11 novembro, 2013

Justiça Justa


JUSTIÇA JUSTA

O bom funcionamento da Justiça é fundamental para a saúde de um estado democrático. A confiança e a segurança dos cidadãos e dos agentes económicos dependem de uma justiça acessível, célere, equilibrada, dissuasora que, em última análise, puna os criminosos e proteja as vítimas. Em suma, uma Justiça Justa.


Há muitos anos que a Justiça é o sector mais disfuncional do Estado português: processos que demoram anos (décadas?) a resolver, não raramente prescrevendo; penas suaves para crimes graves; juízes contemporizadores; polícias com poucos meios e poderes; impunidade de crimes gravosos que arruínam empresas e o próprio país.


Não há uma varinha de condão que resolva os problemas rapidamente, mas se o sistema político tivesse vontade e determinação, poder-se-ia começar por aplicar alguns bons princípios.


* Protecção da vítima. Este devia ser um princípio fundamental. A aplicação da justiça na Europa esquerdizou-se nas últimas décadas ao ponto de os direitos do criminoso ocuparem o centro das preocupações. Não. As vítimas e demais atingidos (como as famílias) são prioritários, pois são elas que sofrem as consequências dos crimes e/ou ilegalidades alheias, que causam danos graves, por vezes irreversíveis; são os seus direitos fundamentais (vida, integridade física e moral, liberdade, dignidade, propriedade) e não os dos infractores que são violados. Recentemente, em tribunal, o juiz considerou que um indivíduo que esfaqueou mais de 20 vezes uma jovem de 16 anos não tivera intenção de matar, apesar de o relatório médico dizer que a adolescente correu perigo de vida e sofreu ferimentos graves. A vítima é vítima duas vezes e o energúmeno estará em liberdade em 3 ou 4 anos. Que justiça é esta que nem bom senso revela?


* Punição do criminoso. A justiça tem de ser dissuasora. O Estado que é tão célere e castigador com quem atrasa um pagamento fiscal ou circula a 140km/h numa auto-estrada, tem de o ser muito mais com quem comete crimes graves: homicídio, pedofilia, sequestro, violação, tráfico e abuso de pessoas, especialmente menores, outros crimes que envolvam o uso de grande violência, incluindo assaltos, e tráfico de droga; também requerem especial severidade os crimes que causam danos patrimoniais graves a pessoas, organizações ou ao Estado, como corrupção, desvio de fundos, branqueamento de capitais e outras fraudes. Por severidade entende-se penas de prisão efectiva mais longas (até 40 anos, por exemplo), liberdade condicional muito menos generosa e indemnizações às vítimas e multas mais elevadas. Infelizmente, enquanto nos lugares de responsabilidade estiverem pessoas como a actual Ministra da Justiça que, enquanto as florestas ardiam e os bombeiros morriam achava que as penas para os incendiários já eram elevadas (http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/paula-teixeira-da-cruz-justica-incendiarios-tvi24/1485520-4071.html ), os criminosos continuarão a sentir-se seguros.


* Protecção das forças da lei. É incompreensível que a lei e os regulamentos policiais constranjam de forma irracional o uso de armas de fogo pelos agentes da autoridade. Mais uma vez, a sublimação dos direitos dos criminosos sobrepõe-se ao dever dos polícias de proteger os cidadãos e a eles próprios de indivíduos violentos e virulentos. A recente condenação de um guarda da GNR e a contemporização com um bandido que fugiu da prisão, roubou anos a fio, levou o filho para um assalto, tentou atropelar o guarda e fugiu da GNR, constituiu um insulto do tribunal aos Portugueses e às forças da autoridade. O sinal enviado aos polícias por este tipo de sentenças é “evitem os sarilhos, olhem para o outro lado”; a mensagem transmitida aos cidadãos é “estão entregues a vocês mesmos porque aos malfeitores (quase) tudo é permitido”.


Basta! A criminalidade grave, danosa e violenta tem de ser dissuadida, combatida e punida de forma rápida e exemplar. Não podemos viver sujeitos à impunidade dos bandidos, à impotência dos polícias, ao desvario dos juízes e à brandura da lei. A Justiça tem de ser Justa!


2 comentários:

Sérgio Lira disse...

presumo que pretendias incluir na análise os bandidos que têm populado os orgãos do Estado, feito toda a casta de barbaridades e saído impunemente com se nada fosse... há crime mais grave que lesa-Pátria? atentado mais vil que contra uma sociedade por inteiro?

Penso disse...

Embora o que vou escrever possa escandalizar alguém, não posso deixar de expressar a minha estranheza pelo facto de uma escuta que incrimina alguém ser ignorada pelo Tribunal por não ter seguido todas as regras estabelecidas. É desta forma que muitos escapam ao devido castigo, para escândalo das pessoas honestas que têm de conviver com "foras da lei", mas com possibilidades de se escapulir por entre os meandros em que a nossa justiça é fértil. Os casos do GNR condenado e de um indivíduo embriagado perdoado são exemplos flagrantes da inversão de valores que parece estar a prevalecer.