que um eventual governo do PS com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda levaria Portugal a abandonar a NATO e a EU. A sério?

Finalmente, a culminar toda a raiva destilada no discurso, Cavaco ameaçou que não daria posse a um governo com apoio parlamentar maioritário.

Além da duvidosa constitucionalidade de tal posição, além do carácter anti-democrático e desrespeitoso do Parlamento de que se reveste, fica a conclusão que a estabilidade governativa que Cavaco tanto apregoa só vale quando são os seus amigos a governar.

Cavaco Silva mostrou o seu lado lunar: intolerante e anti-democrático. Já o tinha feito anteriormente, nomeadamente no seu horror aos referendos. Desta vez fez questão de não deixar dúvidas: a democracia cavaquista tem um conjunto restrito de protagonistas e tem um só caminho – o dele.

Cavaco Silva viu-se sem Passos e passou-se! Passou-se completamente! É mais que tempo de se passar para outro lado. É mau de mais para ser Presidente! Cavaco Silva passou-se…

6 comentários:

sergio lira disse...

Subscrevo tudo Rui. Ou foi o alzheimer galopante ou a esclerose... ou então o ex-informador da PIDE é mesmo isso: fascista, autoritário, anti-democrático, canhestro das ideias, ideologicamente fanático. Já o tinha demsontrado no discurso de tomada de posse do segundo mandato. Repete-o agora em escala nunca imaginável em democracia. É a essência do descalabro, o cerne da podridão deste regime. Estaremos às bordas de uma revolução?

Joaquim de Freitas disse...

Caro Professor



Não somos exactamente fieis da mesma igreja, mas comungamos da mesma fé : a humanidade e a dignidade. Não li nenhum comentário tão preciso e justo como o seu. E AINDA PARA MAIS NO MAIS PERFEITO ESTILO DA LINGUA PORTUGUESA, QUE INVEJO. Felicitações e os meus cumprimentos.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Infelizmente não Sérgio. Acho que já não existe alma para revoluções na Europa.....

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Joaquim de Freitas
Agradeço-lhe e devolvo-lhe a inveja. Da sua mundividência e da sua experiência internacional multifacetada.
Quanto ao resto, a convivência entre "religiões" é viável desde que haja respeito mútuo, o que é abundantemente o caso.

Estella disse...

Esta postura de Cavaco lembra-me o sketch representado por Herman José em tempos idos, com aquele bigodinho hitleriano ("cónego Remédios"?) - "Eu é que sou o presidente!"

Rui Miguel Ribeiro disse...

Hehehe! Muito boa Estella!!!