19 novembro, 2006

Saiu o Elo Mais Forte

SAIU O ELO MAIS FORTE

Eu leio, vejo, ouço e custa-me acreditar. O PSD atirou pela janela fora a maioria que, com o CDS, detinha na Câmara Municipal de Lisboa, quando o Presidente da Câmara resolveu retirar os pelouros a Maria José Nogueira Pinto, vereadora do CDS.

Eu não vivo em Lisboa, mas Maria José Nogueira Pinto parece ser um dos melhores membros da vereação: calma, ponderada, com ideias e capacidade de realização e de pensar pela sua cabeça.

Esta decisão de Carmona Rodrigues segue-se a uma votação em que Nogueira Pinto votou contra uma proposta dele para a administração da Sociedade de Reabilitação Urbana. Realmente, parece mal. O estranho é que entre a feitura da lista e a sua ida a votação, um dos três nomes que a integrava, desapareceu. Pior é saber-se que tal terá acontecido por imposição do Presidente ou da Direcção do PSD. A ser tudo isto verdade, e os indícios são muito fortes, as leituras que se podem retirar do episódio são lamentáveis:

1- Carmona Rodrigues que tanto gostava de apregoar a sua qualidade de independente, portou-se como um qualquer amanuense do Partido.
2- Marques Mendes parece estar mais empenhado numa espécie de “limpeza étnica” interna do que em realizar uma oposição eficaz e intransigente ao governo do PS.
3- A Presidente da Distrital do PSD de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, também não fica bem na fotografia, dado que teve uma desavença pública com Maria José Nogueira Pinto, após a qual disse que o assunto seria resolvido no sítio próprio. Seria através do tribunal ou de uma vendetta?
4- A Câmara Municipal de Lisboa perdeu uma boa vereadora, porventura o elo mais forte do executivo.

Os Lisboetas têm realmente motivos para estar mesmo “satisfeitos”: entre as depurações do PSD, a guerra civil no PS e os desvarios do vereador do BE, quem saiu foi o elo mais forte. Triste sina.

 
P.S. Dias depois da publicação deste post, Carmona Rodrigues deu uma entrevista à Antena 1, parcialmente reproduzida no Jornal de Notícias de 25/11/06. Nela, registam-se contradicções, manifesta-se uma total ausência de sensibilidade política e confirma-se que Marques Mendes o pressionou a deixar cair o nome de Pedro Portugal Gaspar. Para além de tardia, fica-se com a sensação que a franqueza resulta mais da falta de jeito do que da vontade de ser transparente. Resultado: credibilidade ao fundo.

5 comentários:

Luis Cirilo disse...

O caso é bem pior do que parece.
Nunca gostei de Carmona Rodrigues por razoes várias mas uma essencial: tendo sido nº 2 de Santana Lopes,por convite do proprio,nunca poderia ser conivente na rasteira que Marques Mendes lhe pregou.
Logo ai demonstrou ser um fiel adeptos do velho principio de os fins valem todos os meios.
Mas nesta questão da C.M.L é bom que se saiba que o virtuoso independente Carmona,o tal que nao tem os vicios dos partidos,depois de convidar Pedro Portugal Gaspar ra a SRU da Baixa,viria a retirar o convite porqque P.P.Gaspar era apoiante de Luis Filipe Menezes e conselheiro nacional na sua lista.
Autores da ordem ao virtuoso independente ? Marques Mendes e Paula Teixeira da Cruz.
Um nojo !
o Psd esta a transformar-se num caso de policia.
Com epilogo mais rapido do que se pensa...

Anónimo disse...

Reflexo puro da política portuguesa...no seu pior!! Tudo muito opaco,nada objectivo, com facas longas, muito longas.... Portugal no seu melhor!!!! Um hino à classe política portuguesa!!!
Toze

freitas pereira disse...

Eu já o disse noutro 'post':- Quando pessoas que estão de acordo sobre o essencial , se combatem entre si, numa efervescência de interesses subalternos, o tempo dos pequenos interesses e dos pequenos partidos , dos clãs e dos grupos que lutam só pelo poder como um fim em si, pode levar ao cisma.
O eleitor desiludido pode voltar as costas à política e a Democracia só tem a perder com essa desilusão.

Que pode acontecer à Democracia, se nao se faz atenção, quando num grande partido, os combates de ideias tiverem cessado ?

Sobretudo quando se trata dum partido com responsabilidades de governo.

Alguns vão ser certamente muito mais críticos e não deixarão de pensar em Ronald Reagan, quando este dizia: " It has been said that politics is the second oldest profession. I have learned that is bears a striking resemblance to the first ".

Rui Miguel Ribeiro disse...

Tozé: É de facto a política portuguesa no seu pior, ou talvez não, receio que ainda haja bem pior. É claro que, como sempre, tem de se ter a prudência de não pôr toda a gente no mesmo saco. Por incrível que pareça para o comum dos Portugueses, nem todos os políticos são assim!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira: Que é que lhe posso dizer? O senhor tem 100% de razão e a citação do Ronald Reagan é "to the point".