O SR. PEREIRA NO PAÍS DAS MISÉRIAS
E O COELHO DO PAÍS DAS MARAVILHAS
Álvaro Pereira era, aparentemente, uma das grandes apostas do XIX Governo.
Até ver, é um dos grandes flops.
O Senhor
Pereira é um fundamentalista das horas:
·
São as horas que o comboio leva a chegar a Madrid que o preocupam. Sobre
as reais intenções e decisões do Governo sobre o famigerado TGV pouco mais se
sabe do que umas fugas para os
jornais.
·
São as horas de encerramento do metro que era para antecipar e depois já
não era (até porque atrapalhava o plano de pôr as pessoas a trabalhar mais
horas).
·
São as meias horas extra e de borla que o Sr. Pereira quer impor aos
Portugueses, mesmo contra as reservas dos empresários.
·
São as horas/dias extra que decorrem da abolição dos dias de férias de
prémio de assiduidade.
. São as horas de trabalho extra
e gratuitas decorrentes da extinção caprichosa de feriados.
O Coelho de Alice no
País das Maravilhas (Lewis Caroll)
O Senhor Pereira no País das Misérias que ele vai ajudando a
agravar.
O Sr. Pereira
está convencido de que a competitividade é um valor que decorre apenas de
factores quantitativos: trabalhas 9h/dia em vez de 7, produzes mais. Trabalhas
Sábados, Domingos e feriados, produzes mais. Comes e dormes no local de
trabalho, produzes mais.
Os ganhos de produtividade que decorrem da superior formação, ou os
horários e cargas laborais que proporcionam melhor qualidade de vida e melhor
rendimento no trabalho não contam. Não, porque o Senhor Pereira, tal como o
coelho (não o Passos, mas o da Alice) não larga o relógio e, para ele, só o
relógio conta.
A extinção de feriados é, porventura, o golpe mais miserável do Sr.
Pereira. Alheio aos valores históricos, religiosos e culturais de Portugal e dos
Portugueses e à necessidade que, mesmo em tempo de crise, todos têm de usufruir
de momentos de lazer, o Sr. Pereira arremete contra os feriados.
O Sr. Pereira alternadamente, queixa-se de ser maltratado por ter sido
emigrante e gaba-se de ter vivido e trabalhado em Vancouver, no Canadá. Não
tenho nenhum problema com isso. Só que, ao contrário da maioria esmagadora dos
emigrantes, o Sr. Pereira fez delete de muitos dos valores tradicionais
portugueses. Se assim é, em vez de ter regressado, podia ter dado um pulinho um
pouco mais para oeste e estacionar numa região mais de acordo com as suas
ideias.
Enquanto não vai para a China, o Sr. Pereira foi despromovido, perdeu um
Secretário de Estado e começa a perder espaço político dentro e fora do
Governo.
O relógio continua a fazer tic-tac, também para o Sr. Pereira.
P.S. O episódio da demissão de Henrique Gomes, Secretário de Estado da Energia, por ver bloqueado o seu esforço para reduzir a rentabilidade excessiva do sector energético (a expensas do Estado) na produção de energia, veio confirmar o que já se sabia: esmifrar dinheiro dos cidadãos é bom e fácil. Cortar despesas, ainda mais se for à custa da EDP e quejandos é que não. Eles podem zangar-se…. Os nossos governantes são sempre corajosos e intransigentes…com os indefesos.
P.P.S. Passos Coelho foi encostado às cordas por Francisco Louçã em pleno Parlamento por causa das portagens das pontes sobre o Tejo e da Lusoponte. Quem diria: o senhor anti-pontes, espalhou-se em duas pontes. Ironia do destino…
3 comentários:
O Sr. Pereira é mais um aluno daquelas escola que forma economistas que acham que a economia se planeira a régua e esquadro nos gabinetes do ministério. Que faz meia dúzia de contas, com horas, com impostos e etc e acha que daí advém um resultado formidável.
Assim é. Mas é mais (ou menos) do que isso: acha-se um iluminado que veio do Canadá para reformar a parvónia e que se irrita por as pessoas não gostarem.
Dear Miguel
If the translation is understood correctly, it appears that the actions of Mr Pereira are the desperate swan-song of a career on the brink. This is seen a lot around Europe at the moment as the rapid fall into deeper and deeper recession create acts of misguided desperation. We await the outcome.
Elaine
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